SLED BRILHA NA REBENTAÇÃO ATLÂNTICA DE CASCAIS

Foto: Organização
Depois de aparentemente terem estado privados de condições mais extremas durante os últimos anos, a equipa do Sled, de Takashi Okura, está a saborear o regresso ao vento forte e às ondas grandes em Cascais.
Águas atlânticas de Cascais exigem dos participantes
A equipa internacional sob bandeira americana — campeã do circuito e do mundo em 2021 — voltou ontem a demonstrar toda a sua mestria e força em condições exigentes nas águas atlânticas de Cascais, ao vencer de forma categórica a primeira regata e garantir um terceiro lugar na segunda.
Com isso, lideram o Rolex TP52 World Championship 2025 com um ponto de vantagem sobre o Paprec, de Jean-Luc Petithuguenin.
A equipa francesa venceu a segunda regata, superando os seis vezes campeões mundiais American Magic numa empolgante e rápida última popa.
Ficaram assim à frente da equipa de Doug DeVos por desempate.
Depois de uma noite de ventos fortes que castigaram a frota enquanto estava atracada, pareceu quase irónico haver um atraso à espera de vento mais estável numa zona de regata utilizável.
Mas quando entrou em força, tivemos as clássicas condições de Cascais — exatamente aquilo que o principal circuito mundial de monocascos de grande prémio veio procurar a Portugal.
Estilo skiff… em Cascais
Esta semana, o Sled está a ser timonado pelo treinador Adam Beashel, conhecido velejador australiano de skiffs e estratega da Taça América, com três participações com a equipa da Nova Zelândia.
O barco, todo branco e imaculado, teve uma excelente largada que permitiu a Francesco Bruni e Murray Jones aplicar a sua habitual alquimia táctica na primeira bolina.
Depois de rondar a primeira bóia na frente, o Sled literalmente levantou voo na popa, sendo imbatível graças ao melhor desempenho da frota em termos de manobras e condução.
O Alegre, de Andy Soriano, com o italiano Michele Ivaldi como tático, foi segundo na primeira regata, enquanto os American Magic ficaram em terceiro.
Os tricampeões mundiais Platoon Aviation terminaram em 11.º após perderem o proa ao mar, navegando sem balão.
O tripulante foi rapidamente resgatado e submetido a exames médicos de rotina.
Na segunda regata, American Magic e Paprec fizeram as melhores largadas, novamente com cerca de 18 a 20 nós na linha de partida.
Havia bastante mais vento ao largo, à esquerda do campo de regatas, mas também uma rotação favorável à direita, o que criou dilemas táticos.
A equipa de American Magic, liderada por Terry Hutchinson, Victor Díaz de León e Sara Stone, geriu bem a primeira bolina e passou na frente.
Mas na última popa, a equipa francesa liderada por Loïck Peyron esteve inspirada, apanhando melhores rajadas e ondas que lhes permitiram entrar por dentro dos americanos, ultrapassando-os para uma vitória triunfante — a primeira de Peyron desde que entrou na classe no ano passado.
Mais sensação, menos dados
“Estávamos dentro!” — sorriu Peyron.
“Não sei se foi o toque francês ou outra coisa, mas o engraçado é que nessa última regata, que vencemos — a minha primeira vitória na 52 SUPER SERIES —, não tínhamos eletrónica nenhuma.
Nada de números. Foi tudo à base de feeling. E há aqui uma lição: demasiados dados matam a intuição. Só tínhamos ‘velocidade’ e ‘rumo’.
Para nós, vencer uma regata tem muito simbolismo. E foi mágico. Conseguir igualar a cambadela dos rapazes e raparigas do Quantum foi mesmo especial. Adorámos!”
“Estar na frente ao fim do primeiro dia não significa nada” Adam Beashel, timoneiro do Sled
Adam Beashel, timoneiro do Sled, mostrou-se discretamente satisfeito com o dia:
“As manobras hoje foram cruciais — basta uma má e acabou. A gestão das ondas foi fundamental: entrar bem numa vaga, surfar, fazer a cambadela no momento certo.
É como os velhos tempos no Laser, a puxar a vela para o outro lado.
A comunicação foi essencial: toda a tripulação tem de estar em sintonia, porque basta um elo fora do ritmo e tudo se desmorona.
Não tenho muita experiência a timonar estes barcos, mas nestas condições é como velejar um skiff na popa.
Estar na frente ao fim do primeiro dia não significa nada — ainda falta muito. Mas claro, é melhor estar no topo do que noutro lado qualquer.”
O estratega Victor Díaz de León, dos American Magic, resumiu o dia:
“Foi muito desafiante lá fora. Tínhamos muito vento à esquerda, ao largo, e muito menos à direita, mas com role. Com cinco pontos ao fim do dia, estamos muito contentes.
O Sled navegou muito bem, todos os elogios para eles. Estamos a seguir o nosso processo e acreditamos que é o caminho certo.
Vamos manter o rumo. Uma boa largada na segunda regata facilitou, mas também acho que tivemos uma boa leitura das condições.”
Uma organização do Clube Naval de Cascais que conta com o apoio da Câmara Municipal de Cascais, entre outros parceiros institucionais e privados.