Um êxito Serra do Branco, cobriu-se de branco

No passado dia 14 de fevereiro, dia de São Valentim, Dia dos Namorados, realizou-se a primeira edição do Trail Serra do Branco, nas localidades de Colmeias e Memória, em Leiria.
Serra do Branco…não é nenhuma “Serra da Estrela”…mas é uma zona com uma geografia acidentada, sobretudo muitos montes, e foi neste local que um grupo de atletas amadores, mas amantes das modalidades que praticam, organizou este evento em três distâncias, 30 e 18 kms de trail, e uma caminhada de 8 kms, com bastante adesão apesar da intempérie que se fez sentir, e cujo granizo que caiu cobriu alguns lugares de branco, fazendo jus ao nome da Serra.
A entrega dos dorsais efectuada no Pavilhão de Colmeias, foi rápida e eficiente, o espaço para o estacionamento envolvendo o pavilhão, teria suportado um maior número de viaturas do que as que estiveram presentes, e seria onde os participantes puderam tomar o reconfortante banho, foi efectuada a entrega dos prémios, e servido o almoço.
A partida / meta de todos os percursos estava localizada numa rua adjacente ao pavilhão, com a cronometragem entregue ao Trilho Perdido, os 30 kms, com um desnível de 1100+ partiram mais cedo, foi uma prova circular com o percurso a passar pelos lugares de Farraposa, Picoto, Cabeças de Lagares, Regueira do Freixo, Lourais e Chumbaria, sendo composto por estradões, caminhos de pinhal, trilhos técnicos, single tracks, passagens em estradas de alcatrão e em ribeiras da zona, uma prova que de inicio seria de dificuldade média, mas que como à frente explicarei se tornou muito mais exigente a exemplo dos 18 kms.

O conhecidissimo Luís Mota em representação da CBA, foi o destacado vencedor com 2h38m56s, seguido em 2º de Tony Maia – Ourém Vida Team – 2:43;44 e 3º Francisco Gaio – Fisio-Massagem – 2:5;03, outro conhecessidimo atleta de trail a completar o pódio, em femininos Patrícia Carreira da Juventude Vidigalense, com 3:03;52, surpreendeu ao classificar-se em 9ª da geral, com a segunda classificada Cármen almeida – SS Montepio Geral – 3:58;42 a chegar quase uma hora depois e Sofia Portela – Não faço nem mais um km – 5:13;41 a fechar o pódio.
António soares o único representante de O Praticante nesta distância obteve 13º geral / 7º escalão – 3:18;20.
Seguiram-se os participantes dos 18 kms, cinco minutos depois, foi também uma prova circular, com 700m D+. O percurso foi composto por idênticas características dos 30 kms, passando pelos lugares de Lameiria, Farraposa, Serra do Branco e Chumbaria.
Nélio Almeida – Atlético São Mamede, com 1h31m47s, foi o digno vencedor desta distância, dando mais de sete minutos ao 2º Bruno Silva SR Jardoeira/Runcrosstrail.com – 1:38;45 e oito ao 3º António Silvino – Atlético São Mamede – 1:39;41, em femininos Anabela Remédios – Atlético clube São Mamede – com 2:03;08 venceu, mas com menor diferença que em masculinos, tendo a 2ª Filipa Casimiro – Clube Sem terminado com 2:05;28 e a 3ª Neuza Gomes – Slow Runners Pombal.
A equipa de O Praticante teve em Eduardo Figueira o seu melhor representante 98º da geral / 43º escalão – 2:26;52, Antónia Furtado 167º G / 7ª E – 3:00;46, Carlos Figueira 168º G / 70 E – 3:01;35, Carla Figueira 169º G / 13ª E, David Silva 180º G / 74º E – 3:15;24 e Elisete Manuel 192º G / 10ª E – 3:54;20 fechou a equipa
Um evento magnifico pelo seu traçado e pela beleza da região, tendo os participantes passado por casas e aldeias abandonadas, sinal do abandono do interior do país pelos seus habitantes, em busca de melhores vidas, no decorrer da prova, tudo se visualizou, tudo sentiram os atletas, desde o frio, a chuva que em boa parte do percurso os batizou, como o Sol que a trechos os vinha aquecer e secar, até à chuva de granizo em quantidade aceitável, que ainda cobriu o terreno em alguns lugares de branco, para além destes factores, tiveram de enfrentar o terreno, que na sua maioria ficou lamacento, lembrando a canção cantada em 1981 (Se cá nevasse fazia-se cá ski), com poças, isto é ser meigo, nalguns lugares mais parecia pequenos lagos, mas nada que os praticantes de trail não estejam habituados, até os caminhos nalguns lugares se transformaram em ribeiros, provocando nalgumas subidas que foram percorridas, cascatas dignas de excelentes fotos, tivessem os fotógrafos tido coragem de se deslocar até lá, o vento também não se faz rogado, e apesar de não ter sido convidado, manteve-se sempre presente e com alguma intensidade a breves trechos.

Foram as condições atmosféricas que levaram a prova a passar de dificuldade média, para uma maior intensidade e a exigir um maior esforço físico, mas no fim, a satisfação era patente, e a superação de mais um evento, do cortar da meta, era visível no rosto dos participantes, levou o cansaço, levou tudo e já se pensa na próxima prova, venha ela.
Ao grupo de atletas que teve a coragem de levar o evento por diante, dar-lhes os parabéns, foram corajosos, audazes, e merecem as felicitações de todos, criticar é fácil, é o que muitos fazem a toda a hora, mas meter mãos à obra não é para todos, e eles tiveram essa coragem, de passar de atletas a organizadores.
Por fim ouvimos um dos organizadores Rui Neto (organização do Trail Serra do Branco), que declarou à nossa equipa de reportagem.
“Hoje foi o culminar de meses de preparação, incontáveis horas de reuniões, de montagem de um “monstro logístico” que, com franqueza, os cinco elementos da direção da prova não faziam ideia, no início, da dimensão que a prova viria a ter. Agora que terminou, e num balanço global, temos de estar muito agradecidos a toda a equipa, que não negou esforços para realizar esta prova. Foram necessários perto de 80 pessoas para montar esta primeira edição do TSB. Uma palavra especial de agradecimento à Junta de Freguesia de Colmeias e Memória, que nos apoiou desde o momento em que a prova era apenas uma ideia.”
“Do feedback que nos tem chegado pela boca dos atletas e pelas redes sociais, não podíamos estar mais satisfeitos e orgulhosos pelo trabalho que desenvolvemos. É muito importante receber esse feedback, dá-nos força para continuarmos. Sentimos o dobro do que os atletas sentem, seja por satisfação ou por insatisfação.”
“A meteorologia tornou a prova brutalmente dura, com frio, vento, chuva, muita lama e até granizo! Não temos dúvidas que ficará marcada na memória dos atletas.”
“O percurso da caminhada teve de ser alterado e remarcado várias vezes, inclusive na noite anterior, o que criou alguns problemas que necessariamente teremos de corrigir para o ano.”
“Tivemos a presença de perto de 90% dos atletas inscritos no trail, num dia de temporal medonho. A confiança que tiveram nesta equipa tem de ser recompensada com um redobrar de esforço na realização da prova para o ano. A fasquia ficou colocada bem alto mas saberemos responder com esforço e dedicação. É como o nosso slogan diz: por amor aos trilhos!”
A terminar só mesmo dizer, queremos cá estar em 2017
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Texto: Henrique Dias
Fotos: Miguel David