Arsénio Santos escolher entre continuar ou desistir

Arsénio Santos foi o primeiro participante as 100 Milhas do One Hundred Douro FKT, que teve de desistir por lesão, quando se ia bem lançado para ser o primeiro recordista.
Infelizmente a lesão obrigou-o a uma escolha, desistiu em prol da sua saúde, da sua recuperação, mas ficou a vontade de voltar.
E estivemos há conversa com o Arsénio Santos, conhecê-lo e perceber o que se passou para não concretizar esta aventura.
“Arsénio Santos iniciou-se no desporto através das corridas de orientação, passando, depois, para as corridas de aventura, onde ficou a conhecer o trail.
Nos trails curtos ganha o gosto pela modalidade e de prova para prova foi elevando a fasquia passando assim para provas acima dos 100km.
A maior distância percorrida foi na prova ALUT-Algarviana Ultra Trail.
Mas a prova que mais o marcou foi EstrelAçor por causa da distância que nunca tinha corrido até então, da dificuldade técnica e do desnível acumulado.”

Arsénio Santos que te levou a participares neste evento?
Eu tive conhecimento da prova através das redes sociais e juntei o facto de, por coincidência, ir de férias até Trás-os-Montes.
Para além disso, conhecia muito bem o percurso, pois cresci na aldeia de Vilarinho de Cotas, perto do Pinhão, concelho de Alijó, e podia contar com a família para apoiar-me durante o percurso.

Efetuaste alguma preparação especial?
Infelizmente, não o fiz.
Apesar de estar convicto de que seria um bom desafio para mim, a data foi escolhida na terça-feira dia 18 e o desafio foi no domingo dia 23.
Andava, antes do desafio, a treinar para outras provas de trail a realizar ainda este ano.

Arsénio como traçaste os teus objetivos para superares a marca do João Andrade?
Os meus objetivos para superar a marca do João era manter um ritmo sempre acima do “fantasma” dele, alimentar-me constantemente e cuidar da hidratação.

Como decorreu a tua prova, qual a tua maior dificuldade no seu decorrer, conseguiste apreciar o percurso ?
Apesar de ter alguma experiência em ultramaratonas e nesta distância, a maior dificuldade foi perceber se estava a fazer um bom balanço entre a nutrição e o esforço.
Passados uns quilómetros essa dúvida dissipou-se porque a “crew” estava sempre ao nosso lado, incomum nas provas de trail onde temos de gerir a nutrição de outra maneira.
Eu, felizmente, conheço o percurso: é o local mais lindo do mundo e, seja de dia ou de noite, consegue-se sempre apreciar.

O que sentiste quando tiveste de desistir Arsénio?
Foi a primeira vez que desisti numa prova.
Ao km 90 vinha com um bom ritmo, abaixo dos 5:30.
Comecei a sentir dores fortes no pé direito, na zona do tendão de Aquiles.
Ainda forcei por mais 17km, mas percebi que se continuasse a lesão ficaria pior.
Fiz uma escolha inteligente. Sacrificar-me e aumentar a lesão e andar condicionado por muito tempo para recuperar dela ou mesmo arranjar algo permanente.
Tinha duas escolhas:
Continuar a forçar e aumentar a lesão, aumentar o tempo de recuperação ou mesmo poder arranjar uma lesão permanente;
A outra escolha seria parar de imediato, ter uma recuperação rápida e ficar pronto o mais rápido possível para os próximos desafios.
Então, sentei-me à berma e decidi que parar seria a escolha mais sensata.
Custou imenso ter de abandonar o desafio, mas felizmente estou recuperado do tendão de Aquiles e já estou a treinar normalmente.

Preferes correr contra ti mesmo ou contra outros corredores?
Eu gosto de dizer que corro sempre contra mim.
Se eu planeio uma prova para acabar a um certo ritmo tento bater esse tempo.
Mesmo que não fique bem classificado e o tempo for cumprido, o objetivo é concluído com sucesso.

Em termos psicológicos, como analisas um FKT e uma prova?
Acho que numa prova essa gestão é mais fácil porque corremos lado a lado com os outros atletas e na meta já sabemos quanto tempo fizemos e a classificação.
Num FKT, temos de estar na expectativa se o próximo atleta consegue ou não superar a marca.

Qual o teu próximo objectivo?
Além de estar atento aos desafios do João Andrade, estou a trabalhar para, no final de junho do próximo ano, executar o meu projeto AGIR360 – Azores Great Islands Run 360, que consiste em dar a volta às 9 ilhas do arquipélago dos Açores em 9 dias consecutivos.
Até lá, estou a pensar fazer o Azores Bravos Trail 55, o EstrelAçor 180 e as 24h Mem Martins.

One Hundred Douro FKT a aventura das 100 Milhas
Doze atletas foram os atletas que se desafiaram a superar este evento:
Arsénio Santos, Pedro Leonel , Carla André, Bruno Ferreira, Nuno Rocha, João Oliveira, Hélio Costa, André Cunha, Francisco Monte, André Pereira, já participaram.
Arsénio Santos, não concluiu a sua prova por lesão.
Pedro Leonel superou a marca de João Andrade e foi recordista masculino.
Carla André, superou a marca do Pedro Leonel e é o recorde feminino e foi da prova, até ser superada por Nuno Rocha.
Bruno Ferreira não chegou a participar por ter contraído uma lesão, e por não ter recuperado não irá participar nesta edição.
Nuno Rocha – 12/09 terminou a sua prova com novo recorde masculino e da prova, 16h 40m 00s.
João Oliveira – 12/09 foi o segundo participante superando o recorde de Cala André, terminando com o tempo de 18h 08 m 30s.
Hélio Costa – 12/09 terminou com o tempo de 20h 49m 51s, foi o terceiro participante superando também o recorde de Carla André.
André Cunha terminou com 19h38m30s, referindo há nossa equipa de reportagem “Exausto mas satisfeito.
Francisco Monte – 18/09 terminou com 20h14m42s, declarando “Foi uma aventura absolutamente incrível, e senti-me verdadeiramente em prova, mesmo não havendo provas nesta altura.”
André Pereira – 19/09 terminou com 19h30m00s
Hugo Gonçalves e Miguel Ângelo são os dois últimos participantes, iniciaram a competição ontem ao fim da tarde.

Miguel Ângelo desistiu “Obrigado pelo vosso apoio infelizmente até me estava a correr, lesionei-me numa unha.
Por isso decidi e não foi de ânimo leve dar por terminada a minha aventura.
Obrigado a todos vocês por acreditarem estamos juntos”
Visualize as suas declarações após a desistência.
Hugo Gonçalves a caminho do Recorde

Hugo Gonçalves – 21/09 um atleta que gosta de Ultras, de se superar, está atualmente a cerca de 12 km da meta, acabou de passar os 148 km com o tempo de 14h02m22s.
André Rodrigues, Joel Pinto, Daniel Pereira, Toninho Maia, Nisio Ferreira, Alexandre Pinto e Bruno Coelho constituem a equipa de apoio de luxo, excelentes atletas, que o têm acompanhado e motivado para a sua superação.
Dispõe de todas as condições para superar o recorde de Nuno Rocha e ser ele o vencedor da primeira edição.
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Texto: Henrique Dias – OPraticante.pt
Fotos cedidas pelo atleta