Maratona a minha primeira, mas nem tudo foram rosas…

A história da Maratona podia ter começado no domingo, mas é muito mais do que isso.
Em fevereiro de 2018, pesava 123,5 kgs e nunca me tinha passado pela cabeça começar a correr, quanto mais fazer uma Maratona.
Em setembro de 2018, fui desafiado por amigos para começar a correr. Distâncias curtas de 10 kms, para começar e depois com tempo e conforme a corrida fosse entrando na minha vida, era natural que evoluísse. O “bichinho” da corrida era bem capaz de me fazer isso, diziam eles.
Assim foi. Depois dos 10 kms, vieram os 15 kms, apareceram as Meias-Maratonas e no final de 2018, sem que algo o previsse estava a inscrever-me na Maratona do Porto para o ano de 2019, quase com um ano de antecedência.
Isto fazia com que eu me “obrigasse” a treinar, a preparar e concluir o meu objetivo que fecharia um ciclo de provas de estrada.
O tempo foi passando, o peso foi desaparecendo, e com menos 30 kgs, no último domingo cumpri o sonho de ser MARATONISTA.
Mas nem tudo são rosas…
No dia anterior, não consegui esconder nem disfarçar a ansiedade e o nervosismo que antecedem as provas, quanto mais uma prova como a Maratona do Porto.
Mas, lá chegou o dia. Vesti-me, preparei os meus abastecimentos, despedi-me da minha mulher como faço todos os dias quando saio de casa e segui para o local da prova.
Mal cheguei ao estacionamento que previamente tinha ficado definido com os meus amigos que me iriam acompanhar, na Maratona ou na Family Race de 15 kms, a pressão começou a diminuir e eu fui acalmando.
Dirigimo-nos para a partida, aguardamos o sinal e lá fomos nós. Partida!
Começava a minha aventura. Colei-me ao “pacer” das 4 horas e meia, e tentei acompanhá-lo até ao fim.
Depois de ter passado os 15 kms (mais ou menos o primeiro terço da prova), sentia-me bem e continuei… bebendo sem ter sede, comendo sem ter fome, utilizando os meus “géis” de 10 em 10 kms, para que nada do que eu tinha planeado pudesse falhar.
Cheguei aos 21 kms, à Meia-Maratona
Cheguei aos 21 kms (Meia-Maratona) e o meu ritmo foi abaixo. Acabei por me afastar do “pacer” e fui num ritmo mais baixo.
Quando cheguei ao 25 km, já sentia cãibras nas pernas, principalmente nos gémeos, mas tentei fazer a gestão da melhor forma entre ir a passo, num ritmo alto e correndo aos poucos, devagar, para descomprimir os músculos.
Fui assim até ao 27.º km, e depois disso, passei a correr nesse ritmo baixo até ao abastecimento dos 30 kms.
Abasteci, segui mais uma vez a passo e foi assim que fiz o retorno.
Depois, acabei por encontrar pessoas conhecidas pelo caminho e seguimos juntos até ao km 40, em gestão, entre correr e alguns momentos a passo.
Quando cheguei ao 41.º km, e tendo a cabeça já na meta, tentei dar a estocada final. Encontrei pessoas amigas que me foram batendo palmas e transmitindo força e a minha chegada cheia de alegria é sinónimo disso.
Na última subida do percurso, lá estava ela, a minha mulher. A segurar o meu cachecol e a chorar por mim e comigo, passando-o para a minha mão, para que o pudesse estender na linha da meta, como eu sempre sonhei acabar esta Maratona.
E assim foi. Levantei o cachecol, e despejei toda a pressão que tinha sentido ao longo do último ano. Todas as emoções tomaram conta de mim e o resto foi satisfação e sensação de dever cumprido.
Acabei a minha primeira MARATONA! Sou Maratonista!
O tempo em que acabei nunca foi importante, mas o estado físico e psicológico sim.
Cumpri o meu sonho. E pelos vistos, nada é impossível!
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Texto: Hugo Falcão
Fotos: Runporto