SONHO OLÍMPICO PORTUGUÊS CHEGOU AO FIM
Uma vitória ou um empate e o bilhete para Paris era o desfecho perfeito, mas a história acabou de forma diferente. Perante mais de 6.000 adeptos em Tatabánya, praticamente todos eles em apoio à seleção da Hungria, os Heróis do Mar lutaram até aos últimos segundos mas não conseguiram voltar a cumprir o sonho Olímpico.
A festa foi dos húngaros, que vão voltar aos Jogos Olímpicos pela nona vez na história.
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Fonte: Federação Portuguesa de Andebol
Início de jogo algo conturbado
Foi um início de jogo algo conturbado, com a Hungria a abrir o ativo, Francisco Costa a empatar (1-1) e Salvador Salvador a ser excluído numa fase madrugadora, com apenas três minutos decorridos.
Mesmo assim, a Hungria prescindiu do guarda-redes para jogar com dois pivôs em simultâneo, ao estilo 7×6 mas… em 7×5.
Nesse período de superioridade numérica, os húngaros concretizaram um parcial de 2-0 para alcançar, pela primeira vez, dois golos à maior (3-1).
Aos 10 minutos, Zoltán Szita fez o 7-4 e deu à Hungria uns inéditos três golos de vantagem o que levou Paulo Pereira a solicitar o primeiro time-out do jogo, debaixo de um ambiente escaldante a impulsionar os magiares.
Após a paragem, Portugal cresceu, assinou um parcial de 1-3, finalizado por Leonel Fernandes, e voltou a encostar-se ao mínimo (8-7), com 14 minutos decorridos.
Aos 16’ e já depois de Diogo Rêma Marques ter entrado para o lugar de Gustavo Capdeville, uma das várias alterações promovidas por Paulo Pereira, Alexis Borges foi excluído e a Hungria agradeceu, tendo assinado um parcial de 2-0, para voltar aos três golos (11-8).
O guardião húngaro László Bartucz, que entrou para render Roland Mikler, foi decisivo para que a diferença crescesse para o lado magiar até aos quatro golos (13-9), perto dos 20 minutos.
60% de eficácia de remate para Portugal
Nesta altura, Portugal tinha apenas 60% de eficácia de remate, enquanto que a Hungria já ia em 13 tentativas todas convertidas em golo.
Até ao intervalo, o rendimento da equipa da casa começou a cair e Portugal foi aproveitando as sucessivas oportunidades para reduzir paulatinamente distâncias até ao empate, que surgiu aos 27 minutos, pela mão de Leonel Fernandes (15-15).
Como bónus, a Hungria passou a jogar com menos um elemento durante os dois minutos seguintes. Chema Rodríguez pediu time-out.
No recomeço após a paragem, o capitão Rui Silva concretizou o 15-16, a dois minutos do intervalo, pela primeira vez em Tatabánya, quando a prestação defensiva dos Heróis do Mar mostrava claras melhorias.
Após 30 minutos, tudo empatado e Portugal em posição de cumprir o sonho Olímpico. Pedro Portela, com cinco golos, era o melhor marcador do encontro.
A segunda parte começou com um período de parada e resposta durante os primeiros cinco minutos e com Martim Costa em evidência.
Pelo meio (32’), Francisco Costa saiu com queixas no ombro direito.
Aos 36’ apareceu a primeira exclusão da segunda parte, para a Hungria, e desta vez foi Portugal a tirar o melhor partido: Pedro Portela assinou o 18-20, logo de seguida Gilberto Duarte fez o 18-21 (para dar aos Heróis do Mar uns inéditos três golos à maior) e Chema Rodríguez não viu outra opção que não pedir time-out.
O rumo do jogo era claro: incerteza até ao fim.
A Hungria também foi afetada pelas lesões mas todos os atletas acabariam por voltar ao jogo, incluindo ‘Kiko’, aos 43’, numa altura em que os húngaros não marcavam há cinco minutos.
Mas o cenário mudou ligeiramente, contra Portugal, com a Hungria a reduzir para a margem mínima (21-22), aos 45 minutos. Paulo Pereira pediu time-out.
No recomeço, Portugal perdeu três ataques de forma consecutiva (com o guardião László Bartucz em destaque), mas o melhor que a Hungria conseguiu foi empatar o jogo a 22 golos.
Aos 48 minutos, Sipos foi desqualificado, Luís Frade assinou o 22-23 e quebrou um período cinzento de Portugal.
Aos 50’ foi António Areia a concretizar o 22-24 antes de mais uma exclusão castigar os Heróis do Mar.
Quatro minutos depois, nova reviravolta, 25-24. O rumo do jogo era claro: incerteza até ao fim.
Aos 56 minutos, Portugal sofreu o 27-25 e a Hungria colocou-se em posição privilegiada para anular a festa portuguesa.
Aos 58′, mesmo com os Lusos em superioridade numérica, o guarda-redes László Bartucz travou nova nova investida, o ataque magiar concretizou (29-26) ficando a faltar apenas 1’30 para o fim.
No último suspiro, László Bartucz vestiu-se de Herói de Tatabánya e o sonho Olímpico português chegou ao fim.
“…lutámos sempre até ao fim… pelo sonho Olímpico”
Paulo Pereira, Selecionador Nacional, fez o balanço da participação portuguesa:
“Por um lado, acho que é uma pena da forma como perdemos, porque tivemos o jogo mais ou menos controlado onde até estivemos a ganhar por três golos.
E num ápice, uma série de acontecimentos, atletas que ficaram indisponíveis por lesão, alguma exclusão, uma série de fatores que acabaram por, pouco a pouco, nos tirar do jogo; embora tivéssemos tentado alterações que permitissem mantermo-nos competitivos, não conseguimos.
Portanto, é isto, o alto rendimento, aquela bola que não entra ou que entra e emocionalmente nos põe preparados para continuar a lutar ou a perder pouco a pouca esperança.
E eu creio que, mesmo assim, lutámos sempre até ao fim.
E uma vez mais, estou orgulhoso deste grupo de pessoas que luta pelo seu país sem restrições.
Portanto, eu acho que Portugal tem que estar, todos têm que estar muito satisfeitos, embora nós quiséssemos a vitória.
Lamento é os atletas jovens que podiam ter participado nos Jogos Olímpicos e também aqueles mais experientes que, provavelmente, não vão ter mais nenhuma oportunidade destas.”