Lamento num evento de O Berdadeiro Orientista

Lamento

Apesar de já ter decorrido cerca de uma década, desde que “O Berdadeiro Orientista” me vinculei ao glorioso Grupo Desportivo dos Quatro Caminhos (GD4C prós amigos), não consigo ultrapassar a nostalgia dos tempos, em que também eu era um dos afortunados participantes de provas de orientação, organizadas superiormente por este emblema.

 

 

Na época, ainda uma “espécie de orientista”, tão depressa desfrutava de espectaculares mapas no Norte Alentejano, como deambulava vertiginosamente por parques e cidades, em percursos desafiantes, como os da “inbicta” e arredores. Quem não se lembra da maravilhosa incursão pelos Jardins de Serralves ou da louca jornada de Matosinhos, que congregou quatro sprintes num só dia? Até me vêm as lágrimas aos olhos…

-“A do vertiginoso tem piada. Estás um ficcionista de se lhe tirar o chapéu. Só vou deixar passar, porque encaixa bem no texto e também ninguém acredita”. – Já cá faltava o empecilho da “vozinha”.

Lamento sobre o Porto City Race

Na verdade, nunca o “berdadeiro” teve o privilégio de poder competir, numa das sete edições do Porto City Race.

Lamento profundamente a incompatibilidade criada, pelo mero facto de ter sido recrutado para a estrutura organizativa do clube. Se eu decidisse alguma coisa (o que felizmente não acontece), seria facultado ao “berdadeiro” um “wild card” vitalício, no mínimo para as provas urbanas aqui do burgo nortenho.

 

Este ano, novamente foi-me vedada tal pretensão. O máximo a que pude aspirar foi à permissão de analisar os percursos, de modo a estar apto para prestar algum auxílio logístico ou técnico, nomeadamente aos concorrentes que debutavam nestas lides.

–“Coitados…que sorte a deles…entregues nas mãos do berdadeiro”. De momento vou relevar as inconveniências da “vozinha”, porque se calhar tem um niquinho de razão.

Claro, que no decurso desta tarefa de manuseamento de mapas, não resisti a dar uma espreitadela aos percursos dos meus parceiros de escalão.

Se o traçado do Palácio de Cristal e Caminhos do Romântico me fez perder a respiração, ao constatar a sua exigência técnica, o do Porto City Race, por um triz não me provocou um colapso físico, apenas por simular as opções, que obrigavam a uma desgastante transposição de inúmeras curvas de nível.

 

Da Trindade à Ribeira e volta, com paragem nos socalcos do Jardim do Horto das Virtudes? Uff! Viagenzinha marada, hem?

“Eh pá, do que me safei”

Não interpretem estes comentários como um – “eh pá, do que me safei” – bem pelo contrário, leiam antes um – “grr! que inveja não poder estar lá”.

Efectivamente, tanto um mapa como outro não se revelavam nenhuma pêra doce, mas dispor da oportunidade de responder assertivamente àqueles desafios, deixa qualquer um em êxtase e com o ego mais inchado que o insuflável das chegadas.

– “Pressupondo que tudo correria dentro da normalidade, o que para ti não é propriamente uma certeza”. Ok! Reconheço uma vez mais, a lucidez demonstrada pela exasperante “vozinha”.

 

Ainda tentei colmatar o vazio, que me invade nestas circunstâncias, trocando com um ou outro atleta, opiniões quanto às opções tomadas, auscultando igualmente as suas reacções ao traçado dos percursos, verificando que a generalidade concedia nota elevada à organização.

Como devem calcular, toda esta realidade não veio melhorar em nada o estado de espírito do “berdadeiro”, aumentando a mágoa por não ser possível a sua participação desportiva.

O meu incontido lamento

Não obstante, enquanto organizador, poder sentir o real pulsar do evento em quase todas as suas componentes, a verdade é que as sensações de um atleta, que sua as estopinhas para alcançar o seu objectivo, são diametralmente diferentes. E é aqui neste simples, mas não despiciendo, pormenor de transpiração técnica (ou de falta dela), que assenta o meu incontido lamento.

É doloroso perceber, que por mais esforço organizativo a que esteja sujeito, nunca conseguirei almejar à transpiração dos protagonistas da festa proporcionada pelo GD4C.

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Texto: Luís Pereira – O Berdadeiro Orientista!!!
Fotos: Armando Vieira

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