João Branquinho 5º europeu na Oman Desert Marathon

deserto01A Oman Desert Marathon (ODM) é uma corrida com 165 km feitos em seis dias, com distâncias compreendidas entre os 20 e os 42 km, em sistema de auto-suficiência. A organização fornece apenas a água,8 litros por dia. O que implica que o equipamento para todas as etapas tenha de ser transportado pelo atleta, do inicio ao fim, assim como um kit de primeiros socorros, saco-cama, road-book, entre outro material de sobrevivência obrigatório. A maior dificuldade encontrasse na gestão física e psicológica do esforço de correr com uma mochila que pode ir ate aos 10 kg, em areia, com uma alimentação controlada, durante 6 dias.

Para participar nesta prova, os atletas tem de pagar 1100 euros de inscrição, ao que acresce o valor de 400 euros de viajem, no entanto um valor bastante inferior aos 3600 euros da Marathon des Sables. Talvez seja esta a razão para não vermos mais Portugueses a participar neste tipo de provas.

lagartoA ideia Oman Desert Marathon (ODM) surgiu após a minha participação na TDS – Ultra Trail do Monte Branco, em conversa com o meu treinador Juan Maria Jimenez, ele dizia maravilhas desta prova, como sendo uma experiencia de vida única, o que é certo, é que no final, posso dizer que tudo ultrapassou as minhas expectativas. escorpiãoTrata-se de uma prova de extrema dureza, mas se soubermos aceitar tudo aquilo que nos espera, aquilo que trazemos de lá é magia e não sofrimento e dureza. Foi o que me aconteceu.

Em relação à classificação, esta é sempre uma incerteza. Toda a prova depende de inúmeros factores, nomeadamente, como é que vamos reagindo aos kms, dia após dia, sem recuperação, os pés, o estômago com a alimentação liofilizada, barras, géis e tantos outros factores. E difícil prever se vai correr bem ou não.

Não tendo conseguido fazer nenhum treino especifico, por inúmeros motivos pessoais e profissionais, e sendo uma estreia no deserto, e provas por etapas, mesmo assim e analisados os quase 100 nomes presentes nesta terceira edição, arriscamos que seria possível para mim entrar no Top 10. A verdade e que apesar de ambicioso me sentia bem preparado física e psicologicamente, vinha de alguns bons resultados em provas de corta-mato, em Inglaterra, e tinha feito um ciclo de 4 semanas, dentro das possibilidades, de qualidade.

O meu receio seria como era saber como e que o corpo iria reagir ao calor, como recuperaria de dia para dia, e de como chegaria ao dia da maratona, com mais de 100 km nas pernas. A minha estratégia foi a mesma que faço para todas as provas sair com o grupo da frente, encontrar o meu ritmo e a partir dai gerir a prova, mantendo-me sempre em movimento, por muito cansado que estivesse.

desertoAo final, terminei com um 11º lugar na geral, sendo o 5º melhor Europeu, único português, com 20h 21m 10s, numa prova dominada pelos famosos vencedores da Marathon des Sables, Rashid Al Murabiti que foi o vencedor com 13h 19m4 1s e Salamah Aaqra em 3º com 14:15;51, em 2º ficou Evigini Gylva com 13:53;26. Destaque ainda para a vencedora feminina da Marathon des Sables, Elisabet Barnes neste evento a ser também a vencedora com 18h 37m, seguida de Aziza Alraji com 20:32;46 e Silvia Amodio com 22:46;35, que conseguiu um brilhante 7 lugar, no total de 65 atletas, 14 dos quais mulheres, que completaram a prova.

Segredo…
Esta em fazer uma gestão do esforço, neste tipo de provas a cabeça corre mais do que o corpo, eu acabei as duas etapas finais de prego a fundo, foi muito duro mas valeu a pena.

Melhor momento…
Foram as mensagens que recebi de família e amigos, todas as manhas, trazidas por elementos da organização, tiveram um enorme valor, uma vez que transmitiram uma forca psicológica que me fez mover perante as dificuldades diárias.

Pior momento…
Da prova foi vivido na noite, a seguir a maratona, com as constantes dores musculares, a impossibilitarem-me de adormecer e com vários atletas a necessitarem de ser assistidos, um deles na minha tenda que ao se descalçar foi mordido por um escorpião.

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Texto: João Branquinho

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