Trail na Serra da Aboboreira recheada de segredos

A Serra da Aboboreira, situada na cordilheira do Marão, está recheada de segredos bem guardados e foi palco de mais uma edição da prova de Trail Running Ultra Trilhos da Aboboreira.

Nesta II edição, os participantes disfrutaram de uma experiência de Trail Running ainda mais genuína.

Feira do Cavalinho

A Feira do Cavalinho, em Gondar, foi o local escolhido pela Associação Desportiva de Amarante, organizadora do evento, para centrar quase todos os meios envolvidos na organização do Ultra Trilhos da Aboboreira.

Secretariado, partidas, chegadas e comida tudo ali ficou centrado, somente os banhos se encontravam localizados num mini campo de futebol a cerca de 2 kms, tendo a oranização colocado ao dispor dos atletas um autocarro que efectuava o transporte dos atletas para e de o banho para a Feira do Cavalinho.

Foi dia de pensar com cabeça na prova e na distância que iria percorrer, perante o calor que se fazia sentir, optei por reduzir a minha participação e alinhar nos 16 kms, que acabaram afinal em cerca de 19 kms, e que valeram pelo percurso magnifico que usufruí.

Foi dada a partida e começamos a a atacar a subida para Serra da Aboboreira.

Conhecer a Serra da Aboboreira

A Serra da Aboboreira fica localizada no extremo noroeste do distrito do Porto, num espaço ímpar no que à conservação da biodiversidade da região do Douro-Litoral diz respeito.

A Serra da Aboboreira constitui um maciço granítico de relevos moderadamente pronunciados, adstrito ao sistema montanhoso Marão/Alvão que, apesar da sua imensa riqueza e diversidade natural, permanece à margem da estratégia nacional de conservação da natureza.

Aboboreira apresenta um mosaico gradativo e diversificado de ambientes naturais, onde áreas cultivadas e moderadamente intervencionadas pelo Homem alternam com vastas zonas selvagens de habitat natural ou seminatural.

Com efeito, resultado da milenar acção humana – o povoamento da serra da Aboboreira remonta ao período de 5000-4500 a. C., altura em que terão surgido os primitivos povoados em plataformas próximas de linhas de água.

Também nessa altura surgem as primeiras estruturas funerárias (antas ou dólmenes) que haveriam de dar corpo, entre o início do IV milénio a.C. e os meados do II milénio a.C., a uma vasta necrópole megalítica, das maiores que actualmente se conhecem em território português, com cerca de 40 tumulus identificados – e das peculiares condições geoclimáticas.

A Aboboreira apresenta uma assinalável diversidade e diferenciação na sua cobertura vegetal, designadamente nos andares superiores, onde subsistem as relíquias botânicas deste espaço montanhoso.

Feita a apresentação da Serra da Aboboreira, voltemos à prova

Foi por esta Serra que se iniciou, o Ultra Trilhos da Aboboreira, numa subida sinuosa com curva e contra curva, faltou apenas a sinalização vertical, a avisar os atletas destas curvas, mas não faltaram marcações, nem elementos da organização estrategicamente colocados por todo o percurso.

Ao Pé Redondo chegámos, depois um entroncamento onde ocorreu a separação do Ultra, do Trail Longo e Curto, os dois primeiros para a esquerda, o último para a direita.

Virei à direita, e prossegui, e nesses instante senti-me ” VIP “, pois ” Caminho exclusivo para o trail curto ” dizia a placa colocada pela organização no inicio do trilho, mas que a exemplo do início da prova, voltou a ser sinuoso, embora de menor inclinação na sua progressão.

Os primeiros 10 kms a prova tiveram mais subida do que descida

As belíssimas paisagens que se pode usufruir do cimo da Aboboreira, como das restantes Serras, sobre a Serra do Marão, valeram o passeio, a prova, deu para desfrutar o melhor que a natureza nos dá, enquanto existe.

Fica a promessa de voltar para participar, mas desta vez no Ultra e poder usufruir da a beleza que esta Serra proporciona a quem a percorre, a quem a visita, e que só os que participaram no Ultra tiveram oportunidade de apreciar na sua totalidade.

De salientar a preocupação que a organização teve ao colocar mais postos com abastecimentos líquidos, no decorrer do evento, ao longo dos percursos, inclusive para o percurso escolhido para os 16 kms ? tiveram essa preocupação, muita sombra, tanques cheios de água, ribeiros, que nos proporcionaram a possibilidade de nos irmos refrescando.

E depois dos primeiros 10 kms a subir e que transformaram a minha prestação mais em caminhada do que em corrida, fizeram-me recordar as palavras do meu amigo Davide Pinheiro antes do inicio da prova, que me aconselhava que fosse à caminhada seriam menos kms e menos duros.

Finalmente vieram os restantes cerca de 9 kms, com mais descidas, onde nuvens de pó eram levantadas à passagem dos primeiros atletas. Mas ali, não era o pó solto naqueles trilhos tortuosos que nos iria agora impedir de prosseguir em direcção ao objectivo final: a Meta.

Objectivo ” A Meta “

Ainda antes de chegar à meta, ainda tive oportunidade de conhecer o Pedro Bermejo Montero – 154º geral – 3:28;16, com quem troquei umas palavras, bem como com a sua irmã Ana Bermejo Montero – 169º geral – 3:55;21, dois espanhóis que vieram participaram em provas de trail em Portugal e me confidenciaram ” Viemos acompanhar outro companheiro que está a disputar o longo, é a 3ª vez que a Ana participa, eu ” Pedro ” a 1ª em provas de trail em Portugal, gostamos imenso, viemos também promover o nosso trail: II Trail Ribeira Sacra“.

