Correr ao tom da festa na Corrida dos Mártires

Mártires

Estamos no Verão, o tempo quente domina, os emigrantes regressam a casa para as suas férias e muitas são as festas de aldeia que acontecem por esse Portugal fora a celebrar as raízes, as tradições e a proporcionar bons momentos a quem regressa a casa para o merecido descanso, o descanso dos Mártires.

Bons eram os tempos em que muitas aldeias tinham como parte integrante das suas festividades anuais a tradicional corrida de atletismo que faziam encher as suas ruas de animação e de festa. Para sentir um pouco dessa tradição, a equipa de Opraticante.pt participou esta semana na sexta edição da Corrida das Mártires.

 

Corrida dos Mártires

A VI Corrida dos Mártires aconteceu este Sábado (28) de julho pelas 16:30 horas na freguesia de São Félix da Marinha em Vila Nova de Gaia e foi uma organização da Comissão de Festas de São Félix e São Sebastião com o apoio do Sporting Clube de Espinho / Atletismo Antonio Leitão. A compor o evento esteve uma corrida cronometrada na extensão de 7300 metros.

Percurso com circuito de três voltas

A VI Corrida dos Mártires teve partida e chegada junto à igreja paroquial local e aos atletas era proposto um desafio de 7300 metros de extensão num circuito com três voltas por entre várias ruas adjacentes ao local.

A prova tinha de inicio uma longa subida pela Rua de São Félix para depois os aletas seguirem à esquerda para a rua das Flores, Rua dos Emigrantes e indo pela Rua dos Moinhos onde encontrariam de novo a rua de São Félix e terminar a volta com cerca de 2200 metros. Os últimos metros de prova faziam os atletas regressarem ao local de partida junto à igreja. A principal dificuldade apresentada aos atletas era mesmo a subida da Rua de São Félix já que depois o restante da prova era em terreno plano e descendente.

De forma geral, pode-se dizer que as principais dificuldades impostas não estavam na altimetria do percurso escolhido mas sim no calor elevado que se fazia sentir à hora da prova e no piso do percurso que em muitos segmentos era em empedrado. A própria subida maior da prova era toda em empedrado e em muitas ruas adjacentes do percurso, o empedrado estava muito degradado e possível de causar algum acidente.

Vencedores

Antonio Fernandes do GD Guilhovai

António Fernandes vence VI Corrida dos Mártires

O grande vencedor da prova foi Antonio Fernandes do GD Guilhovai que terminou a prova de forma isolada com um tempo de 24:32min. A luta pelas restantes posições do pódio foi mais disputada. Na segunda posição ficou Andre Marques do ACR Vale de Cambra com 25:15min e no terceiro lugar Nuno Silva do Clube de Atletismo de Lamas como 25:22min.

Conceição Tenda do S.C. Espinho

Conceição Tenda triunfa na competição feminina

Na vertente feminina da prova, o lugar cimeiro do pódio foi para Conceição Tenda do S.C. Espinho que dominou a prova de inicio a fim e cruzou a linha de meta com 31:39min. Completaram o pódio Julia Schiavon do Rio Largo C.E. com 34:19min e Sandra Pereira do Running Espinho com 34:40minutos.

Vencedores por escalões

A prova teve prémios por escalões e os vencedores foram os seguintes

Na competição masculina venceram André Marques do ACR Vale de Cambra (Seniores), Nuno Silva do Clube Atletismo de Lamas (Vet1), Antonio Sousa do Ripolins – Grijó a Correr (Vet2) e Antonio Fernandes do GD Guilhovai (Vet3)

Na competição feminina triunfaram Conceição Tenda do S.C. Espinho (Seniores), Lígia Casimiro do S.C. Espinho (Vet1), Anabela Santos do Serviços Sociais de São João da Madeira (Vet2) e Rosa Silva (Vet3).

Competição por equipas

Na competição por equipas, a VI Corrida dos Mártires teve como equipa vencedora, o S. C. Espinho/ Atletismo António Leitão. Na segunda posição ficou a Ripolins – Grijó a Correr e em terceiro o e Rio Largo C. E. Quando ao prémio de equipa mais numerosa este foi atribuído ao Running Espinho.

Equipa de OPraticante.pt aqui com Nuno Fernandes à frente, Susana Rodrigues e Patricia Silva mais atrás

Susana Rodrigues de Opraticante.pt a que mais se aproximou do pódio

A equipa de Opraticante.pt esteve representada na prova por Nuno Fernandes (34º escalão /110º geral) – 39:39min, Susana Rodrigues (5º escalão /120º geral) – 40:55min e Patrícia Silva (8º escalão / 121º geral) – 40:56min.

