Olha Panchenko: “Sonho com uma medalha”

Da Suécia até Espanha e depois, um bocadinho mais longe, até Portugal. Olha Panchenko esteve entre nós, falou de Portugal e do Norte Alentejano O’ Meeting, projetou o futuro imediato e falou do seu sonho: melhorar o 5º lugar da Estafeta Mista de Sprint alcançado em Veneza e chegar a uma medalha individual nos Campeonatos do Mundo.

Como é que se sente após os dois dias de competição do Norte Alentejano O’ Meeting 2015?

Olha Panchenko (O. P.) – Foi uma bela experiência. Achei a etapa de Distância Média do segundo dia mais técnica, mais interessante do que a do dia anterior. Cometi alguns pequenos erros mas, dum modo geral, estou satisfeita com as minhas prestações. Senti-me no segundo dia um pouco mais cansada, o que é natural, sobretudo depois do Campo de Treino em Espanha e do Sprint WRE em Marvão. Senti-me como se tivesse as pernas partidas. Enfim, não posso dizer que estava mais fresca nesta segunda etapa, mas gostei muito.

Qual a importância deste período de preparação?

O. P. – É um período muito importante porque permite ter uma ideia de como está a decorrer a preparação de Inverno, as questões a melhorar na minha planificação, como me sinto após um treino mais duro. Mas devo dizer que as indicações que recebi ao longo da semana me foram dizendo que estou no bom caminho, algo que os dois bons resultados alcançados demonstram. Preciso de trabalhar muito a parte física, mas também a parte técnica. São, afinal, os aspetos mais importantes na Orientação.

E a parte mental?

O. P. – Bem, não sei se posso dizer que é a parte mais importante na Orientação. Mas creio que estou bem do ponto de vista psicológico. Consigo manter-me concentrada durante toda a prova e fui capaz de perceber isso mesmo este fim de semana. Só preciso de ser mais forte do ponto de vista físico e de melhorar as minhas capacidades técnicas, que a parte mental vem por acréscimo. Tenho ainda alguns Campos de Treino e provas importantes antes dos Campeonatos do Mundo e, portanto, tenho ainda muito tempo para reforçar a necessária auto-confiança.

Falou nos Campeonatos do Mundo e acredito sinceramente que os seus grandes objetivos se centram na Escócia. Qual seria para si um bom resultado nos Mundiais?

O. P. – Não sei, veremos (risos). Sonho com uma medalha, claro, uma medalha individual. Mas ficarei muito feliz se ela for alcançada nas Estafetas. Acredito nas possibilidades da minha equipa e nas minhas próprias capacidades. Veremos…

Tem uma distância favorita?

O. P. – Prefiro as provas de Distância Média e, talvez, o Sprint. Não estou muito segura no tocante às provas de Distância Longa. Creio que não irei correr esta distância nos Campeonatos do Mundo.

E quanto à Estafeta Mista de Sprint? A Ucrânia, consigo na equipa, conseguiu um brilhante 5º lugar no ano passado…

O. P. – Foi uma experiência fantástica. Corri o primeiro percurso e foi uma sensação maravilhosa num ambiente absolutamente incrível, em Trento. E aquele 5º lugar no final… Não consigo descrever a alegria que sentimos. Melhorar este 5º lugar é, claro, outro dos grandes objetivos nos próximos Campeonatos do Mundo. Penso que aquilo que será mais importante para a equipa da Ucrânia será mantermo-nos concentrados na nossa orientação, do princípio ao fim da prova. E logo veremos o resultado.

Até aos Campeonatos do Mundo, quais os seus planos?

O. P. – Quero estar na Tiomila e na Jukola com a minha equipa sueca. São duas grandes Estafetas que eu realmente muito aprecio. E temos igualmente a Taça do Mundo na Noruega e na Suécia. Estas são as quatro competições mais importantes para mim antes dos Mundiais.

Numa situação de conflito como aquela que se vive no seu País, como é que a Orientação se está a conseguir aguentar?

O. P. – Apesar de viver na Suécia, acompanho aquilo que se passa na Ucrânia e a situação é muito complicada. É muito difícil manter o foco naquilo que se gosta. Há muita gente que continua a trabalhar de forma muito séria, persistentemente, mostrando que somos uma nação forte. Aquilo que queremos, acima de tudo, é paz para o nosso País.

Até quando vamos continuar a vê-la fazer Orientação?

O. P. – (Risos) Não faço ideia. A Orientação é a minha vida e penso que continuarei a praticá-la até aos meus últimos dias, quando for já muito, muito, muito velhinha. Todavia, como profissional, gostaria de correr ainda mais um par de anos. Talvez dentro de cinco ou seis anos tenha filhos e encare então a possibilidade de deixar a Orientação ao nível da alta competição mas, de momento, vou continuar como estou. Temos uma boa seleção nacional, temos bons resultados e queremos mostrar que somos capazes de fazer ainda mais e melhor.

Vai continuar a dar a preferência a Portugal nesta altura do ano?

O. P. – Penso que sim. Para um atleta, Portugal é o local perfeito para treinar no Inverno. E as pessoas parecem ser todas muito felizes aqui, sempre com um sorriso, sempre dispostas a ajudar. Se chegamos a um qualquer lugar e precisamos de ajuda, toda a gente vem ter connosco e procura uma solução, mesmo não sabendo falar inglês.

E quanto à nossa comida?

O. P. – Ora aí está algo realmente especial mas acerca do qual não me posso pronunciar. Nós preparamos a nossa própria comida, é importante para nós sabermos aquilo que comemos. Mas prometo que voltarei e quando for já muito, muito, muito velhinha, sem as preocupações inerentes à competição, irei provar os vossos pratos típicos.

Uma última palavra, pedindo-lhe um desejo para todos os orientistas do mundo inteiro.

O. P. – Divirtam-se a fazer Orientação. É realmente o melhor desporto que há.

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Entrevista e foto de: Joaquim Margarido

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