O trail em Penacova com bom ar contra a pandemia

Foto: Susana Luzir
O trail de volta pela mão de Carlos Sá Nature Events, que com o apoio e colaboração da Câmara Municipal de Penacova, organizou a 4ª edição do Penacova Trail do Centro.
OPraticante.pt teve o privilégio de ser média partner do evento.
No dia 10 de outubro tivemos o Trail Longo 31 km, prova de disputa do Campeonato de Trail da ATRP. Já no dia 11 de Outubro decorreu o Trail Ultra 43 km e o Trail Curto 17km.

O Trail, regresso com muitas adaptações
Infelizmente o contexto atual obrigou a muitas adaptações para que o regresso do Trail fosse possível, levando mesmo ao adiamento do evento inicialmente previsto para dia 20 de Setembro.
A máscara passou a fazer parte do nosso equipamento e a organização fez questão de oferecer uma a cada atleta.
Muito útil! O seu uso foi obrigatório em todo o recinto, nos primeiros 400m e durante a permanência nos locais de abastecimento.

Aquele aglomerado enorme de pessoas na partida não existiu.
A partida deu-se de forma faseada, segundo os horários antecipadamente divulgados pela organização.
O critério para a definição e ordem dos grupos foi a confirmação / pagamento da inscrição.
Após levantamento do dorsal, de acordo com o horário de partida, cada atleta teve que identificar a sua “box” de partida.
Essa identificação gerou algumas dúvidas.
Foi um procedimento novo que não estamos habituados, mas que deverá passar a “normal” em eventos similares.
Coração bateu forte em Penacova
Penso que ninguém ficou indiferente a este regresso.
A expectativa e a incerteza da concretização do evento eram grandes.
Era importante a acompanhar a evolução da pandemia em Penacova e as comunicações da organização.

Com o chegar do dia e a certeza da sua concretização, o coração bateu forte, a ansiedade disparou!
Por muitos treinos e provas / desafios virtuais que, um pouco por todo o país, foram e estão a ser realizados, aquela emoção de calçar as sapatilhas, de ajustar tudo na perfeição, só se vive verdadeiramente em dia de prova.
Tantos meses sem sentir isso, as saudades eram enormes!
43 km cheios de bom ar
Algum aquecimento, contagem decrescente e siga!
Começamos a correr ainda de noite. O nascer do dia em Outubro não é à mesma hora do nascer do dia em Setembro!
Foi por pouco tempo e alguns atletas com frontal ajudaram a iluminar o trilho.
Nesta fase inicial houve alguma concentração de atletas, pois rapidamente o percurso passou a single track o que dificultou as ultrapassagens.
Talvez 2 ou 3 km iniciais de estrada e/ou caminho teriam sido benéficos!

Os primeiros 6 km foram comuns aos percursos de trail 2 e 3 do Centro de Trail de Penacova.
Passamos por miradouros, muito peculiares, com vistas deslumbrantes sobre o rio Mondego.
Após o miradouro Penedo do Castro as fitas, reutilizáveis, coincidiram com o percurso 3 até ao Mosteiro do Lorvão.

Pelo meio tivemos a ascensão aos Moinhos de Gavinhos. E que ascensão!
É uma zona do percurso para escalar, para dar uso aos membros superiores!
Vencido o desnível, tivemos direito a um caloroso público que não parava de dar apoio aos atletas!
Chegados a Lorvão, outra zona onde o público marcou forte presença, seguimos, a subir (e muito!), em direção aos Moinhos da Aveleira.

Penacova é de facto uma zona com muita tradição em volta dos moinhos.
E podemos confirmar que vento não falta! Umas velas de pano colocadas e teria sido a cereja no topo do bolo!

O gráfico mostrava que iriamos ter o maior desnível negativo pela frente. E assim foi!
Sempre a descer até às margens do rio Mondego. O gráfico também mostrava que a seguir teríamos a parte mais plana da prova, a mais fácil.
Mas assim não foi! Foi uma zona “terrível” para as pernas. Uma zona muito técnica, com muitas pedras.
Cerca do km 25, e este marco estaria na cabeça da maioria dos atletas, subimos novamente a Aveleira, ponto de maior altitude da prova, passando pela localidade de Roxo. Nesta altura, já tínhamos superado 2000m de desnível positivo!

A descida até Lorvão era realizada pelo mesmo trilho que momentos antes tínhamos subido.
Excluindo as fases iniciais e finais do percurso que por vezes coincide, foi uma experiência nova num Trail.
Ao início até gerou a dúvida se era mesmo “por ali”, e ao mesmo tempo alguma preocupação se estaria alguém ainda a fazer a subida.
Correu tudo bem! Excelente desenho do percurso pois deu tempo para todos os atletas fazerem a subida antes dos primeiros atletas começarem a descer!

A partir de Lorvão, já na companhia de atletas dos 17km, seguimos novamente pelo percurso 3 até à fonte histórica.
Nesta parte percorremos um bonito single track a acompanhar um curso de água.
Ao km 40 entramos na aldeia de Chelo, um pouco a subir, mas já se começava a sentir a proximidade do fim.
Pouco depois o Rio Mondego apareceu, os olhos brilharam e as dores (quase) desapareceram! A meta era já ali!

Tipologia do Percurso, Abastecimentos e Organização
O percurso era, na sua maioria, composto por “single tracks”, com trilhos muito técnicos e desníveis consideráveis.
Os abastecimentos obrigavam a uma correta gestão. Por um lado, o facto de não ter (e bem) sólidos, quando temos pela frente horas e horas nos trilhos.
E por outro a localização dos mesmos. O primeiro e segundo abastecimento estavam muito próximos do início da prova.
Com as atuais temperaturas, talvez um teria sido suficiente, localizado por exemplo nos Fornos de Cal, ao km 8.
Já parar para abastecer em Caneiro era essencial, pois até ao quinto abastecimento, em Lorvão, tínhamos pela frente uns longos e duros 13 km!

Estamos gratos pela oportunidade dada para “matarmos” saudades dos trilhos e queremos enaltecer a responsabilidade demostrada por todos os envolvidos no evento.
Parabéns à organização por todos os esforços em levar o evento a bom porto.
Votos por um futuro em que seja possível mais eventos desta qualidade.
Muita saúde e coragem para todos!
Desfrute do vídeo sobre o Penacova Trail do Centro.
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Texto: João Miguel Garrido e Pedro Garrido
Fotos: Susana Luzir