Santo Thyrso Ultra Trail em evolução e a surpreender

Santo Thyrso Ultra

Foto: Susana Luzir

6ª edição do evento, do Santo Thyrso Ultra Trail, sob a responsabilidade de organização do Núcleo Associativo de Santo Tirso e a Câmara Municipal de Santo Tirso, com o apoio média de “OPraticante.pt”, um evento que percorreu os trilhos de Santo Tirso e Paços de Ferreira.

Este ano com bastante adesão de participantes na prova, a contar com cerca de 2000 atletas, nos diversos distâncias do Santo Thyrso Ultra Trail.

No sábado foi realizado a prova para os mais novos, conseguindo assim, esta organização reunir a família em torno do desporto e o contacto com a natureza, nesta zona do país preenchida de história e zonas arqueológicas, convidando para a deslocação para um fim-de-semana de atividades e curiosidades.

Santo Thyrso Ultra
Foto: Juliana | Rita – JR Fotografia

Chegada a Santo Tirso…

Desta vez não foi preciso levantar muito cedo, mas chegámos ao local da prova, na fábrica de Santo Thyrso, uma hora antes da prova.

O ritual habitual e lá fomos levantar os dorsais e conversar um pouco com quem íamos encontrando. Eu tive a oportunidade de rever o Domingos, mais um que se apaixonou pelo Trail, nestes desafios constantes e no teste de superação, a minha definição de Trail.

Depois de estarmos devidamente equipados, fomos para a linha de partida, cruzamo-nos com os atletas de topo, alguns que eu conheço de outras provas, outros ainda me passam despercebidos.

Foto: Matias Novo

A partida estava bastante animada, como bombos e a animação da malta, a festa estava ao rubro, com o apoio de várias pessoas a assistir à partida.

Começa a contagem decrescente e com as batidas dos bombos ao mesmo ritmo, chegamos à final da contagem e… PARTIDA… Lá fomos nós… “Lobo Solitário” nos trilhos… do Santo Thyrso Ultra Trail.

Foto: Eduardo Camos

Km7

Os primeiros km, nunca são fáceis para mim, o corpo no geral não está em equilíbrio e como começamos logo em esforço, sinto uma pequena quebra.

Umas dores genéricas são sentidas mas têm de ser controladas, o habitual nesta fase inicial, nesta fase estamos em constante subida, sei que não é a parte mais difícil, mas por ser uma fase inicial, parece que transportamos um peso anormal, mas a afastarmo-nos da partida, os trilhos ganham a sua cor e eu lá vou obtendo o corpo de equilíbrio muscular.

Ao chegar ao primeiro abastecimento, verifico que estou a bom ritmo e como não podia ficar insatisfeito, os abastecimentos, não desiludem em relação às edições anteriores e estão bem completos…

Citânia de Sanfins …

O próximo abastecimento seria a Citânia de Sanfins, uma zona que convida à visita para as pessoas que apreciam as zonas arqueológicas existentes na Península Ibérica, sendo esta uma das mais importantes, surgiu por volta do século I A.C., ocupa cerca de 15 hectares, localizado estrategicamente entre o Douro e Minho, situa-se numa colina integrada numa zona de montanhas de afloramentos graníticos.

Este troço, na questão de acumulado positivo, seria o mais acentuado, subidas acentuadas seguidas de descidas interessantes, estava motivado e já tinha a máquina equilibrada, conseguia manter um ritmo constante na subida, mesmo caminhando e nas descidas, estava a conseguir acelerar…

Foto: Ferreira’s Photography

Descida técnica…

Até aqui estava a adorar, mas o melhor estava para surgir, a cada km, ia recordando as 4 edições anteriores que tinha participado, com um traçado um pouco diferente, sentia-me confortável e motivado. Quando a prova corre bem, tudo se saboreia de maneira diferente.

Neste último troço, começo notar mudanças a nível físico relativamente a provas anteriores, consigo ter mais capacidade e força para utilizar nas subidas. Quando assim é, sentes que estás no bom caminho e ficas motivado para continuar a usar a mesma estratégia e a querer sentir essa evolução.

