João Rodrigues diz “É a última vez”

Sétimo apuramento assegurado para os Jogos Olímpicos. Quando se apurou pela primeira vez em Barcelona 1992 alguma vez sonhou ter esta longevidade?

Penso que ninguém no seu perfeito juízo alguma vez pensaria que, 24 anos depois, estaria às portas de ter o privilégio de participar em mais uma edição do maior evento desportivo do planeta, os JO. E confesso que tal tão pouco cruzou os meus pensamentos depois de Atlanta. Ou Sydney. Muito menos em Atenas. Nem por sombras em Pequim. Em Londres comecei talvez a pensar que tinha um problema. E para o Rio, confirmou-se essa suspeita. Aparentemente, identifico-me com os Jogos Olímpicos.

O que representam para si os Jogos Olímpicos depois de tantas presenças?

Todos as edições em que participei, representaram um ciclo em particular da minha vida. Barcelona foi um descoberta. No ciclo para Atlanta, a carreira universitária entrosou-se perfeitamente com a carreira desportiva. Em Sydney, provei o amargo de não ter consigo a mesma simbiose com a carreira profissional, mas que me levou a ter o melhor resultado em JO em Atenas. Pequim foi um regresso, depois de ter abraçado a carreira profissional a tempo inteiro logo após os JO de Atenas. Londres marcaram o período em que finalmente, depois de décadas a sonhar com isso, dediquei-me integralmente à minha paixão que era e é a prancha à vela. Rio, a concretizar-se, será o culminar de uma carreira desportiva, num país que me é tão querido, com as regatas de vela a se desenrolarem numa das mais bonitas baías em que alguma vez tive a sorte de velejar.

Esta será a última vez que estará nuns Jogos ou ainda é um cenário a definir depois do Rio? E quais os objetivos para esta sétima participação?

Última vez. Compreendo a pertinência da pergunta. De facto, já disse tantas vezes que era a derradeira campanha! Mas as exigências do ponto de vista físico que, de alguma forma, são também emocionais, são de tal forma que, lentamente, o encanto da prancha à vela Olímpica vai-se desvanecendo, cimentando desta forma, a necessidade de pôr um ponto final. A prancha à vela continua a ser a minha maior paixão, tendo sido ao longo de décadas, um maravilhoso instrumento de auto-conhecimento. E continuarei a praticar este desporto por muitos mais anos. Mas não fará sentido prolongar por mais tempo a carreira desportiva a este nível. Dito isto, é até um incentivo saber que será uma última oportunidade de participar neste evento. Oportunidade esta que abraçarei de corpo e alma.

Já em relação a resultados, adorava poder dizer que poderíamos sonhar com um bom resultado. Mas isso seria utópico, e são os resultados destes últimos anos que friamente o demonstram. Mas, também acho que haverá lugar para alguém como eu nos JO. Sem ambição realista de chegar às medalhas, mas com a certeza de que criarei muitas dificuldades aos meus amigos e companheiros.

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