José Santos (JS3) dá-se a conhecer

Eu sou o José Santos (JS3), nasci, em Mafamude (V. N. de Gaia), a 21 de Janeiro de 1981, tenho Encefalopatia Crónica Não – Progressiva da Infância (ECNPI), sou formado em engenharia multimédia e sou atleta federado, praticante Remo (Classe LTA) e Vela (Classe Acess) no Sport Club do Porto.

Fui convidado pel’O Praticante a partilhar com os seus leitores um pouco do meu percurso desportivo que acaba misturado com o da vida… O desporto é um meio de acrescentar ainda mais “coUsas” bonitas a esta.

Sobre a minha vida é complicado falar, ia estender muitooo este meu / nosso texto e como tal vou tentar resumir em três ou quatro palavras / tópicos: Sorte, Amor, Acreditar / Lutar / Perseverança e… Ganhar (vencendo ou não).

Sorte: a minha deficiência foi em grande parte, para não dizer totalmente, originada por uma sequência de negligencias médicas e onde está a sorte nisto? A sorte está em a minha pessoa ser fruto de DOIS SERES EXTRAORDINARIOS, que nada têm de paranormal mas tudo de divino. Falo obviamente dos meus Pais, do Nandinho e da Rosinha.

Amor: para bom entendedor meia palavra basta mas pelo sim pelo não… Amor é todo o oposto de egoísmo, prender, limitar, etc. Simplificando, os meus Pais instintivamente tiveram o instinto de me amarem com a js3 (1)sociedade, de me educarem com e para a sociedade. Amam sem prender, protegem sem esconder, acrescentam dividindo – agora refiro-me aos meus irmãos… Os meus Pais apesar do medo, não ficaram neste e deram-me a chance de poder dividir e partilhar amor / experiencias que é o que “aprendemos” com o facto de ter irmãos.

Acreditar / Lutar / Perseverança: começa no facto de ter irmãos, porque irmãos que são irmãos, dão porrada uns aos outros. Nestas acabam normalmente todos de castigo ou com uma boa sapatada em cima, provocando a necessidade de encontrar esquemas para fazer vale a sua luta. Na Vida há que ter barreiras… dizem que tenho mais do que x ou y mas o certo é que todos as temos e ainda bem. Pois só Vive quem as enfrenta e quem não se renda perante a dificuldade, o tempo que dura ate as derrubar.

Ganhar: pode-se ganhar sem vencer e na verdade são estas as vitorias mais importantes. Porque o que interessa para o nosso caminho são os passos que damos em direcção a algo, não propriamente o facto de o conseguir… As ferramentas que usaremos em outras batalhas são conseguidas à medida que vamos tentando derrubar as tais barreias.
Foi nesse caminho que fui descobrindo paixões no desporto… primeiro foi em 2004 quando decidi procurar um desporto ligado ao mar. É no mar que encontro todas as saídas / solução, é a ele que me queixo, e é dele que ouço o “faz-te homem pá… segue que vais bem… arrisca” ou um “porque vieste ter comigo? Fazes bem em ponderar…” ou simplesmente um ”uii… adoro esse smile”. Por tudo isto, aliado à complexidade do desporto em termos de regatas, é que a Vela continua a ser uma paixão, para a qual consegui voltar no inicio deste ano (2015).

Em 2014, depois de uns anos negros para a minha pessoa e em mais uma tentativa de sair do buraco, surge a oportunidade de experimentar Remo. Hesitei… Nunca na vida tinha sequer sonhado em num dia remar… talvez pela minha descoordenação motora ou apenas porque nunca tivera a curiosidade.

Mas depois de alguma insistência e de um “…No mínimo, passamos uma manha diferente” vindo da Lia Couto, chefe da Secção de Desporto Adaptado do Sport Club do Porto que descobri através da minha amiga Etelvina Vieira.
A 22 de Outubro de 2014 lá vou eu acompanhado pela Lia, que era também a minha instrutora de natação / hidroginástica, para a tal manhã diferente. A experiência foi tão tão… que foi como a Vela, “Amor Azul” (Mar / Rio, eu e o Céu). Tudo muito bonito até ao momento em que os treinadores presentes (Manel e Nacho) olham para mim do tipo: “Voltas na sexta-feira, certo?” Claro que cá dentro foi um “Siga” instantâneo mas havia a velha questão do “guito”, já tinha a Natação, estava a ver se conseguia voltar à Vela e depois, claro, as despesas de casa (luz, gás, net, gasóleo, seguros…) e por isto a resposta foi algo como “…tenho de ver …depois digo. ”
No entanto este “depois” durou apenas umas duas horitas, pelo caminho vim a fazer contas (acho até que o carro fê-lo sozinho hihih) e foi só o tempo de chegar, almoçar, confirmar as contas, e de, pimba, enviar um e-mail para a Lia e iniciar um chat com os treinadores a comunicar que na sexta-feira lá estaria.

Desde então, fixos, tenho três treinos (2h / cada) por semana e onde faço ergómetro, ginásio e mais ergómetro. Os progressos foram mais rápidos do que eu esperava (a verdade é que não imaginava o quão completo é este desporto): A nível físico, notei logo nas primeiras três semanas uma melhoria acentuada na estabilidade do andar. A nível do desporto em si também não está a correr nada mal, aliás, no passado dia 11 de Abril de 2015 participei no Campeonato Nacional de Remo Indoor e bati todos os meus tempos, e consegui o 1º Lugar na minha classe assim como no dia 5 de Julho, no Campeonato Nacional de Velocidade de Remo Montemor-o-Velho.

js3Neste momento e desde Agosto de 2015 tenho a decorrer uma campanha de crowdfunding para juntar 4.200 euros e com eles conseguir adquirir o skifadaptado de que preciso para fazer mais e melhor.
O apoio tem sido enorme… Dezenas de pessoas deram o seu “pedacinho” e com ele consegui mais de metade do valor; Outra grande ajuda foi a TV Record Portugal com a reportagem que fez sobre o meu percurso (“Remar por um sonho”); E recentemente os BudeguitaRunners que, através do seu projecto “Eu corro por ti”, decidiram correr pelo meu skif e como não tenho feitio para ficar no sofá tenho acompanhado esta equipa de seres especial… primeiro foi num treininho onde corri 5kms e depois na Geres Marathon onde estive na meta todo o tempo à espera de cada Budeguita – do treininho adiante, através da força gigantecasdes equipa, consegui mais de 900 euros. Mas o que mais ganhei com esta, foram seres fantásticos na minha vida. Agora surge mais um ser que está também ele a mover montanhas para conseguir o que falta para o skif. Falo da Joana Santos que, junto de entidades que ainda vou ter o prazer de conhecer, conseguiu reunir nomes importantes no andebol do norte para um / vários jogos no próximo dia 13 de Dezembro das 16 às 18h no Pavilhão Municipal da Maia. Neste evento haverá surpresas. Podem sabe mais em: ww.js3.pt
Alem de todos estes apoios, tenho o da ROPE que alinhou em ajudar-me na minha performance motora, d’O Praticante, do JN Running, da TSF Running, e claro da Secçao de Remo do Sport Club do Porto

Obrigadooo,

Se consigo, é a Viver!

Texto: José Santos – JS3

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