100 MILHAS – QUE LIÇÃO DE SUPERAÇÃO

Foto: Organização
A jornada que Ester Alves enfrentou este fim de semana no TPG – TransPeneda-Gerês, nas 100 milhas foi uma verdadeira batalha contra todos os medos.
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Fonte: Estádio Clinica
Um “rio atmosférico”modificou todas as estratégias de Ester Alves para as 100 milhas
Desde o início das 100 milhas, que o plano de Ester Alves era claro:
Melhorar o resultado na distância de 100 milhas
Testar a sua preparação
Tentar aprender mais questões sobre o Trail
Mas o destino tinha outros planos:
Um “rio atmosférico“, uma tempestade de proporções épicas modificou todas as estratégias.
Enquanto nos lançávamos de Melgaço em direção a Montalegre, o céu preparava a fúria.
As primeiras horas não perdoaram: chuva e vento que se intensificaram até à noite.
Nos abastecimentos onde se devem fazer rápidas transições, estava a demorar + 10min para trocar de térmica e impermeável.
Quanto mais tempo ficamos nos abastecimentos, mais fragilizados ficamos na saída com o arrefecimento do corpo (no meu caso – uma fraqueza pessoal).
Cada km era um desafio
A noite trouxe consigo proporções mais intensas da tempestade:
Na serra que separa Paradamente e Brufe adensou-se um nevoeiro que nos dificultava a progressão e a visibilidade. As temperaturas ambientais baixavam.
Foi no abastecimento de Brufe o meu maior erro: tentei tornar mais breve a transição e não troquei a camada interior junto ao corpo.
Acelerei de volta ao trilho, mas rapidamente percebi que o erro de voltar à noite com roupa molhada ia trazer consequências.
Nos km seguintes, meu corpo estava em tetania muscular (tremores) e a temperatura corporal baixava.
Apesar da liderança que mantive por 120 km, vi a minha vantagem escorregar pelo frio que me consumia lentamente.
A energia que eu tanto precisava para manter o ritmo agora era desviada para manter a temperatura corporal (típico)(um pormenor muito individual de cada atleta).
Cada km era um desafio.
Os desafios e as belezas dos percursos… compensaram as horas de corrida
Surgiram muitos cenários que me puxavam para a desistência na prova:
Mas hoje em dia
NÃO ME IMPORTO DE PERDER POSIÇÕES SE TROUXER COMIGO GRANDES LIÇÕES.
E muitas outras coisas compensaram as horas:
Os cenários que trouxe comigo,
A luta que via no rosto dos outros atletas,
A batalha da organização para que nada falhasse,
A ajuda que os atletas davam uns aos outros,
Os desafios e as belezas dos percursos…
Agradeço a todos que se cruzaram comigo no trilho e partilharam sorrisos e palavras de incentivo.
OBRIGADA A TODOS
No final, consegui conquistar a meta, mas também venci alguns dos meus medos mais profundos (temperaturas baixas e chuva em competição e treino).
PARABÉNS A TODOS QUE SE SUPERARAM
Aos que ficaram a meio do caminho, voltem no próximo ano.
A montanha estará sempre à nossa espera.
Obrigada André, foi possível chegar ao último castelo com a tua ajuda.