Evento com organização simples mas esforçada

Logo que tomamos a decisão de participar nesta prova, já estávamos cientes que seria uma prova com uma afluência reduzida, organizada de forma tradicional e onde o objetivo passaria apenas pela participação. Na verdade, e muitos já foram os casos, por vezes são estas provas mais simplistas que ficam na memória de quem corre, ora pela forma como somos recebidos, ora pela forma como decorre a prova, ora por quem conhecemos, etc.

Nesta VI Corrida dos Mártires fomos recebidos de forma simpática e com um sorriso no rosto pelos membros da organização que estavam no secretariado da prova junto ao local de partida. Mediante o pagamento simbólico de três euros, os atletas recebiam o seu dorsal personalizado e no final da prova recebiam uma medalha de participação, águas e uma peça de fruta.

Tal como havíamos dito, seria uma prova simplista a fazer relembrar os velhos tempos de criança com as corridas de aldeia e como tal, o que foi oferecido e o que foi pago pelos atletas está em sintonia.

O secretariado da prova estava na entrada do centro paroquial local e na zona envolvente estava tudo bem isolado para a prova. Dentro do edifício estavam algumas valências como casas de banho e até um serviço de bar junto ao local estava a funcionar. O cheiro das bifanas que estavam a confecionar era tentador.

Animação tomou conta da zona

Desde cedo a animação tomou conta da zona e onde os grupos de corrida que iam participar na prova se iam juntando e conversando por entre o som alto das colunas colocadas no alto dos postes como é tradicional nas festas. Na igreja, preparavam-se os andores para a procissão do dia seguinte mas a rua também era tomada por cores vivas dos equipamentos das aletas que com a sua calma se foram juntando no espaço depois do aquecimento feito nas ruas adjacentes.

Na linha de partida, os atletas iam se juntando para a partida mas em antes, a organização agradecia a presença dos presentes e explicava como funcionaria a logística do circuito de três voltas e onde a cada passagem no ponto de controlo, o atleta recebia um elástico e na linha de meta tinha de se apresentar com dois elásticos.

Público local veio à porta de casa ver a prova

O percurso da prova passava em algumas ruas da freguesia que tinham casas de habitação e foi com agrado que se viu em algumas delas, os habitantes locais estarem na porta de suas casas a verem a prova. O meu cumprimento em especial para duas senhoras que num cruzamento da aldeia a aplaudiram os atletas de princípio a fim nas três passagens e que na última passagem responderam um sincero até para o ano. Mesmo na linha de meta estava algum público a aplaudir os participantes o que é sempre de louvar.

Organização não falhou no percurso

No que toca à postura da organização durante o percurso da prova não há qualquer apontamento negativo a apontar, as ruas estiveram bem fechadas por parte dos agente da autoridade, em cada volta houve distribuição de águas aos atletas por parte dos voluntários, o sistema de distribuição de elásticos foi prático e eficaz e durante a prova, houve sempre uma ambulância a acompanhar os participantes. Em suma, tudo decorreu como se esperava e sem falhas.

Pódio masculino geral

Atrasos na divulgação dos resultados

A principal falha a apontar à VI Corrida dos Mártires é atraso que se verificou na divulgação dos resultados. É certo que a elaboração da lista de resultados foi um trabalho manual mas o número de atletas não era muito elevado, pelo que não se compreende mais de uma hora para a divulgação dos resultados para os presentes. Quem veio embora antes da cerimónia protocolar somente viu os resultados serem apresentados no dia seguinte.

Pódio feminino geral

VI Corrida dos Mártires, uma prova para recordar o passado

Foi com satisfação que participamos na VI Corrida dos Mártires e tivemos uma sensação de déjá vu dos tempos de criança onde se corria por nada e no final íamos para casa com a sensação de termos recebido tudo. Uma corrida inserida numa festividade religiosa de aldeia é algo que já pouco se vê no atletismo e como tal é uma iniciativa a louvar.

A promoção desta prova foi essencialmente feita nos meios e equipas locais tendo a secção de atletismo do SC de Espinho sido a responsável pela divulgação e como tal não foi surpresa ver muitos grupos e atletas dessa zona.

No total terminaram a prova, 154 atletas o que é um bom registo para uma prova somente divulgada nestes moldes, inserida numa festividade e a ser realizada num Sábado de tarde no final do mês de julho.

Os números também agradaram à organização que tinha a meta de 150 atletas para participar na prova e estes foram atingidos e a continuidade da prova no próximo ano está assegurada.

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Texto: Nuno Fernandes
Fotos: Organização

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