Rui Costa: “Quem nunca venceu tem de procurar a vitória”

O atual campeão mundial de fundo, Rui Costa, não sente a pressão de ter de revalidar o título, no próximo domingo, em Ponferrada, Espanha. “Já sei o que é ganhar um mundial. Aqueles que nunca venceram é que têm de ir à procura da vitória”, afirmou hoje, em conferência de imprensa.
O corredor português tem a sensação do dever cumprido, esperando agora pelo desenrolar da corrida para perceber como irá reagir ao esforço e às táticas adversárias. “Trabalhei muito, fiz tudo corretamente para chegar bem ao Mundial, mais isto não é um mais um. É necessário deixar passar as voltas e ir percebendo as táticas dos outros países”, diz Rui Costa.
O poveiro entende que as seleções de Espanha e de Itália são as principais favoritas, colocando numa primeira linha de candidatos corredores como Alejandro Valverde, Joaquín Rodríguez, Fabio Aru e Vincenzo Nibali. No entanto, se a prova não for suficientemente endurecida, poderá chegar à meta um grupo mais numeroso, com ciclistas que, nesse caso, serão os principais candidatos. “Atenção ao Philippe Gilbert, ao Peter Sagan e ao Fabian Cancellara. São corredores que podem agarrar-se bem nas subidas, são muito explosivos e não será fácil batê-los”, considera.
Rui Costa está confiante na qualidade dos cinco companheiros que o escudarão nas ruas de Ponferrada. “Temos uma seleção muito boa. São os corredores ideais, todos eles com muita experiência, já sabem o que é correr provas com esta extensão”, avalia o chefe de fila luso. “Quando representamos a seleção, levamos o país ao peito e queremos honrá-lo. Por isso vou dar o meu melhor no domingo”, promete o corredor.
O selecionador nacional, José Poeira, também não concorda que Portugal esteja sob pressão na prova do próximo domingo. “Não temos de ter toda a responsabilidade. Há outros países que lutam sempre pelo título e há muito que têm o amargo de boca de não o conseguirem”, declara o técnico. Além disso, José Poeira refere que “há equipas muito fortes que têm nove corredores e nós temos apenas seis”.
A inferioridade numéria não significa, contudo, menos qualidade. “Temos uma equipa experiente e com capacidade para resolver situações de corrida que possam surgir. Para nós, como para outras seleções, seria bom que a corrida fosse endurecida. Se for necessário, temos corredores capazes de dar uma ajuda nesse sentido. Já o fazem nas melhores corridas do mundo, nas respetivas equipas, e, certamente, poderão fazê-lo com mais motivação por estarem a representar o país”, frisa José Poeira.
Rui Costa e José Poeira acreditam que o facto de toda a prova de domingo se desenrolar em circuito acabará por torná-la muito dura. “Quando foi apresentado o circuito, houve quem dissesse que não era muito difícil. Se se fizesse apenas uma volta, não seria um circuito muito duro, mas passando lá 14 vezes será certamente muito duro”, indica José Poeira.
Questionado pelos jornalistas se teria um plano B, José Poeira foi claro ao reafirmar a confiança absoluta em Rui Costa: “Teremos uma aposta fixa, assente numa estratégia. Muitos países fazem apostas múltiplas e depois nenhuma resulta”, lembra o selecionador nacional.
Imagem: Federação Portuguesa de Ciclismo