Tomás Silva busca o TRI

Entre 43 jogadores e 17 jogadoras inscritas, só há dois vencedores da prova a competir em 2016, Tomás Silva o titular de 2010, 2014 e 2015, e Rita Félix, a campeã de 2012, após um hiato de cinco anos o torneio regreesa ao Norte.
O regresso ao norte do Campeonato Nacional Absoluto Peugeot é o dado mais saliente da 83ª edição que a Federação Portuguesa de Golfe (FPG) vai organizar de hoje (sexta-feira) a segunda-feira, no Oporto Golf Club (OGC), em Espinho.
Foi exatamente aqui, no mais antigo campo da Península Ibérica – que este ano celebra o seu 126º aniversário – que se disputou pela última vez nesta região o mais importante torneio da FPG para amadores de alta competição. Em 2011, também no OGC, ganharam Magda Carrilho e Gonçalo Pinto e de novo cinco anos antes, em 2006, uma vez mais em Espinho, venceram a luso-francesa Caroline Afonso e Sean Côrte-Real. Foi a última edição do Nacional Peugeot a realizar-se no sistema de match play. Em 2007, passou para o atual figurino, de quatro voltas de stroke play, com cut aos 54 buracos (no final do terceiro dia) para 50% dos inscritos.
«É sempre importante virmos ao maior número possível de zonas do país. Viemos cinco anos depois, não para comemorar cinco anos de ausência, como é óbvio, mas porque temos andado mais na zona centro, embora tenhamos passado também pelo Porto Santo. Torna-se mais acessível porque quem vem do Norte faz 300 quilómetros, quem vem do sul faz 200 e tal. O Campeonato joga-se sempre nesta altura do ano, torna-se praticamente impossível levá-lo ao Algarve. Viemos este ano ao norte, para o ano logo se verá, mas aqui no Oporto somos sempre muito bem recebidos e merece sempre lembrar que estamos no clube mais antigo da Península Ibérica», explicou João Coutinho, o diretor-técnico nacional da FPG e diretor de torneio.
Recorde-se que no ano passado o OGC celebrou a marca importante de 125 anos com a organização do Campeonato Nacional PGA Solverde (da PGA de Portugal) e o Campeonato Nacional de Jovens para os escalões de sub-14, sub-16 e sub-18.
Em termos desportivos, o 83º Campeonato Nacional Absoluto Peugeot tem como grande aliciante a possibilidade de Tomás Silva vencer pelo terceiro ano consecutivo, algo que não é concretizado desde que José Sousa e Melo conquistou cinco consecutivos entre 1969 e 1973!
De então para cá, alguns nomes famosos do golfe nacional foram bicampeões mas não tricampeões, casos do próprio José Sousa e Melo em 1978 e 1979, Stéphane Castro Ferreira em 1997 e 1998, Pedro Figueiredo em 2007 e 2008, e Gonçalo Pinto em 2011 e 2012.
«Não sabia que o José Sousa e Melo tinha sido o último a fazer o tri, pode ser uma informação que seja bem usada ao longo deste torneio, mas não vou pensar nisso, quero concentrar-me é em dar as tacadas certas e no final veremos. Ele é o presidente do meu clube, tem uma grande influência no meu jogo atual, inclusivamente, foi ele quem me ajudou a delinear a estratégia para este Campeonato, uma vez que conhece muito bem este campo», disse Tomás Silva, do Club de Golf do Estoril, de 23 anos.
O triplo campeão nacional amador confessou numa entrevista ao site especializado “Golftattoo” que o OGC «não é um campo que maximize os pontos fortes do meu jogo», mas acrescentou logo que «não é obsessão mas sonho em conquistar o tri este ano».
Há muitos rivais à espreita de apoderarem-se do cetro e entre eles talvez os mais perigosos os irmãos gémeos João e Afonso Girão, de apenas 18 anos, que são sócios do clube, conhecem o campo como poucos e sentem-se em boa forma. João vem de ganhar na semana passada o Campeonato Regional Absoluto da Associação de Golfe do Norte de Portugal e Afonso sagrou-se neste mesmo OGC campeão nacional de sub-18.
Vítor Lopes (Clube de Golfe de Vilamoura), Pedro Lencart (Club de Golf de Miramar), Gonçalo Costa (Lisbon Sports Club) e Tomás Bessa (Miramar) são outros membros da seleção nacional principal que têm todas as condições de brilhar no próximo dia 25, tal como jogadores das seleções mais jovens como Carlos Laranja (Clube de Golfe do Santo da Serra) e Vasco Alves (OGC).
No torneio feminino, notam-se as ausências das grandes candidatas que seriam Susana Ribeiro e Leonor Bessa, embora por motivos diferentes.
Susana Ribeiro tornou-se profissional depois de, em 2015, ter-se tornado na primeira jogadora a vencer este Nacional em três anos seguidos. Como profissional não pode defender o título.
Seria uma grande hipótese de Leonor Bessa, a campeã nacional de sub-18 e vencedora da Taça FPG/BPI, juntar o título nacional ao estatuto de melhor amadora portuguesa da atualidade, mas uma fratura na mão esquerda, contraída em janeiro, no Campeonato Internacional Amador de Portugal, impossibilita-a de competir.
Se entre 43 jogadores só há um – Tomás Silva – com o seu nome no troféu do torneio, também entre as 17 inscritas só há uma antiga campeã nacional. Trata-se de Rita Félix (Estela Golf Club), que nem por isso poderá ser considerada a esmagadora favorita dado que, nesta fase da sua vida, está mais concentrada na conclusão da licenciatura em Medicina.
Já Beatriz Themudo, a vice-campeã nacional amadora de 2015, poderá ter uma palavra a dizer, numa altura em que se dedica «a 100% ao golfe», mas atenção à campeã nacional de sub-16 Inês Barbosa (Miramar) e à ex-campeã da Taça FPG/BPI Joana Silveira (Miramar), jogadoras da seleção nacional que já provaram que são capazes de vencer os melhores torneios nacionais. Perigosas podem também ser jogadoras como Joana Mota (Vilamoura), Sara Gouveia (Laranjas) e Rita Costa Marques (Miramar).
«Todas têm hipóteses de ganhar, tenho pena que a Leonor não esteja cá, seria muito bom com ela. Eu sinto uma enorme motivação porque é, sem dúvida, um dos torneios mais importantes do ano. Quero dar o meu melhor, não sei se vou ganhar mas tenho estado a trabalhar para isso», disse Beatriz Themudo, ex-campeã nacional de sub-18.
De acordo com o regulamento da prova, o campeão e a campeã, bem como os seus respetivos 2º lugares, serão convidados pela FPG a jogar os respetivos Campeonatos Internacionais Amadores de Portugal em 2017.