Pedro Montero – Ana Montero – David Silva

E finalmente cheguei à Meta, onde fui recebido com todas as pompas e circunstâncias que qualquer atleta do 1º ao ultimo merece.

Seguiu-se a viagem até ao banho, de regresso agora bem mais fresco, foi hora de saborear a bela bifana servida pela Juliana acompanhada de uma bela preta bem fresquinha que ajudou a empurrar a sande garganta abaixo.

Expresso a minha solidariedade com as vítimas do incêndio da zona do Pedrogão Grande, que ali deflagrou, que roubou vidas e prejudicou toda uma região, cuja beleza agora demorará anos a recuperar, inclusive o trail da Louzan, que se acabou por não realizar.

2ª edição supera número participantes

Para finalizar entrevistei o Diretor do evento e Presidente da Associação Desportiva de Amarante – António Mendes que manifestou a sua satisfação pelo sucesso de mais uma edição.

Questionado sobre a prova ter o seu inicio mais cedo, disse ser uma situação a analisar de ano para ano, pois existem vários aspectos legais que têm de ser tratados com antecedência e que em cima da hora nem sempre é possível alterar.

Tem consciência das dificuldades sentidas pelos atletas no decurso das suas provas devido à temperatura ambiente que se fez sentir, mas infelizmente não foi possível à organização alterar horários à última da hora.

David Silva – António Mendes

É um evento para prosseguir dando a conhecer a Serra da Aboboreira aos atletas, e apesar de a alguns kms dali se ter realizado outro evento, não impediu que a 2ª edição superasse o numero de participantes em relação à 1ª.

A Associação Desportiva de Amarante, é uma associação eclética, uma referência no desporto em Amarante, com vários atletas de relevo, como o vencedor do Ultra deste evento ser um atleta da Associação ou ainda um atleta olímpico na canoagem. A ADA vai continuar a sua forte aposta no desporto para todos, na formação desportiva para os mais jovens das diversas modalidades dinamizadas.

Convivio final

Próximos eventos ” A Tribolada ” e uma caminhada nocturna

Os próximos eventos são uma caminhada nocturna de 8 para 9 de julho na Serra do Marão e um torneio onde se juntam três modalidades, voleibol, Futebol e Andebol de Praia: ” A Tribolada “.

Finalmente, seguiu-se a viagem até ao Porto e regresso a casa, não sem antes assistir à chegada do vencedor do Ultra chegar e com ele trocar uma palavras.

Uma palavra de agradecimento ao Davide Pinheiro, colaborador de O Praticante, e à sua família, que me proporcionaram as condições para que me deslocasse e pudesse participar.

E agora falemos dos vencedores de cada distância

Ultra Trail da Abobeira

César Duarte – A. D. Amarante vencedor da Ultra

César Duarte, atleta da Associação Desportiva de Amarante Trail Running, foi o vencedor do Ultra, com 5h22m41s. No final prestou declarações à nossa equipa de reportagem, dizendo ” Que o percurso foi magnifico, a prova devia ter começado mais cedo, foi uma boa preparação para a prova do Carlos Sá “.

Sandra Arribanca

Nelson TeixeiraCrocodilos / Misterpc – 5:27;19 e Artur PereiraClube Pesca de Amarante – 5:31;00, foram o 2º e 3º classificados.

Sandra Arribanca – Individual – 6:17;08 foi a vencedora feminina, seguindo-se-lhe nos lugares imediatos Ana VieiraAmigos do Pedal Trailagares – 6:23;00 e Fatinha Pinto – Individual – 6:57;01

Trail Longo

O vencedor Leonel CunhaSatecnosol Outdoor, que necessitou de 2h23m01s para percorrer a distância. Com uma diferença de pouco mais de 2m, chegou Paulo Costa – Associação Desportiva de Amarante Trail Running – 2:25;22 e também com a mesma diferença entre os dois primeiros, chegou Bruno Coelho – Satecnosol Outdoor – 2:27;23.

Rosália SilvaTeam Lamtemil, venceu com 3:19;03, Alexandra Fernandes – Individual – 3:26;44 e Rita LoureiroOralklass Amigos do Trail – 3:30;04, completaram o pódio

Trail Curto

Tiago Pereira – F. C. Penafiel, foi o 1º com 1h32m27s, tendo Alfredo PinheiroFridão sem limites – 1:39;14 obtido o 2º lugar e o 3º a ser obtido por Nuno CarneiroClube Zupper Associação – 1:39;21.

Em femininos Rosa Barros – Associação Desportiva de Amarante Trail Running, venceu com 2:09;10, pouco mais de 1 minuto, chegaram a segunda e terceira, num sprint até à linha da meta, tendo Joana Gonçalves – Oralklass Amigos do Trail – 2:10;21 levado a melhor sobre Andreia Almeida – Fridão sem Limites – 2:10;43.

OPraticante.pt fez-se representar por David Silva, que participou no Trail Curto, obtendo 85º geral / 6º M50 – 2:45;34.

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Fotos: Davide Pinheiro / Marco Paulo / Vitor Costa

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