Águas de Gaia, chuva e vento marcam o GPA

O mês de Abril abriu com um fim de semana cheio de provas de atletismo. Se o grande foco estava em Espanha na maratona e meia maratona Vig-Bay que teve um grande contingente lusitano, no norte de Portugal, o destaque estava na meia maratona de Ílhavo e numa prova que já é um clássico do atletismo portuense, o GP de Atletismo das Águas de Gaia, o que tiveram em comum todas estas provas? Todas elas aconteceram na presença da chuva e do vento.

O XI Grande Prémio de Atletismo do Clube Pessoal Águas de Gaia aconteceu  em Vila Nova de Gaia e foi organizado pelo Clube do Pessoal Águas de Gaia com a cobertura técnica da Associação de Atletismo do Porto e cronometragem a cargo da Desportave.

A compor o evento que teve partida e chegada junto à sede das Águas de Gaia esteve uma corrida cronometrada de dez quilómetros e a tradicional caminhada na extensão de seis quilómetros e que tinha fins solidários a favor da pequena Lívia.

A equipa de OPraticante.pt esteve presente no evento e agora apresentamos todas as notas como tudo decorreu

Percurso exigente e num verdadeiro carrossel pelo centro de Gaia

Se há algo que os atletas não podem dizer sobre o percurso desta prova é que é monótono. Desde cedo a prova mostra ao que vem e logo no primeiro quilómetro há uma amostra do que os atletas terão que ultrapassar com um constante sobe e desce pelas ruas de Gaia com curvas e contracurvas que levam os atletas por dentro das ruas adjacentes à principal avenida de Gaia. A ajudar à festa estão alguns troços de piso empedrado que são “sempre” do agrado dos atletas.

O percurso do GPA do Clube Pessoal Águas de Gaia é composto por duas voltas, sendo a primeira volta ligeiramente mais extensa que a segunda volta.

Começando na sede das Águas de Gaia, o primeiro percurso da prova começa de forma descendente rumo à zona residencial da Rua Quinta das Pedras onde se corre num terreno empedrado por entre as habitações dessa zona. A partir daí acontece a primeira passagem na meta que é em subida.

Águas de Gaia

O quilómetro seguinte é talvez o mais acessível da prova com os atletas a se dirigirem para uma passagem junto ao quartel da serra do Pilar descendo posteriormente para a zona do Jardim do Morro.

Os dois quilómetros seguintes são os mais exigentes do percurso onde se percorrem as várias ruas laterais à Avenida da República com a subida a ser constante e em certas zonas as rampas tem um bom grau de dureza.

Na entrada do quarto quilómetro há uma inclusão na própria Avenida da República para uma passagem junto ao El Corte Ingles para depois se descer para nova passagem na zona residencial da Rua Quinta das Pedras e igualmente nova passagem na meta e assim realizar novamente o percurso.

Prova foi marcada pelo frio e pela chuva

Para além das dificuldades inerentes ao percurso, a edição deste ano da prova foi marcada pelo frio e pela chuva. Na hora em que começou a prova, a chuva começou a cair e acompanhou os atletas quase até ao fim da prova. O vento também marcou a presença, mas o facto de quase todo o percurso se desenrolar entre ruas mais ou menos interiores à grande Avenida fez com que os atletas se resguardassem do vento.

O facto de a prova ter segmentos de empedrado e em sentindo descendente, fez com que muitos atletas tivessem que redobrar atenção, pois empedrado, a descer e chuva é uma combinação perigosa.

O percurso deste Grande Prémio de Atletismo é o que se pode considerar um percurso da velha guarda onde é preciso ter pernas para o fazer em condições. É um percurso exigente mas um excelente desafio de atletismo.

Vencedores

Hugo Almeida faz a tripla no GPA das Água de Gaia

A vitória na edição deste ano do GPA das Águas de Gaia foi decidida ao sprint nos últimos cem metros da prova em plena subida onde estava a meta. No decorrer da prova formou-se um grupo de seis atletas que dominaram as movimentações, mas na disputa da vitória só dois se chegaram mais à frente, Hugo Almeida do Sporting Clube de Braga e Youssef el Kalai do Clube Desportivo de São Salvador do Campo. No final, o atleta bracarense levou a melhor e terminou a prova na primeira posição com 29:35min, ficando o segundo classificado a dois segundos.

Com esta vitória, Hugo Almeida vence pela terceira vez esta prova depois de ter alcançado a vitória em 2016 e 2017 ao serviço do Sporting Clube de Portugal. Na terceira posição da prova ficou Lícino Pimentel em representação do Sporting Clube de Portugal com 29:43min.

Daniela Cunha bisa na competição feminina

Na vertente feminina deste grande prémio, a vitória foi para Daniela Cunha do Sporting Clube de Portugal que cortou a linha de meta, isolada com 34:34min. Esta foi a segunda vitória para Daniela Cunha nesta prova depois de ter vencido em 2016 também ao serviço do clube leonino. A completar o pódio ficaram Marta Martins do Sporting Clube de Braga com 34:53min e a veterana Clarice Cruz do Grecas com 35:11min.

