António Maio foi o melhor luso no Dakar em dia difícil
António Maio (Yamaha) foi ontem o melhor português na segunda parte da primeira etapa da 44.ª edição do rali Dakar de todo-o-terreno, marcada pelas dificuldades de navegação.
Texto: AGYR // AMG – Lusa
Site oficial do evento.
António Maio foi o melhor luso em dia de navegação difícil
O piloto alentejano, campeão nacional de todo-o-terreno, ganhou 15 posições na categoria reservada às motas ao subir de 30.º a 15.º após os 333 quilómetros cronometrados desta segunda parte da primeira tirada, disputada em redor de Ha’il, na Arábia Saudita.
Maio concluiu o dia na 15.ª posição, a 36.50 minutos do vencedor, que voltou a ser o australiano Daniel Sanders (GasGas).
O piloto da GasGas, uma marca do universo KTM, gastou 4:38.40 horas, deixando o chileno Pablo Quintanilla (Honda) outra vez em segundo, a 3.07 minutos.
O austríaco Mathias Walkner (KTM) foi o terceiro, a 11.06 minutos do vencedor do dia.
“A etapa de hoje foi só areia. Só fora de pista. Não era um percurso ao meu jeito, com muita bossa de camelo, nada de dunas grandes.
Aquela areia mole, chata, com aquelas ervinhas. O início foi tranquilo, mas ao quilómetro oito havia uma vala de perigo 2.
Saltei, mas o impacto foi um pouco mais forte e abriu-se o airbag. Ele acabou por esvaziar, mas tive de ir com mais cautela e fiquei um pouco desorientado”, começou por descrever António Maio.
Terceira participação de António Maio no Dakar2022
Ainda antes da neutralização, onde pôde trocar o airbag, o português perdeu “muito tempo numa trialeira com pedras e areia”.
“Foi complicado, a moto enterrava-se e eu já não sabia o que fazer. Ter perna curta é o que dá.
Na parte final, já consegui meter um ritmo em que me sentia confortável, já estava também mais habituado ao tipo de terreno”, disse Maio, que participa pela terceira vez na prova.
O dia ficou marcado pelos problemas de navegação que afetaram muitos dos favoritos, mas que não atrapalharam o capitão da GNR.
“A navegação correu bem, foi tranquila, não tive grandes stresses, mas a corrida está mais exigente este ano relativamente aos anteriores, o que pode ser bom para mim.
A mota esta impecável e o Bruno [mecânico] continua a tratar bem dela e agora vou preparar as coisas para a etapa maratona de amanhã [segunda-feira]”, relatou, citado pela sua assessoria de imprensa.
Mais participações portuguesas nas motas
O barcelense Joaquim Rodrigues Jr. (Hero) foi um dos pilotos que se atrasou, assim como o espanhol Joan Barreda (Honda), que perdeu 41 minutos, ou o australiano Toby Price (KTM), que cedeu 47 minutos.
Quim Rodrigues Jr., que partiu do quinto lugar para a etapa, foi um dos que sentiu dificuldades em encontrar um ‘waypoint’ de passagem obrigatória.
“Comecei bem, mas eu e três ou quatro outros pilotos que lideravam a etapa perdemo-nos perto do quilómetro 165 e não encontrámos o caminho. Os mais atrasados apanharam-nos aí, mas eu perdi quase uma hora para encontrar o waypoint e chegar ao fim. De qualquer forma, é apenas o primeiro dia e ainda faltam mais 11 para tentar chegar ao topo”, frisou o piloto da Hero, que chegou a 56.34 minutos do vencedor.
Problemas sofreu também Rui Gonçalves (Sherco), que viu a mota parar ao quilómetro 88 devido a uma falha mecânica.
“Depois de desmontar a mota três vezes, encontrei o problema, mas perdi 1:30 horas”, contou o piloto de Vidago, que chegou a 2:15.25 horas do vencedor, na 70.ª posição, quatro lugares atrás de Alexandre Azinhais (KTM).
Pedro Bianchi Prata (Honda) foi 81.º, Paulo Oliveira (KTM) 90.º, Arcélio Couto (Honda) 91.º e Mário Patrão (KTM), que sofreu com os problemas de navegação, foi 97.º.
Nota ainda para o 13.º lugar do estreante italiano Danilo Petrucci (KTM), antigo piloto de MotoGP.
Prestações portuguesas nos automóveis
Nos automóveis, o qatari Nasser Al-Attiyah (Toyota) voltou a dominar, tendo conseguido encontrar o percurso sem dificuldades, levando na sua roda o francês Sébastien Loeb (BRX), num dia negro para a Audi.
O gaulês Stéphane Peterhansel (Audi) sofreu um acidente e perdeu algum tempo a reparar a traseira do carro elétrico, concluindo a etapa na 62.ª posição, com uma penalização de 16 horas.
Al-Attiyah precisou de apenas 3:30.53 horas, deixando Loeb a 12.44 minutos e o checo Martin Prokop (Ford) em terceiro, a 22.39 minutos.
O português Miguel Barbosa (Toyota) foi 49.º, a 2:28.59 horas, com 15 minutos de penalização, depois de ter sido o último a arrancar.
“Nas zonas mais complicadas, os concorrentes que se aglomeravam impediam-nos de tentar qualquer tipo de ultrapassagem e não nos restava outra solução senão esperar que eles conseguissem sair dali.
Infelizmente, no passado dia 31, perdemos o nosso estatuto de prioritário FIA que nos teria permitido partir de uma posição mais condizente com o nosso andamento”, explicou.
O piloto de Lisboa concluiu imediatamente a seguir ao espanhol Carlos Sainz (Audi), que também sofreu 15 minutos de penalização devido aos problemas de navegação.
“Ou somos todos tontos ou alguma coisa está mal”, protestou o madrileno, no final.
Nos SSV, Luís Portela de Morais (Can-Am) foi nono classificado, a 44.26 minutos do vencedor, o polaco Aaron Domzala (Can-Am).
Na mesma categoria, Rui Oliveira (Can-Am) foi 20.º.
Nos veículos ligeiros, Mário Franco (Yamaha) foi 13.º.
Hoje começa a primeira parte da etapa maratona
Hoje segunda-feira, o pelotão deveria enfrentar a primeira parte da etapa maratona, em que os pilotos não teriam ajuda da assistência, mas teve de ser cancelada e o acampamento alterado de Al Artawiyah para Al Qaisumah devido ao mau tempo e às chuvas intensas que deixaram o local previsto sem condições para receber a caravana do Dakar.
Os concorrentes vão ter pela frente o percurso cronometrado de 338 quilómetros que estava previsto para esta segunda etapa, mas com uma alteração no percurso de ligação.