IV Trail dos Montes Saloios

Covas de Ferro, povoação situada no extremo norte do concelho de Sintra, entre os concelhos de Mafra e Loures, na Serra de Monfirre, situada acima dos trezentos metros de altitude, recebeu cerca de 500 participantes para mais uma prova de Trail Running, no dia 8 de Fevereiro de 2015. O IV Trail dos Montes Saloios. Numa organização do Clube TT de Montes Saloios, com a colaboração da União das Juntas de Freguesia de Almargem do Bispo, Pêro Pinheiro e Montelavar e da Câmara Municipal de Sintra
E se no evento realizado o ano passado as condições atmosféricas foram extremas, dia marcado pela tempestade Stephanie, – que desde então tem dado nome aos treinos nocturnos realizados na região (noitadas da Stephanie) -, o deste ano foi marcado pelo frio extremo que se têm vindo a fazer sentir nos últimos dias, no entanto amenizado pelo dia de sol que marcou, e bem, a sua presença.
O Pavilhão Multiusos pelas 07.30 já se encontrava preparado para receber os participantes, que recolheram o kit com o dorsal, a t’shirt e ainda o chip. No mesmo local foi feito também o briefing e o controlo zero, que assegurava que todos os atletas iam munidos do chip de controlo de tempo final e intermédio.
Pelas 09.00h, os atletas concentram-se junto ao pórtico em frente ao Pavilhão, onde é dada a partida, para um percurso único de 24km+1.
Os atletas partem em pelotão compacto em direção ao caminho de Matagôs, deparando-se desde logo ao km 1 com um single track, que causou alguma demora na fluidez. Ultrapassada essa barreira, inicia-se a subida até à gigantesca antena eólica, descendo até ao Casal da Freira e deixando para trás Castelo Picão. Nova subida pela serra verdejante e decorridos 7kms, surge o primeiro abastecimento no lugar de Bolores. E de Bolores só o nome, pois o abastecimento era fresco, tal a água servida, acompanhada de muita simpatia. De salientar a preocupação ambiental de organização, que não disponibilizou copos descartáveis, tendo cada atleta que levar o seu recipiente. É a partir daqui se inicia a corrida em direção ao Penedo do Gato, encosta a partir do qual se avista a bela povoação de Ponte de Lousa, onde a maioria dos atletas fazem o registo fotográfico desta bela paisagem, tendo já deixado para trás o primeiro ponto de controlo próximo do km9.
E num carrossel de sobe e desce por entre trilhos técnicos diversos, mais ou menos enlameados, resultado das chuvas dos últimos dias e das temperaturas baixas, não obstante os raios de sol, a corrida continua e pelo Km 16, surgem alertas de trilho em descida bastante inclinada, longa e escorregadia, para delícia de uns e cautelas redobradas de outros. É esta a descida que conduz os atletas à travessia do Rio do Bocal, no Casal das Oliveiras, saltitando por entre as águas e sob os raios de sol. È aqui que podem repor energias no segundo ponto de abastecimento, desta feita com bebidas e fruta.
Prosseguindo por entre o arvoredo, perfumado de urze e pinho, em direção a Covas de Ferro, surge o segundo ponto de controlo e segue o trail até Casal dos Tamancos, contornando a serra até chegar a Monfirre, lugar que dá nome à serra. As subidas sucedem-se e desta feita uma que, se não primava pela excessiva inclinação, era farta em distância, o que aumenta a dificuldade e morosidade no percurso da mesma terminando num extremo de Covas de Ferro, para mais um abastecimento. Depois de forças repostas, e já pelo Km 20, o percurso leva os atletas a mergulhar na beleza das paisagens. Em direção à Quinta do Talefe, numa descida técnica, estaria aquela que seria considerada a última dificuldade do percurso, a que vulgarmente se chama a “trialeira” dos Montes Saloios.
Por aí já se avista a zona de chegada e quando tudo parece estar a terminar os atletas são surpreendidos que aquele que viria a ser mais 1km de dificuldade, desta feita para percorrer as pistas de treino do piloto do Dakar, Hélder Rodrigues.
Em direcção à meta, subida final para o pavilhão multiusos, onde os atletas foram recebidos pelo staff, em ambiente salutar de boas vindas, aplausos e algumas fotos, por mais uma prova concluída. Mais valia a assinalar, a entrega de um ticket com os tempos intermédios e final de cada participante, que permitia verificar desde logo o cumprimento da passagem, ou não, nos pontos de controlo pré-definidos. No final foi servida uma sopa quente, que temperou o corpo e a mente e a festa continuou com um almoço – churrasco – com a colaboração dos presentes.
De assinalar que o percurso se encontrava bem marcado e ao longo do mesmo verificou-se a presença de fotógrafos que faziam o registo das peripécias dos participantes. Os dorsais, continham informação relevante, nomeadamente, o perfil altimétrico, os locais de abastecimento e número de contacto de emergência. Os abastecimentos apresentaram-se simples, somente com o básico para repor alguma energia. Os balneários, se por um lado se encontram no local das chegadas, o que é bastante positivo, por outro lado não têm a capacidade de fornecer água quente em quantidade suficiente para os utilizadores, situação que deverá ser tida em conta em organizações futuras, atento a época do ano em que a prova é realizada.
A Organização do evento decorreu como é habitual com simpatia, hospitalidade, simplicidade e muita dedicação. Uma organização de atletas para atletas. As características de excelente anfitriã, ao que parece, remonta a tempos idos, pois a zona envolvente a Covas de Ferro, nomeadamente Monfirre, sempre foi conhecida pelos seus bons ares, resultantes da flora predominante da serra, sobretudo murta, urze e pinho, que em tempos idos trouxe a Monfirre, doentes que procuraram a sua cura através dos bons ares da floresta, e estes ou seus familiares por lá permaneceram tornando-se assim, também local de turismo veraneante, e isto fez com que a boa hospitalidade de desenvolvesse na região. Esta zona saloia, chegou a ser tema de um clássico do cinema português dos anos 30 do século passado, caracterizado pelas trouxas de roupa lavada, cuidada e perfumada na urze e na murta da serra, que saíam de lá rumo à capital, bem assim como carroças, carregadas de lenha, que servia de combustível às lareiras da capital.
Trail dos Montes Saloios, um evento a marcar na agenda do próximo ano.
As classificações foram as seguintes, num total de 344 masculinos e 77 atletas femininos, que finalizaram a prova com sucesso:
Masculino
1º – João Ginja- Trail Runners – 2.02.29h
2º – Tiago Valério – CCD do Municipio de Portalegre – 2.03.25h
3º – Jorge Miguel Franco António – Algarve Trail Running – 2.05.13h
Feminino
1º – Inês Costa Marques – Individual – 2.30.56h
2º – Amélia Costa – Proaventuras – 2.51.14h
3º – Luísa Santo – N.A.Z. Abóboda – 2.54.08h
O Praticante foi representado por três atletas, que obtiveram a seguinte classificação:
Masculino
37º – António Barra Soares- O praticante- 2.42.41h
86º – Cirilo Formiga – O Praticante – 2.58.53h
Feminino
40º – Isabel Barra – O Praticante – 4.03.21h
Texto de: Isabel Barra