Os Bttistas dum Reino Maravilhoso da DBR

Vou falar-lhes dum Reino Maravilhoso. Embora muitas pessoas digam que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo. O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade, e o coração, depois, não hesite. Ora, o que pretendo mostrar, meu e de todos os que queiram merecê-lo, não só existe, como é dos mais belos que se possam imaginar… Vê-se primeiro um mar de pedras. Vagas e vagas sideradas, hirtas e hostis, contidas na sua força desmedida pela mão inexorável dum Deus criador e dominador. Tudo parado e mudo. Apenas se move e se faz ouvir o coração no peito, inquieto, a anunciar o começo duma grande hora…

Miguel Torga

DBR nasceu e cresceu fruto da paixão pela bicicleta

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Depois de este ano ter ido conhecer as terras do Moutain Quest, aceitei o desafio de O Praticante e fui conhecer mais em pormenor as pedras destas serras.

A Douro Bike Race (DBR) nasceu e cresceu fruto da paixão pela bicicleta e pela região que abrange – Serra da Aboboreira, Serra do Marão e Serra do Alvão.

Este ano a DBR regressa à Nexplore, que se comprometeu com o objetivo de trazer de volta uma das mais apaixonantes provas por etapas do mundo.

Na quinta-feira pela manhã já se sente o fervilhar do DBR, tudo se ergue para receber os atletas, arcos de meta, bandeiras, cartazes, fitas a marcar o Prólogo, que no primeiro dia nos dá a conhecer alguns dos recantos de Amarante numa distância de 6 km.

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Primeiro dia de etapas da DBR

Primeiro dia de etapas e é a Serra do Marão que nos espera ao longo de 95 km com 3000 mts de desnível para “trepar” a tarefa que se prevê é desafiante. Ao iniciar a prova, o nervoso miudinho desaparece, assim que começamos a subir em direcção ao Parque Eólico do Marão, as primeiras paisagens avassaladoras, montanhas sem fim, que prazer é estar ali a pedalar, ainda bem que vim. Lá bem do cimo e no meio das torres Eólicas, descemos a grande velocidade, até à aldeia da Ferraria, o próximo desafio é uma das subidas mais duras da prova, “O Muro da Ferraria”, 1000 mts de desnível a vencer em cerca de 8 km, que marretada!

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Respirar um pouco da paisagem ajuda até ao último abastecimento, água, sais, sumos doces e salgados é só escolher o que o corpo quer comer, os abastecimentos são como pequenos manjares, mas já só se pensa em voltar a ver Amarante, por entre single tracks chegamos finalmente. Na meta está a Luli Cox para nos receber, que energia tem esta mulher, é incrível a forma como somos acolhidos por todos, mas naqueles momentos seguintes, pensas, ainda tenho mais 2 dias de DBR, será que amanhã me consigo equilibrar na bicicleta? Espero que sim.

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Alvorada é ainda mais cedo

Ao terceiro dia de prova a alvorada é ainda mais cedo, a prova arranca às 8:00 para a etapa rainha, Serra do Alvão, o briefing da noite anterior revelou que o o calor vai ser um dos inimigos, mais de 40º de máxima, os rock gardens são caminhos a percorrer, e as subidas sem sombra são os desafios a superar. São 90 Km com mais de 3300 mts de desnível para subir, subir, subir… Rápidamente passamos dos estradões de terra batida a caminhos de xisto lascados da Serra do Alvão, que cenário…

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Há vacas a percorrerem as paisagens do Reino Maravilhoso que Miguel Torga nos falava, e que reino, por momentos julgamos que o reino é dos Infernos tal é o calor que sentimos, a água parece que nunca chega e as descidas quase que são mais penosas que as subidas!

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Finalmente algum conforto… depois do segundo abastecimento, onde amigos me esperavam para dar aquela SUPER força extra, obrigado malta, percorremos estradões que contornam as montanhas, a paisagem é digna de paragem para respirar tudo aquilo que nos rodeia…

Fisgas do Ermelo, o Monte farinha, e finalmente a passagem pelo Rio, que desafio… ao fim daqueles km, a levar a bicicleta ás costas e atravessar o rio agarrado a uma corda… mas, que bem que sabe a água fria nas pernas! Rápidamente o rumo é a meta, a festa, a energia o copo de cola com gelo à chegada… Que desafio foi este dia, que empeno monumental, que bom é chegar! Já só falta um dia.

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No 4º e último dia, já só pensamos em cortar a meta… a Serra da Aboboreira e os 55 km não vão ser fáceis, pois metade são a subir num total de 1600 mts de desnível positivo… 3 quedas nos single tracks (deliciosos), quase seguidas, dão os sinais que o cansaço já é grande, mas a vontade de terminar a prova é ainda maior, que diversão, por momentos até esquecemos os km que já temos nas pernas, mas eis que tudo se resume a subir, Aboboreira acima, esta serra de pequena não tem nada! Finalmente o abastecimento, 10 minutos para respirar e abastecer, os abastecimentos foram fantásticos ao longo de toda a prova, a animação do STAFF que nos atestava os bidons era um verdadeiro PIT STOP!

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Mas chega de comer e beber, a descida do alto da Aboboreira é cheia de adrenalina, parece uma montanha Russa… single tracks, estrada, caminho, pedras drops… esta descida era digna de um prova de DownHill, mas hoje foram destas rijas bicicletas e destes duros BTTistas.

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A ultima travessia da Ponte de São Gonçalo liberta o sorriso de vitória, de conquista de orgulho, a medalha de Finisher é a peça que nos falta nesta viagem ao Reino Maravilhoso.

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Os vencedores

Categoria Ride (só 1 dia Aboboreira)

Frederico Santos – Fullwear RP Team / Bicenves foi o vencedor com 3h03m09s, Filipe Tomás – Centro Ciclista de Gondomar, ocupou o 2º lugar – 3:14;10, e em 3º Roberto Rocha – Pedalbike/Nortigaia/AFR – 3:40;11

Categoria Adventure (2 dias Alvão e Aboboreira)

Venceu Bruno Ferreira – Mondimbike/Bastobike – 8h03m41s, com os lugares seguintes a serem ocupados por Nuno Martins – Bikebox/OKpneus/Martinssped – 8:12;31 e João Lopes – Mondimbike/Bastobike – 8:13:42

Categoria EPIC (4 dias)

O vencedor foi Nelson Sousa – Team Bike Brothers/BMC/Catlike – 12h38m42s, seguido de Sérgio Manezes – Alde’a Isabelinha BTT Team – 13:08;42 e Ricardo – Senosxmile – 13:15;59, nesta prova Carlos Lopes – opraticante.pt foi o representante do nosso projecto, obtendo o 39º lugar da geral / 30º do escalão com 20:14;56.

Em femininos Patricia Rosa – Gteam com 25h54m00s foi a única mulher a terminar esta durissima prova.

A Nexplore comprometeu e cumpriu. Só há uma coisa a pensar ARE YOU READY #DBR2017.

dbr-organizacaoAté ao MQ2017.

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Texto: Carlos Augusto

Fotos de:
Pedro Marinho
Ciclismo TV
Duarte Morgado
Carlos Augusto

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