A VITÓRIA FUGIU A VAN AERT QUE VESTE A VERMELHA
Wout van Aert voltou ontem a falhar a vitória, ao ser segundo na segunda etapa da Volta a Espanha.
Mas ‘recebeu’ a camisola vermelha como prémio de consolação, depois da derrota para o ciclista australiano Kaden Groves.
Depois de ser terceiro no contrarrelógio inaugural, uma posição que ocupou seis vezes esta temporada, o belga da Visma-Lease a Bike foi ontem segundo.
Viu escapar, mais uma vez, o tão ansiado triunfo, desta feita para o sprinter da Alpecin-Deceuninck, que somou a quinta vitória de etapa na prova.
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Fonte: Lusa
“…vim para cá supermotivado para mudar isso” Wout van Aert
“É uma forma muito boa de começar esta Vuelta.
Foi um ano duro para mim, sem qualquer triunfo até agora, mas vim para cá supermotivado para mudar isso”, assumiu o vencedor da classificação por pontos da passada edição.
Sem ganhar desde a derradeira etapa da Vuelta2023, Groves, de 25 anos, impôs-se ontem em Ourém, com o tempo de 5:12.55 horas.
Ficou à frente de Van Aert e do compatriota Corbin Strong (Israel-Premier Tech).
Deu mais um desgosto ao belga da Visma-Lease a Bike, que, ainda assim, graças às bonificações, destronou o norte-americano Brandon McNulty da liderança da geral.
‘WVA’ está agora vestido de vermelho, com três segundos de vantagem sobre o ciclista da UAE Emirates, com o checo Mathias Vacek (Lidl-Trek) em terceiro, depois de ontem ter caído a pouco mais de 30 quilómetros da meta.
João Almeida (UAE Emirates) manteve o 10.º lugar, agora a 22 segundos do líder, e Nelson Oliveira (Movistar) o 11.º, a 23.
Wout van Aert “…acabar nos primeiros três significava vestir a camisola [vermelha]…”
“Claro que queria ganhar a etapa, a minha equipa fez um excelente trabalho para haver uma chegada ao sprint, mas infelizmente fui segundo.
Hoje, contudo, sabia que acabar nos primeiros três significava vestir a camisola [vermelha], por isso, no fundo, foi um bom dia”, resumiu Van Aert.
Wout van Aert garantiu estar orgulhoso por poder voltar a liderar uma grande Volta, depois de também o ter feito no Tour2022.
Mas não conseguindo esconder a deceção por não ter concretizado aquela que é já a sua obsessão.
Mal foi dada a partida real para os 194 quilómetros entre Cascais e Ourém o já quase nacional Luis Ángel Maté (Euskaltel-Euskadi) e o seu compatriota Ibon Ruiz (Kern Pharma) lançaram-se à aventura, ganhando rapidamente uma vantagem, que, ao quilómetro 29, já rondava os cinco minutos.
Vencedor da classificação da montanha na última Volta a Portugal, o veterano espanhol quis prolongar o seu ‘reinado’ em terras portuguesas, sendo o primeiro a passar no Alto da Lagoa Azul.
Um Oeste apaixonado por ciclismo e orgulhoso do ‘seu’ João Almeida
Numa jornada de muito vento e calor, mas também de banho de multidões, como seria expectável num Oeste apaixonado por ciclismo e orgulhoso do ‘seu’ João Almeida – nas Caldas da Rainha, o português teve a ‘receção’ esperada -, coube à Visma-Lease a Bike de ‘WVA’ e à Alpecin-Deceuninck de Groves trabalhar e estabilizar a diferença nos três minutos.
A equipa de Van Aert e do campeão em título, Sepp Kuss, sofreu, no entanto, um revés importante com a queda de Dylan van Baarle, que acabou por abandonar no decurso da etapa, depois de ter ficado imediatamente muito queixoso após o contacto com o solo.
Foi pouco antes do neerlandês, que está a ter uma temporada para esquecer, entre abandonos em provas importantes e doença, desistir, que a fuga acabou, com os espanhóis a serem absorvidos pelo pelotão a 52 quilómetros da meta.
Fosse pelo vento ou pelo calor, a etapa prolongou-se mais do que o esperado, com a média a ser baixíssima (37,198 km/h).
A corrida só ‘animou’ apenas na aproximação ao Alto da Batalha, quando a BORA-hansgrohe assomou à frente do pelotão, ao mesmo tempo que alguém do público fez cair Mathias Vacek.
Mas o checo, então segundo da geral, conseguiu reentrar pouco depois, sem mazelas aparentes.
Já depois de Stefan Küng (Groupama-FDJ) ter sido o primeiro a coroar o alto de quarta categoria e ter empatado em pontos com Maté – levaria a melhor no critério de desempate, o de posição na etapa.
Aproximação à meta, nervosa e traiçoeira
Na nervosa e traiçoeira aproximação à meta, os INEOS Joshua Tarling e Jhonatan Narváez foram os nomes mais sonantes a ficarem envolvidos numa queda.
Mas foram ambos creditados com o mesmo tempo do pelotão, uma vez que esta aconteceu já dentro dos 3.000 metros finais.
No sprint, Van Aert foi o primeiro a arrancar.
Mas foi novamente derrotado – já é difícil ter palavras para escrever sobre os segundos lugares do ‘estelar’ belga.
Uma jornada em que os três portugueses chegaram no pelotão e Rui Costa (EF Education-EasyPost) se manteve no 75.º lugar, a um minuto do camisola vermelha.
Hoje segunda-feira, a Vuelta cumpre a sua última etapa em território português, nos 191,5 quilómetros entre a Lousã e Castelo Branco.