Em Beja o que fazer quando não estamos a correr?
Beja é um excelente sítio para morar, treinar e vir participar no TREB2018 – TrailRUN Escoteiros de Beja.
Sossegada q.b. mas com todos os serviços inerente a uma Capital de Distrito, estamos a 5 minutos em passo lento da porta de casa no centro da cidade a correr por montes e vales… hmmm… ok, não são montes e vales, são mais umas suaves colinas ondulantes.
Mas nem por isso menos excelentes para a prática do trail durante todo o ano.
Cidade de Beja conhecer a sua hitória
A cidade de Beja implanta-se num morro, com 277m de altitude, dominando a vasta planície envolvente. Daí a dificuldade do aumento da altimetria do TREB que nos têm pedido de ano para ano.
Crê-se que a cidade foi fundada cerca de 400 anos a.C., pelo povo celta que habitava grande parte dos territórios de Portugal a sul do rio Tejo, parte da Estremadura Espanhola e o atual Algarve.
Também é possível que tenha sido fundada pelos Cónios, que a terão denominado Conistorgis, embora a localização desta cidade ainda seja desconhecida.
Os cartagineses estabeleceram-se por cá durante algum tempo, no século III a.C., um pouco antes da sua derrota e expulsão da Península Ibérica pelos romanos.
Nos séculos III e II a.C. houve o processo de romanização das populações locais e esta cidade passou a fazer parte da civilização romana. As primeiras referências a esta cidade aparecem no século II a.C., em relatos de Políbio e de Ptolomeu.
600 anos de Romanos
Com a conquista romana, esta cidade passa a fazer parte do Império Romano, ao qual pertenceu durante mais de 600 anos, primeiro na província da Hispânia Ulterior e posteriormente na província da Lusitânia. Do legado romano destacamos a Ruína Romana de Pisões a uns meros 9 km do centro da cidade.
Durante 300 anos, ficou integrada na Hispânia Visigótica cristã, depois da queda do Império Romano, tornando-a sede de bispado.
No século V, depois de um breve período no qual haverá sido a sede dos Alanos, os Suevos apoderaram-se da cidade, sucedendo-lhes os Visigodos.
Nessa época na cidade, da qual restam importantes elementos escultórico-arquitetónicos de basílicas e igrejas, foi edificado um hospital de média dimensão, semelhante ao de Mérida, destacando-se ainda a relevante mas pouco conhecida obra literária do bispo Apríngio de Beja (c. 531-560), “Comentário ao Apocalipse”, elogiada pelo filósofo-enciclopedista Isidoro de Sevilha, e passa a denominar-se Paca.
Do ano 714 ao ano de 1162 diminuiu a sua importância e esteve sob a posse do Califado de Córdova e mais tarde sob domínio dos Abádidas do Reino Taifa de Sevilha, que lhe alteraram o nome para Baja ou Beja (existe outra cidade com este nome na Tunísia), uma alteração fonética de Paca.
Aqui nasceu o Al-Mutamid, célebre rei-poeta que dedicou muitas das suas obras ao amor.
500 anos como cidade
No referido ano de 1162 os cristãos reconquistaram definitivamente a cidade que recebeu o foral em 1524 e foi elevada a cidade em 1517.
Sim, isso mesmo, Beja está a comemorar 500 anos como cidade.
Duas leituras obrigatórias
Lenda de Beja
Conheçam alguns locais que merecem uma visita
Pormenores Históricos e Artísticos
E, claro, o Castelo…
O Castelo de Beja localiza-se no extremo NW da cidade.
De acordo com as fontes tradicionais, ocupa o primitivo castrum romano.
Trata-se de um castelo de cariz medieval, disposto em planta pentagonal, flanqueado por seis torres, incluindo a de Menagem.
O complexo de arquitetura militar inclui, ainda, o pano de muralhas que limita a cidade antiga, que, com pequenas alterações, se conservou até à Guerra da Restauração.
A Torre de Menagem tem cerca de quarenta metros de altura, tratando-se da torre mais alta do território nacional.
É considerada pelos investigadores uma das mais belas torres de menagem de Portugal, na qual convergem o caráter bélico e artístico de forma singular.
Foi projetada por arquitetos ou mestres dionisianos desconhecidos; contudo, cada vez mais se acredita que foi terminada em pleno reinado de D. João I. De planta quadrangular, é composta por três salas, que convidamos a conhecê-las visitando-o.
E para além da cidade?
O Concelho de Beja, de localização privilegiada para atividades de observação e fruição da Natureza, possui um enorme potencial para a diversidade biológica, constituindo-se como um dos concelhos mais representativos no que concerne a essa mesma biodiversidade no nosso País.
Existem vários “hot spots” para a observação de aves sendo que a variabilidade de espécies se conjuga com a diversidade da morfologia do terreno, das massas hídricas presentes e da maior ou menor intervenção humana.
A Águia-pesqueira (Pandíon haeliatus), o Rouxinol-do-mato (Cercotrichas galactotes) (foto 4) a Toutinegra-do-mato (Sylvia undata) ou o Cortiçol-de-barriga-negra (Pterocles orientalis) são observáveis no Concelho.
Répteis e Anfíbios
Uma grande diversidade de Répteis e Anfíbios proporcionará a delícia dos Herpetologistas, ocorrendo na área do Concelho de Beja algumas espécies de enorme interesse como a Cobra-de-capuz (Macroprotodon cucculatus) ou a Cobra-de-pernas-pentadáctila (Chalcites bedriagai).
Embora em baixas densidades será possível observar a rara Osga-turca (Hemidactilus turcicus) e o Cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis)
Entre os anfíbios merecem destaque o Sapinho-de-verrugas-verdes-ibérico (Pelodytes ibericus) e o Sapo-parteiro-ibérico (Alytes cisternasi)
Flora do Concelho é variada
A Flora do Concelho é variada, beneficiando dos afloramentos calcáreos com espécies típicas como as Orquídeas, com várias espécies de grande interesse botânico como a Ophrys speculum (foto 6) ou a Barlia robertiana.
Na galeria ripícola do Guadiana e das ribeiras de Terges e Cobres e Odearça, pese embora alguma intervenção humana ainda é possível observar trechos de Matagal Mediterrâneo, encontrando-se ainda muitos espaços de Montado de Azinho com sub-bosque mediterrânico de Esteva, Murta e Carrasco.
Nas galerias ripícolas é frequente o Loendro.
Existe um raro endemismo, uma linaria (Linaria ricardoi) (foto 7) única no Mundo, que é possível observar na zona mais confinante com os Concelhos de Cuba e Ferreira do Alentejo.
O Concelho de Beja constitui, portanto um ponto de paragem e estadia obrigatório e estratégico para Ornitólogos, Entomologistas e Herpetólogos podendo, nas épocas próprias, fruir do avistamento, observação e estudo de uma assinalável diversidade de espécies.
De igual forma os apaixonados da Botânica poderão encontrar na área deste Concelho um imenso potencial de observação, registo e estudo de espécies da nossa Flora Selvagem.
Para estas e outras informações podem sempre consultar o Roteiro Histórico de Beja.
Com tudo isto, ainda tens dúvidas em te inscreveres no TREB2018? vai já ao site do evento.
Mais informação sobre o evento aqui e aqui.
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Texto: Filipe Campêlo
Fotos: CMB, Wikimedia, Quercus
Fontes: Câmara Municipal Beja / wikipedia.pt