Após, o abastecimento, início uma descida técnica, por meio de pedras e trilhos vou saltitando, sinto-me um verdadeiro lobo, livre e solto e adorar aquele troço, umas ligeiras subidas para não facilitar muito este troço, mas as subidas demoram tanto e as descidas terminam tão rápido.

Primeira barreira horária… do Santo Thyrso Ultra Trail

Já perto do km29, estava satisfeito com o tempo percorrido, cerca de 4 Km para a primeira barreira horária e estava na hora de subir. Motivado e com o sangue a fervilhar, ia realizando umas filmagens sobre a prova, para tentar recordar mais tarde. Acho que vou começar a gravar vários troços, para partilhar com todos a loucura que é participar nestas aventuras.

Como me sentia-a confortável, fui subindo com um ritmo constante, até ao abastecimento em Pilar, estava perfeitamente gravado na mente, o sofrimento nas primeiras edições, não era o caso nesta e na anterior, mas nesta estava acima da minha média, nunca me tinha sentido tão confortável.

Foto: Juliana | Rita – JR Fotografia

Entre brincadeira com a malta da prova e os voluntários em vários pontos nesta subida, pois basicamente estávamos a meio da prova, a boa disposição reinava.

Chego ao abastecimento, um verdadeiro manjar, sopa e uma bifana, rejeito a mini que também estava disponível e bebo a famosa Coca-Cola, do outro lado da mesa mal chego, encontro o meu amigo Paulo, sento-me um pouco e trocamos umas palavras, no meio de risos, digo-lhe para se despachar pois tinha-lhe prometido que cortava a meta antes dele… Ahahah…

A brincadeira saudável, pois competição não é o meu forte. Depois de ter a barriguinha preenchida, visto o impermeável, pois a chuva tinha surgido para completar a prova…

Santo Thyrso Ultra
Foto: Matias Novo

Próxima barreira horária…

Pronto para continuar em prova e após sair do abastecimento, tudo o que sobe desce, lá estava mais uma descida para eu ganhar ritmo. Mais uma subida acentuada, nesta fase já começamos a ressentir os músculos, pois uma subida com alguma inclinação e a segunda subida mais alta da prova.

A todo o custo chego ao ponto mais alto e ao iniciar novamente a descida, surge um circuito de uma espécie de Downhill, até pode ser um circuito mas desculpem a minha falta de conhecimento por não saber exatamente se é um circuito, para as Bikes, mas serpenteava e ao mesmo tempo pensava que seria espetacular fazer aquele percurso de BTT, pois as pranchas em madeira em vários pontos e as curvas eram convidativas a acelerar.

Santo Thyrso Ultra
Foto: Matias Novo

Mas o que é bom depressa acaba, e perto já do abastecimento, mais uma subida, não longa mas com alguma inclinação, esta barreira horária é ultrapassada, mais um bom abastecimento que ninguém se pode queixar de falta de mantimentos, chego a Valinhas, abasteço as garrafas e começo a sentir alguma tensão muscular.

Lá aparece o Paulo, mais uma troca de palavras mas não posso deixar arrefecer os músculos, não estava a ser fácil e lá uso o spray milagroso, spray de frio, mas ver se a parte muscular não me deixaria mal.

Foto: Fernando Ramos Fotografia

A subida ao Santuário da Nossa Senhora da Assunção…

Depois de tantos km, começo a sentir o corpo a falhar, na subida, tento aumentar a passada e não consigo. O Paulo passa por mim e tenta-me motivar em tom de brincadeira, mas de momento não consigo manter uma passada firme, vou fazendo uma gestão muscular, nada fácil.

Chegamos ao ponto mais alto, deste troço, ao iniciar a descida mais uma vez o Paulo chama-me… “Anda Manel!”…

Não sei onde fui buscar as forças, nem o que aconteceu, mas foi basicamente mental, comecei a embalar na descida e a pedir à malta para passar, ora pela esquerda ora pela direita, a um ritmo de querer terminar a prova rapidamente.

