ODETE FIÚZA, 30 ANOS DE ALTA COMPETIÇÃO

OPraticante.pt esteve à conversa com a atleta internacional Maria Odete Fiúza, que representa o Maratona Clube de Portugal, amanhã faz 30 anos de atleta de alta de competição e foi convidada a ser madrinha do 31º Grande Prémio de Atletismo de A-do-Barbas “Memorial Fernando Figueiredo“.
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Página da atleta
Fonte: Henrique Dias // OPraticante.pt
Fotos: Cedidas pela atleta
Maria Odete Fiúza, 30 anos de alta competição
Odete Fiúza começou pornos dizer que “Até aos 18 anos o desporto não fazia parte da minha vida.
Até essa idade tinha feito natação para efeitos terapêuticos e fazia as aulas de educação física, tendo no 7.º ano participado nas miniolimpíadas da escola no salto em cumprimento, onde ganhei uma medalha de bronze.“
“Ao entrar para a universidade, em Lisboa, para frequentar o curso de direito, fui confrontada com a minha deficiência visual (tenho resíduos visuais e fiz o percurso escolar no ensino regular utilizando, especialmente, a memória e caracteres grandes escritos à mão com caneta de feltro, recursos que se tornaram insuficientes para fazer o curso superior), pelo que procurei apoio junto da Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO).“
Como surgiu o atletismo na vida da atleta
“Foi numa das visitas àquela instituição que a minha irmã viu um placard anunciando atletismo para cegos e encorajou-me a experimentar.
Comecei a frequentar um grupo de marcha e corrida (ainda não tinha esse nome) às quarta-feiras e sábados.
Rapidamente, perceberam que tinha condição física (sou nascida na província, aldeia onde os meninos, naquela ocasião, eram muito ativos, para além de irem para a primária a pé, cerca de 3 km, saltavam, corriam..).
Convidaram-me a participar num campeonato da Europa em 1993 como uma forma de me incentivarem (resisti um pouco, não estava no meu horizonte), mas acabei por ir e ganhar uma medalha de bronze.
No ano seguinte, 1994, fui ao campeonato do mundo e fiz mínimos para os jogos Paralímpicos e aí compreendi que também poderia ser atleta, e foquei-me nisso.

Um currículo invejável
Assim, passaram 30 anos desde que me falaram pela 1ª vez em ser atleta de alta competição (3 de dezembro de 1992), participei em :
7 Jogos Paralímpicos (tendo obtido como melhores resultados, um 4º e um 5º lugares nos 5000 metros e 1500m, em Sydney, respetivamente, e um 6º lugar na Maratona em Tóquio 2020)
11 campeonatos da europa, 12 campeonatos do mundo, tendo conquistado: 18 medalhas, 8 de bronze, 9 de prata, 1 de ouro e estabelecido um record do mundo nos 5000 metros em 1998 Madrid.
“Estar focada nas coisas, nas soluções e não nas dificuldades”
Odete Fiúza não se considera um ídolo, mas pretende ser uma força motivadora “Não sei se posso falar em ser um ídolo, mas quero muito contribuir para que outras pessoas com e sem deficiência possam fazer desporto ou simplesmente mexerem-se!
A taxa de inatividade em geral em Portugal é muito elevada, pelo que, naturalmente, essa taxa é mais alta quando se trata de pessoas com deficiência.
Procuro sobretudo passar a seguinte mensagem: é preciso estar focado nas coisas, nas soluções e não nas dificuldades!
Claro que é muito reconfortante quando alguém diz: “comecei a fazer desporto porque a vi a correr!” Não faz sentido fazer as coisas só em proveito próprio.“
Sobre os seus objetivos futuros a atleta referiu-nos que pretende participar, pela última vez, nos jogos Paralímpicos Paris 2024 e, em 2023, na fase de qualificação, participar na taça do Mundo da maratona.
Madrinha do 31º Grande Prémio de Atletismo de A-do-Barbas “Memorial Fernando Figueiredo”
Também falou sobre o convite que lhe foi endereçado pela organização do 31º Grande Prémio de Atletismo de A-do-Barbas.
“Recebi o convite para ser madrinha desta prova com enorme satisfação porque, na verdade, é dada pouca visibilidade aos atletas com deficiência.
Assim, este convite tem uma dupla função: divulgar o atletismo adaptado e, em simultâneo, contribuir para a divulgação do evento!
Com efeito, este convite é especial, uma vez que se realiza num concelho que, também, é o meu.
Não conhecia esta prova, pois vivo em Lisboa desde os 18 anos, mas é uma oportunidade de reforçar as ligações às minhas raízes.
Quanto a conhecer a região onde vai decorrer o evento, o lugar de A-do-Barbas, freguesia da Maceira, não conheço em concreto, mas a zona envolvente conheço muito bem!
Espero que a minha presença possa contribuir para a maior divulgação do evento e para que outras pessoas nas minha condições e similares possam vir a participar.
Que seja um contributo para que mais eventos abracem a causa.“
E a terminar a atleta referiu-se ao nosso órgão de comunicação “Já conhecia “O Praticante” e considero que é muito importante na divulgação das modalidades com menor expressão noutros órgãos de comunicação.“