Francisco Monte, de sedentário a Ultra Maratonista
Francisco Monte, sempre foi um miúdo muito ativo, praticou várias atividades e teve a sua diversidade de desportos.
Francisco Monte será um dos dois atletas que amanhã entrarão em competição para superar a marca de Nuno Rocha no One Hundred Douro FKT.
O outro será André Cunha que amanhã publicaremos a entrevista que lhe efectuámos.
Francisco Monte apresenta-se
Em 1996, tinha eu 16 anos, entrei para o Independente Futebol Clube Torrense, situado na Torre da Marinha, uma localidade na margem Sul do Tejo, onde comecei a praticar atletismo.
A primeira prova que fiz foi a corrida do Avante com uns ténis AllStar, que não tinham amortecimento algum.
Fiquei de rastos, mas gostei da sensação. O clube financiou uns Rebook com bastante amortecimento e comecei a correr a sério.
Fiz alguns pódios e adorava a sensação do coração a bater, de transpirar e de não ter que pensar em absolutamente mais nada enquanto corria.
Entretanto cresci, fiz o meu curso superior e comecei a trabalhar.
Coloquei o desporto completamente de parte
Ganhei 20 Kilos e, a certa altura, comecei a notar que tinha dificuldade em me baixar para apertar os sapatos e a roupa já não me servia.
Decidi que tinha que fazer alguma coisa e num dia de Verão, em 2007, pego numa bicicleta de montanha que tinha e fiz 60km.
A meio do percurso estava completamente desgastado, cheguei a casa de rastos.
Recordo-me até de ter comido qualquer coisa que veio imediatamente fora.
Os últimos kms dessa volta foram penosos, mas eu estava há demasiado tempo “confortável” no meu carro, na cadeira do meu escritório, a subir elevadores em vez de escadas, e por aí fora.
Era sedentário, mas estava sedento de atividade física….
Era sedentário, mas estava subitamente sedento de atividade física.
Foi aí que recomecei a correr. O primeiro treino que fiz foi na marginal do Seixal. Fiz 1km seguido e parei. Não aguentava mais!
Aos poucos fui fazendo mais e mais, até que fiz 10km. Depois fiz a meia-maratona e finalmente fiz a prova rainha, a Maratona.
As Ultras surgiram naturalmente como o passo seguinte.
Nesta altura havia um fórum da Associação O Mundo da Corrida através do qual conheci pessoas de quem ainda hoje sou grande amigo.
Construi boas relações de amizade e conheci as ultra-maratonas.
A minha prova de eleição é…
A minha prova de eleição é a Ultra Maratona Caminhos do Tejo. É uma ultra com 145km, que liga Lisboa a Fátima pelos caminhos oficiais de Fátima.
Disputa-se em Junho, normalmente com temperaturas de 30 e muitos graus e na zona de Santarém chega facilmente aos 40.
É uma prova dura, mas com uma diversidade paisagística muito grande.
Passa muito próximo da localidade da minha Mulher (Pernes) e tenho sempre, seja em que ocasião for, toda a minha família a acompanhar a prova e a dar-me força.
Por isso, esta prova é tão especial para mim.
Houve um ano em que a minha sogra andava de muletas e, mesmo assim, fez questão de me acompanhar de carro durante quase metade do percurso. Há sogra melhor? 😊
Francisco Monte que te levou a participares neste evento?
Os constrangimentos que a pandemia causou na realização de provas de atletismo levou muitos atletas a procurar novas formas de se desafiarem.
Uns passaram da estrada para os trilhos. Outros fizeram a sua primeira ultra distância.
Outros, um pouco por todo o mundo, desafiaram-se correndo trilhos já conhecidos e tentando bater anteriores marcas de outros atletas (a plataforma Fastest Know Time disponibiliza rotas que podem ser disputadas em qualquer ocasião).
Para Francisco Monte “Tudo é Treino” e “A vida são dois dias”
Com o mote de que “Tudo é Treino” e de que “A vida são dois dias”, achei que a oportunidade da OneHundred estava ali, a uma distância muito curta.
Era só aceitar pôr-me ao caminho para tentar terminar este percurso e, de preferência, com um bom tempo.
Tens efectuado alguma preparação especial tendo em conta a distância?
Eu gosto de correr. Nesta altura de pandemia tenho corrido um pouco de forma despreocupada, o que significa que corro quando me apetece e o tempo que me apetece, sem um plano muito estruturado.
O que acontece normalmente é que me apetece todos os dias e muito tempo seguido, por isso é normal fazer treinos de 20km ainda antes de ir trabalhar, mas sempre sem grande especificidade: uns dias são trilhos, outros são estrada, uns dias plano outros com altimetria.
Uns dias é corrida continua e noutros faço séries. Tem alguma estrutura, mas acima de tudo tento criar diversidade.
A única preocupação e estrutura que tenho é na prevenção de lesões, através do reforço muscular que faço todos os dias.
O último “treino” longo que fiz foi no início de Agosto, em que percorri os 94km que ligam a minha casa à casa dos meus sogros.
Foi um treino de 10h, que me deu uma alegria imensa. A ideia de atravessar distâncias enormes apenas recorrendo ao nosso corpo é incrível.
Como traçaste os teus objetivos para superares a marca do Nuno Rocha?
Primeiro que tudo irei ter uma atenção redobrada com o calor. O calor extremo obriga o corpo a transpirar como medida de arrefecimento através da pele.
Este fenómeno faz com que parte do sangue bombeado pelo coração não chegue aos músculos, sendo encaminhado para este processo de sudação.
O resultado é que o coração precisará de bater mais depressa de modo a suprir as necessidades dos músculos em esforço.
Logo, para um mesmo ritmo de corrida, o esforço vai ser superior.
Um esforço superior traduz-se em maior desgaste das estruturas musculares, que ao atingirem uma condição de fadiga extrema se começam a suportar nas estruturas adjacentes (tendões e ligamentos), e é ai que começam a aparecer as tendinites e outras condições que podem levar-nos a ter que dar por concluída a nossa aventura.
Por isso, a hidratação e a nutrição são fundamentais. No fundo, o meu objetivo para este desafio é o de comer e beber mais do que o Nuno Rocha 😊 . Pode ser que assim consiga bater a sua marca.
One Hundred Douro FKT a aventura de 100 Milhas
Até ao momento sete atletas eram para participar Arsénio Santos, Pedro Leonel e Carla André, Bruno Ferreira, Nuno Rocha, João Oliveira e Hélio Costa.
Mas dos sete, só seis participaram com sortes distintas, carregue sobre os nomes e visualize os artigos.
Mas pela primeira vez hoje estiveram três concorrentes em competição Nuno Rocha, João Oliveira e Hélio Costa.
Retrospectiva dos participantes
Arsénio Santos, não concluiu a sua prova por lesão.
Pedro Leonel superou a marca de João Andrade e é recordista masculino.
Carla André, superou a marca do Pedro Leonel e é o recorde feminino e da prova.
Bruno Ferreira não chegou a participar por ter contraído uma lesão.
Recorde do One Hundred Douro FKT arrasado pelo Nuno Rocha
Nuno Rocha – 12/09 terminou a sua prova com novo recorde masculino e da prova, 16h 40m 00s.
Os participantes que se seguem já confirmados
Francisco Monte – 18/09
André Cunha – 18/09
Hugo Gonçalves – 21/09
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Texto: Henrique Dias – OPraticante.pt
Fotos cedidas pelo atleta