MIGUEL ARSÉNIO “MORRI DURANTE A PARAGEM”

Miguel Arsénio

Miguel Arsénio - Foto: João M Faria

A 15.ª edição do Madeira Island Ultra-Trail prosseguia pela madrugada com grandes momentos de trail running e destaque para ‘duelo’ entre Ben Dhiman e Miguel Arsénio.

Quando aconteceu o que Miguel Arsénio, nunca pensou…

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“Não desisti por isto ou por qualquer dor” Miguel Arsénio

E aqui fica a descrição de Miguel Arsénio sobre a sua prestação no MIUT “Correu-se uma das provas mais duras do panorama mundial, MIUT 115!

São 115kms com 7200d+, onde aos 78 quilómetros, no Pico do Areeiro, os atletas têm o simpático número de 6700d+ ( até onde fui ).

Se a prova em si já é dura, imagine-se então, que choveu a noite toda, com temperaturas a tocar os 0 nos pontos mais altos.

Um bom arranque, muito controlado, onde seguíamos um bom grupo de atletas até à entrada da subida para Estanquinhos.

Ben Dhiman

Mas ainda antes de chegar ao Fanal tenho um choque com a lateral da perna esquerda que me cria um hematoma/edema, e que me está a afetar a postura de corrida, e que me doi imenso, especialmente a subir.

Tranquilo, a dor é suportável e vou pedindo a Beatriz que me massaje com uma pomada, para disfarçar a dor.

Não desisti por isto ou por qualquer dor, estou bem no que toca ao meu corpo.

Bem Dhiman
Bem Dhiman o vencedor da edição 2024 do MIUT

Ben foi o vencedor num tempo acima daquilo que tínhamos “no papel”

Bem, subida Estanquinhos, a corrida começa a partir-se, e no final da subida, aos 33 kms fiquei sozinho com o Ben.

O Ben acabaria por ser o vencedor da corrida, num tempo acima daquilo que tínhamos “no papel”.

Rodamos sempre juntos, ora liderava o Ben, ora liderava eu, com as forças muito equilibradas.

Ele rola melhor, e eu vou descendo melhor.

Na descida para o Curral, forço o ritmo, e acabo por ganhar cerca de 2:30 minutos.

Ben Dhiman
Foto: João M Faria

Não porque o quero atacar, mas sim porque pretendo ganhar algum tempo para comer descansado, e poder sair próximo dele caso não pare no abastecimento, que acabou por acontecer.

Foi durante esta paragem, que morri.

O meu corpo arrefeceu, e sinto frio quando saí do abastecimento.

A única explicação que me parece lógica, é que tive um bloqueio a nível muscular devido a esta paragem, e não consegui render mais.

Hidratei me, suplementei bem, comi super bem durante o tempo que estive parado, então porque desligou o corpo?

Só consigo atribuir isso ao frio e a chuva. Não tive cãibras, não tive sensação de ficar vazio, apenas deixei de conseguir correr, fiquei sem pernas.

Não é normal o que se passou, então, em 10 minutos deixei de render!? Se continuei a fazer tudo igual…!?

Miguel Arsénio

Quero acreditar que Transgrancanaria foi algo idêntico também. Porque foi depois da paragem maior, que me lesionei.

Aceito isto como uma aprendizagem, e espero não passar pelo mesmo erro de novo.

As coisas teimam em não sair este 2024, mas quando saírem, vão sair em grande…

Uma palavra de respeito para todo o público ao longo do percurso, é uma loucura. Que ambiente!!!!

Hei-de voltar, seguro disso.

Parabéns a todos os que cá estão, e que vão conseguir virar este percurso dos diabos.

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