Crescer Guimarães existe para percorrer os trilhos mais difíceis…

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Foi num fim de tarde, regressávamos dos nossos dias de trabalho e escola, muito pouco normal por sinal, sobretudo pelo silêncio que imperava na curta viagem a casa. Não somos poupados nas palavras, adoramos conversar. A coisa começa a adensar quando chegamos a casa, sem pedidos para jogarmos à bola, tablet ou televisão. Preparo o lanche preferido, sem sequer dar por isso, sai-lhe um “precisamos de ter uma conversa, pai”. O pré-anúncio indicava algo de sério, notava uma mudança na expressão e na atitude, respondi com um incentivo indicando confiança. Sai uma inesperada pergunta: “Pai, sempre me disseste que se tivesse dificuldades em alguma coisa, deveria pedir ajuda e falar contigo, não é?”. Antes de perceber onde nos levaria a conversa, já respondia que sim. A expressão mudava para um ar triste, sofrido, meio envergonhado até…”Não consigo que os meus amigos me deixem jogar futebol com eles, porque não sei jogar bem…”.
Já em tempos tinha notado a dificuldade de integração com origem na falta de jeito para o futebol (mal de família). Mesmo sendo uma criança carinhosa, comunicadora e de fácil relacionamento, para os miúdos nesta idade não chega. Na altura tentei desvalorizar para que não desse demasiada importância e disse-lhe “entra no jogo e jogas, mesmo que não queiram vão ter que te aceitar”. Resultou, apenas para ocupar um espaço no campo, faltava tudo o resto e, em poucos dias, a questão punha-se outra vez. Desta feita, sem argumentos ou soluções milagrosas. Tinha que começar a procurar uma escola de futebol, o futebol seria o último dos desportos que recomendaria, muito menos o ambiente das escolas de futebol…
Sou um defensor da atividade física como uma forma de promovermos a mobilidade, a saúde e sobretudo o equilíbrio de que tanto precisamos para o dia a dia, a competição é completamente secundária ou dispensável em alguns casos. Aceito, contudo, a motivação pela competição e enquanto organizador de eventos desportivos de corrida de montanha (trail running), acredito que é mais um instrumento motivador, para alguns atletas que de outra forma não a praticariam.
Contudo, no futebol, e na maioria dos casos, a competição é doentia e subverte todos os valores que se pressupõe serem benéficos, assim como a herança salutar da prática desportiva. O que aqui se procura é uma forma de integração e socialização por via do desporto, grande problema… Inicio pesquisa e em muito pouco tempo começo a obter indicadores e referências de que existe uma solução “no mercado” que nos pode ajudar. Deduzo (sei agora) que o próprio nome é resultado direto da missão, tinha encontrado uma escola de futebol à altura do desafio, Crescer Guimarães… Pode ler-se na página do facebook na descrição da empresa;
Desejámos muito, muito, muito que já fosse perfeita.
Estamos a trabalhar muito, muito para o ser.
Temos um plano, determinação e paixão pelo jogo e pela formação. Queremos um modelo claro.
E queremos muito, muito os melhores preços.
Pomos o máximo esforço na procura de rigor e profissionalismo, enquanto queremos, em grande, ser uma porta desejada pela CIDADE FANTÁSTICA.
Escola de Futebol, modelo FutBalance, a visar o desenvolvimento, bio-emocional, adaptativo, cognitivo, técnico e relacional. Desenvolvimento individual e grupal, em exercicio.
Predisposição ao trabalho em grupo e o grupo na superação em balance.
– O aluno perante o grupo e o grupo na superação face ao aluno.
Cidadania, disciplina, desportivismo, fair play, tolerância, ponderação, lazer, futebol, saúde, higiene, condição física, respeito, responsabilidade, sentido de cidade, história.
E voar.> Uma escola para meninos e meninas.
Ou na missão;
“Desde António Damásio, o mundo e a ciência principiaram a dizer que toda a aprendizagem e olhar, envoltos em factores emocionais significativos, são responsáveis pela qualidade, duração e percepção da memória respectiva aos factos que cada ser constrói, para a sua vida. APRENDE-SE POR EMOÇÃO…”
A eles agradecemos (enquanto pais) os sorrisos (recuperados), a intensidade e motivação com que encaramos juntos cada dia com a expectativa do treino ou do jogo do fim-de-semana, e espantoso, poucas vezes vencem. Hoje quando perguntamos como correu o dia, fazem parte também as histórias dos jogos na escola. Felizmente há projetos que não se limitam a procurar o lucro fácil ou os caminhos mais simples, pelo contrário, existem para percorrer os trilhos mais difíceis lado a lado com os pais e filhos.
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Texto: Mauro Fernandes
Revisão: Elsa Ribeiro
Fotos: Crescer Guimarães