Senhora do Salto, fui à Senhora do Salto sem dormir!

Senhora do Salto

Foto: Foto Vilas

O Trail da Senhora do Salto é organizado pela equipa de Trail da Sra do Salto, Jornal FM e BTTombos. O Trail da Srª do Salto teve início às 9 horas no Campo de Futebol do Nun`Alvares em Recarei, percorrendo caminhos e trilhos da paisagem protegida do Parque das Serras do Porto. Da prova faziam parte três distâncias: 25 km, 15 km e uma caminhada de 10 km.

Pensaram que a missa desse domingo não ia ter uma história? Demorou mais um bocadinho, mas aqui está o relato da eucaristia dominical.

Foto: Foto Vilas

É verdade que fui à Senhora do Salto

Nesse domingo, dia 03/11, correu-se a Maratona do Porto. Ah, não me digam que ela foi correr a maratona do Porto e colocou as fotos do Trail Senhora do Salto só para enganar? Não. É verdade que fui à Senhora do Salto, mas a essa aventura já lá chegaremos. Não foi tão glamoroso como a maratona, mas a lama, as escorregadelas, as subidas e as poças de água também foram memoráveis.

Gostaria apenas de recordar a maratona que fiz pela 1ª no ano passado e dar os parabéns a quem fez pela 1ª vez estes míticos km.

Debaixo de um temporal épico, em 2018, fiz a prova rainha do atletismo. Só para a malta deste ano saber que teve sorte! Foram 42 km de diversão, 5 horas e meia de loucura, 17 km de companheirismo com o André Girão, 10 anos de corredora e uma vida inteira desde que nasci para cortar aquela meta. A valente molha que apanhei não se compara com a sova que levei para fazer os 42 km.

Repito que para fazer uma maratona é preciso estar preparado pois é uma prova que merece respeito e não leviandade. A 1ª coisa que disse depois de cortar a meta e limpar as lágrimas de alegria (ou seria limpar a água da chuva??) era que nunca mais voltava a fazer uma maratona na vida ….. e como comentou o Nuno Serra “Começou” e o que era verdade nessa altura hoje é mentira e dia 1/12 lá estarei a cometer a mesma loucura e fazer 42 km em Valência.

Parabéns à Celia Cordeiro e ao Zé Pedro Salgueiro, vocês também já são loucos e maratonistas!

Foto: Foto Vilas

Trail da Senhora do Salto

E voltamos à Senhora do Salto. No sábado casou o meu treinador e eu tinha prometido que no domingo não treinava, não ia a provas e ficaria a curar a ressaca do casamento. Mas como não bebo e só me deitei às 03h, obviamente que às 07h já estava a pé para ir correr. Meia zombie e meia a dormir, levantei-me. Não eram 4 horas de sono que me iam derrubar (Talvez uma conjuntivite que já estava instalada no meu olho esquerdo?). Já tinha deixado tudo preparado de véspera por isso foi fácil.

O caminho até Recarei demorou 30 minutos. Chovia bastante quando sai do Porto, mas pelo caminho foi melhorando. Estacionado o carro, encontro o Roberto Freitas e o Tiago Moreira, colegas panteras. O Roberto ia fazer os 25 km e o Tiago os 15 km como eu. Estive até à última a decidir se ia na caminhada ou no mini trail. Mas o diabo na minha orelha optou pelos 15 km. Bom ambiente antes de começar com os elementos da equipa 20 ver correr, nomeadamente a Ligia Lopes, fã das Sapatilhas Pensadoras. Muito simpática e divertida!

Foto: Foto Vilas

Volto a fazer companhia ao vassoura?

Não estava muita gente e eu pensei “”

Fui correndo e não estava em último. O terreno era agreste e pesado devido à chuva da última semana, muita lama, poças de água, escorregadio. Avisaram-me que a parte mais complicada seria entre os 6,5 k e os 11 km. Pelo caminho vou ganhando lugares. Um casal vinha com muito fulgor, mas depois de uma queda na lama, a chama apagou-se e zás mais uns. Antes do abastecimento mais uns atletas superados.

Chego ao 1º abastecimento, em Aguiar de Sousa, com cerca de 1 hora de prova. Sabia que vinha aí uma subida ingreme por isso aproveito a dica que ouvi no workshop sobre trail, no sábado, no Estádio do Bessa e como marmelada.

Senhora do Salto
Foto: Foto Vilas

Em carreirinha lá fomos subindo todos. Alguns vão encostando pelo caminho para recuperar fôlego, mas eu sigo calma, com a respiração controlada e o açúcar da marmelada a fazer efeito nas pernas. Chego ao topo. Aproveito para recuperar em algumas descidas para voltar a subir mais à frente.

O 2º abastecimento era junto ao Rio Sousa. Consigo chegar à frente de algumas pessoas e paro pouco tempo. Começo a passar também por alguns atletas da caminhada, que sempre muito gentilmente me cedem a passagem.

Foto: Foto Vilas

Um túnel e mais lama e água nos pés

Mais à frente um túnel e mais lama e água nos pés. Sempre de olho no casal à frente, as minhas próximas vítimas. Numa parte mais rolante, antes da última subida consigo correr e ganhar algum tempo. A última parede era dura, porque era muito inclinada e escorregava bastante. Alguns atletas iam já com os bofes de fora por isso reuni as últimas forças para os ultrapassar e galgar mais uns lugares.

Senhora do Salto
Foto: Foto Vilas

Até à meta foi sempre a correr e a ganhar mais lugares. No fim até parece que cheguei em 1º!! Mas não. De qualquer forma foi novamente uma prova feita de trás para a frente, ou seja, devagar no início, acelerando depois sempre até ao fim. Passo um cartaz que diz meta 500 metros e fico feliz porque no último abastecimento, aos 14 km, disseram que ainda faltavam 2,5 km e afinal eram só 500 metros.

Última subida e avisto uma atleta que andou sempre em despique comigo e penso “É agora”. Íamos as duas a pé, mas eu acelerei. Passo por ela e ela comenta qualquer coisa, que eu confesso respondi, mas já nem me lembro, porque só pensava em acabar e à frente. E assim foi.

Foto: Foto Vilas

15,6 km e 2h56 de diversão!

Foi a 1ª vez que participei nesta prova e gostei! Não é normal em mim gostar de provas com lama e muita água, mas a beleza do caminho superou estas dificuldades.

Não senti a falta do descanso, mas o cansaço estava lá, incógnito, à espreita para me deitar abaixo. Não deitou, mas provavelmente podia ter feito melhor com mais horas de sono ou quem sabe mais álcool no casamento!

Senhora do Salto
Foto: Foto Vilas

Regresso a casa feliz com mais uma medalha no bolso e orgulho gravado no coração. Não foi a maratona do Porto e não estava um temporal, mas a meta é a mesma e não há melhor medalha de finisher do que poder correr toda a vida!

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Texto:  Andreia Ribeiro – OPraticante.pt – Sapatilhas Pensadoras
Fotos: Foto Vilas

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