Mais do que uma prova… uma aventura

Transgrancanária, 125km de Agaete até Maspalomas com desnível positivo de 8000m
No meu primeiro dia em Gran Canária decidi partir à descoberta dos pontos de interesse da ilha. Rumo a Agaete! Ao chegar à pequena aldeia rodeada de mar e montanha olhei para a primeira subida que me esperava e pensei… aiai! as minhas perninhas. Continuei o meu percurso pela montanha encontrando umas fitas aqui e ali e preparando mentalmente a prova, como gerir o esforço e evitar lesões.
Com essas imagens todas em mente volto para Maspalomas para levantar o meu dorsal onde o ambiente criado pela organização enche os concorrentes de vontade de iniciar a prova JÁ!
Chega finalmente a hora da partida as 23H00 em Agaete na linha da partida com um ambiente fora do comúm 1000 participantes, um sem numero de espectadores e eu na linha da partida a repassar na minha cabeça as horas de treino, o esforço de me levantar às 4 da manhã para treinar, as escadinhas subidas e descidas vezes sem conta para me preparar para este dia e como eu todos devem estar a repassar esses esforços. O ambiente festivo à minha volta, a emoção chegam ao seu cúmulo… e lá vou eu atacar essa primeira subida que olha para mim.
125 km através de uma ilha de uma diversidade inesperada encontrei de tudo pedras soltas, terreno vulcânico, barro, pó, sol, chuva, vento frio (e as minhas luvas estrategicamente guardadas no hotel), mais sol e chuva, paisagens de uma grande beleza, subidas sem fim e descidas como nunca vi, a descida para Tunte é brutal longa e obrigatório ir sempre olhos de lince, o Pico Nublo é sem dúvida o ponto que mais me marcou pela beleza da paisagem e pelo desafio. Mas quando entra o cansaço surge a frustração dos km que não passam e então entrei em modo tudo por tudo. Onde o terreno permitia corria com tudo o que tinha, descidas a um ritmo de loucos e depois entrei nestes últimos 10 km de pedregulhos soltos e só pensava “é tudo ou nada” recolhi toda a força que tinha para dar mais e finalmente chego a essa última reta final com um sentimento de superação e orgulho que quase me fez largar uma lagrimazinha (quase…eu sou macho). Foi realmente UNA META, UN SUEÑO.
Tenho de salientar a óptima organização da prova pela Arista, os abastecimentos, a simpatia do staff e o ambiente de fogo e animação reconhecido de Depa.
Já agora não vos disse, fiz 125km, com 7500m de desnível positivo em 20h, valeu o esforço ou não?
E agora vamos partir para o próximo desafio, quando é já para breve.
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Texto: Ruben Monteiro