Foto: Susana Luzir

Ao passar pelo Paulo, respondi ao facto de ele me ter picado, disse: “Tenho de acabar primeiro que tu!, vemo-nos na meta”. Eu tinha brincado com ele na partida, nunca pensando que nesta fase estaria tão bem, segui a bom ritmo e fui passando companheiros principalmente nas descidas.

Faltava apenas a famosa subida ao santuário, todos dizem que esta subida final é a mais dolorosa, talvez não seja a mais acentuada, nem consigo afirmar, mas depois de somar tantos km, qualquer subida custa e esta não é de facto uma subida fácil principalmente a parte final.

Que trepamos por meio de rochas, mas lá trepei o último muro do santuário, em cima do muro, respiro fundo e penso, é só descer…

Com ritmo até à meta… do Santo Thyrso Ultra Trail

Chego ao abastecimento, encho as garrafas, petisco algo e início a descida, a grande descida da meta, cerca de 7 km, particamente a descer, até à fábrica de Santo Tryrso.

Estava com um tempo para mim surpreso, pois não imaginava conseguir chegar a este ponto com este tempo de prova.

Em modo de descida ligado, por meio de árvores e a bom ritmo, consigo acelerar em direção à meta, só vos posso dizer que consigo terminar a prova cerca de 45 min depois, com o tempo de 7h13m40s, na posição 155º na geral e 45º no meu escalão (M40).

Nelson Loureiro – OPraticante.pt – Foto: Juliana | Rita – JR Fotografia

OPraticante.pt a somar pódios 

A equipa de OPraticante.pt, esteve bem representada, outro representante na prova mais longa, a Ultra Trilhos foi o Fernando Mendes, terminou na posição 134º da geral e 23º lugar no escalão M45.

Na distância mais curta, tivemos 5 representantes, Nelson Loureiro a terminar com o tempo de 1h30m05s, a ocupar o 3º lugar da geral e 1º lugar no escalão M40.

Abílio Fernandes, com o tempo de 1h45m49s, 21º lugar da geral e 2º lugar no escalão M45.

Célia Neto – OPraticante.pt – Foto: Juliana | Rita – JR Fotografia

Célia Neto, a única representante feminina, com o tempo de 2h08m08s, ocupou a terceira posição no escalão Senior Feminino, 91ª posição na geral.

Carlos Morais, 427º lugar na geral e no escalão M45 ocupou a posição 54, com o tempo de 2h51m33s.

Nuno Fernandes, concluiu com o tempo de 3h04m08s, na posição 150º no escalão Senior Masculino e 497º lugar na geral.

Parabéns a todos os que nos representaram e uma parabenização especial a todos que conseguiram se superar e conseguir conquistar os pódios em nossa representação.

Os restantes resultados do evento podem ser consultados AQUI .

Santo Thyrso Ultra
Foto: Susana Luzir

Santo Thyrso Ultra Trail, em resumo…

Uma prova em constante evolução e nos surpreende a cada ano, muito bem marcada, com trilhos fantásticos e com a dificuldade associada.

Deixa-me a vontade de continuar a participar nesta prova, pois foi aqui que me aventurei nas distâncias de 50 Km.

Com abastecimentos variados e de qualidade, desde fruta a vários doces. Não posso deixar de enaltecer a sopa e a bela bifana distribuída na distância adequada, a meio da prova.

Tudo bem pensado e contínuo com uma avaliação super positiva desta prova e recomendo a desafiarem-se nestes trilhos magníficos.

Santo Thyrso Ultra Trail
Foto: Susana Luzir

Lobo Solitário e “OPraticante.pt” nos trilhos…

Em breve mais desafios…

Evento 2020.

Página do evento.

Foto de capa da autoria de Susana Luzir.

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Texto: Manuel Carlos Martins
Fotos: Cedidas pela organização da autoria de
Eduardo Campos / Fernando Ramos Fotografia / Ferreira’s Photography / JR Fotografia / Matias Novo / Susana Luzir

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