Vencedores por escalão

A prova teve vencedores por escalão e estes foram os seguintes:

Na competição masculina triunfaram, Hugo Almeida do Sporting Clube de Braga (Seniores), Artur Rodrigues do GDC de Guilhovai (M40), Manuel José Sousa do CI Argoncilhe (M45), António Fernandes GDC de Guilhovai) (M50), José Fernandes do Grupo Desportivo 3 Santos Populares (M55) e Pedro Terra do SSP Município São João da Madeira (M60).

Na competição feminina venceram, Daniela Cunha do Sporting Clube de Portugal (Seniores), Rosa Madureira (F40) e Lucinda Moreiras do Grupo Desportivo de Bragança (F50).

Na competição por equipas a nível masculino triunfou o ACD São João da Serra e a nível feminino o Sporting Clube de Espinho / António Leitão.

OPraticante.pt

A equipa de OPraticante.pt esteve representada na prova por três atletas e obteve os seguintes resultados, Nuno Fernandes (626º geral / 119º sénior) – 54:30min, Susana Rodrigues (699ª geral / 51ª VetF40) – 54:47min e José Martins (700º geral / 129º sénior) – 54:47min.

Uma prova de atletas para atletas

Estive presente nesta prova o ano passado e gostei muito do ambiente que se viveu junto à sede das Águas de Gaia. Esta é uma prova dominada pelos atletas veteranos. São eles que definem esta prova e como tal, desde cedo são eles quem vão tomando conta do espaço da prova. Algo que se nota nesta prova é a forma como os atletas presentes são tratados pela organização. Há a preocupação que os atletas se sintam bem-vindos à prova. Este GPA das Águas de Gaia como se costuma dizer é uma prova organizada por atletas para atletas.

São colocadas ao dispor dos atletas todas as valências que uma grande prova deve ter. Secretariado expedito e com staff simpático, casas de banho e balneários ao dispor dos atletas, a possibilidade de se guardar a mochila.

Após a prova, o espaço de quem corria era separado dos que iam caminhar e todo o espaço era vedado para se evitarem confusões. Tal como o ano passado, longa foi a fila para receber as ofertas finais dentro do edifício das Águas de Gaia.

Em questão de logística da prova não há qualquer falha a apontar à organização.

Bom kit de ofertas

Algo que é elogiado nesta prova é o bom conjunto de ofertas que a organização presenteia os atletas que nela participam. Esta prova é conhecida no meio como a prova da toalha e isto porque em vez de os atletas receberem a tradicional t-shirt, recebem uma toalha de banho que dá mais jeito que uma t-shirt que se recebe em todas as provas.

Mas nem só de toalha se faz o kit do atleta desta prova. Nesta edição de 2019, os atletas recebiam para além da medalha finisher, um saco com a já mencionada toalha, agenda, bloco de apontamentos, revista, bolachas, água, um pão e voucher promocionais. Para um preço de inscrição de 6/8 euros, o que foi entregue aos atletas está num nível muito elevado.

Percurso desafiante numa prova novamente despida de público

Como mencionado anteriormente, o percurso do GPA das Águas de Gaia é um bom desafio de corrida. Em nenhum momento há monotonia já que os atletas ora sobem ora descem, o que faz com que seja muito agradável correr esta prova.

Em termos de logística do percurso, também nada de errado há a apontar. Ao longo do percurso, havia placas informativas da quilometragem, todos os cruzamentos estavam fechados por autoridades e voluntários. Ao quilómetro cinco aconteceu um abastecimento de águas e onde se notou a preocupação ambiental com a existência de contentores para se despejarem as garrafas vazias.

Se a qualidade da organização se voltou a repetir este ano, a falta de apoio popular também se voltou a repetir infelizmente. É triste uma prova que percorre ruas, ruelas, passa por entre prédios e casas de habitação numa grande cidade como Vila Nova de Gaia não receber um aplauso.

Diria que tirando a zona de meta onde os atletas recebiam um bom incentivo, no restante do percurso podem-se contar pelos dedos das mãos as pessoas que aplaudiam os atletas. É a cultura desportiva que se fomenta neste país.

GPA das Águas de Gaia volta a ser um sucesso

O GPA do Clube Pessoal Águas de Gaia é uma prova já consolidada no calendário nortenho de atletismo. Olhando aos seus números é facilmente perceptível que já tem o seu nicho de atletas conquistado e assim obtêm números de participação regulares.

Como mencionado no início desta reportagem a prova teve a concorrência da meia maratona de Ílhavo e da Vig-Bay mas essas provas de grande participação não afectaram a afluência á prova gaiense. A prova teve um total de 762 finisher, revelando uma quebra de apenas quinze atletas em relação ao ano passado.

O GPA do Clube Pessoal Águas de Gaia é uma prova da velha guarda, com um percurso a condizer e com rácio preço de inscrição/kit de ofertas muito interessante e para além disso é uma prova com um nível de competição muito elevado para uma prova popular, basta olhar aos tempos dos primeiros classificados. Na verdade, e voltando a reafirmar o que já tinha dito o ano passado, a sensação que se fica é que esta é uma prova organizada por um conjunto de pessoas, que não pretende tirar qualquer vantagem de quem nela vai participar e com um preço de inscrição reduzido, consegue apresentar uma boa prova e agradecer a presença aos atletas com um bom kit de participante, bem como ter ainda um carácter solidário.

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Texto: Nuno Fernandes
Fotos: Desportave

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