À conversa com Mário Pereira, um amador com grandes sonhos

OPraticante.pt esteve á conversa com Mário Pereira, um atleta amador de ciclismo (vertentes estrada e BTT) que começou a pedalar em Agosto de 2017.
Definimos o Mário Pereira como um desportista disciplinado, com objetivos bem definidos e sempre a querer ser mais forte que a sua sombra.
Mário Pereira tem 39 anos, é Informático de profissão e começou a dar as primeiras pedaladas em finais de Agosto de 2017, numa bicicleta de montanha Specialized Hardrock 29” com perto de 16kg.
Como nem sempre tinha companhia para andar no mato e tinha algum receio de lhe acontecer algo por lá estando sozinho, começou a andar com a bike de btt na estrada e começou a tomar o gosto pela modalidade.
Texto: Rui Bastos
Fotos: Cedidas pelo Mário Pereira
Página do Mário Pereira
Mário Pereira o que te motiva para treinares?
Grande parte das vezes não estou motivado, honestamente. Porque não é a motivação que me faz pedalar, que me faz levantar às 6h ou às 7h da manhã, em pleno Inverno, com temperaturas perto de negativas.
Tenho é uma disciplina fantástica e além disso, se realmente quero fazer algo penso que, sem compromisso, nunca iremos começar nada mas, muito mais importante, sem consistencia, nunca iremos terminar.
E o meu compromisso, para começar, é a minha saúde, é eu querer ver até onde estão os meus limites, e ver até onde consigo ir.
Quais os teus objetivos pessoais?
Aprender a estar confortável fora da minha zona de conforto.
Parece cliché, mas quero apenas tentar melhorar, ano após ano, o que venho a fazer e a aumentar a minha capacidade e a minha versatilidade na modalidade.
Gosto imenso de andar com malta que anda mais, melhor, mais resistente, mais forte, que me eleva e tira da zona de conforto, pois só assim consigo progredir.
Como é a tua rotina diária ligada à bicicleta?
Faço treinos estruturados no rolo durante a semana, entre 2 a 3x ,consoante o que pretendo melhorar e as zonas que isso implica e deixo as voltas com o pessoal amigo para os fins de semana.
Sou bastante versátil na alimentação
Como é que toda esta situação Covid19 alterou a tua rotina?
Curiosamente, a situação do Covid19 veio, em certa parte, melhorar a minha rotina.
1 ou 2 semanas antes de entrarmos no primeiro confinamento, adquiri um rolo e comecei a pedalar no Zwift para ir mantendo alguma atividade durante a semana e estar melhor quando fosse para a rua, ao fim de semana.
O que é certo é que o confinamento veio transformar essa conveniência na nossa realidade durante uns tempos, onde pedalava nos rolos praticamente todos os dias, entre os mais variados treinos e voltas, uns mais puxados.
Com essa consistência nos rolos e os mais variados estimulos, a minha condição foi melhorando aos poucos, o que me foi de facto uma mais valia.
Que cuidados tens com a alimentação tendo em conta a prática da modalidade?
Sou bastante versátil na alimentação e como de tudo um pouco, mas sempre com base no treino que vou efetuar.
Cada caso é um caso e o que funciona para o individuo x, poderá não funcionar para outro, mas para mim a dieta em cima da bicicleta não funciona, pois prejudica a performance.
Em voltas de fim de semana mais intensas e onde andas a rolar na zona 4, por exemplo – TGV, nunca vou em jejum.
Ao fim de 1h e de hora em hora, aposto em cerca de 70g/HC/hora e 1 bidon com eletrólitos/hora.
Em longas distâncias (200kms para cima), faço o chamado “carb-loading” que consiste em encher a reserva de glicogénio muscular nas 24h/48h anteriores ao evento, de modo a ir mais confortável e com maior capacidade muscular (e com as reservas cheias).
Até lá, modero a alimentação. Água. Muita água. Sempre.
Qual é a tua prova de sonho?
Para estrada, fazer, literalmente, o Paris-Roubaix e de BTT, é o Cape Epic.
Que provas tens para 2022?
Neste momento, é tudo incerto. O Covid anda a colocar tudo no limbo e não me posso comprometer com muita coisa.
No entanto e para já, vou ser estreante no Algarve Bike Challenge em Março.
Qual foi o teu maior desafio em 2021?
Superar-me. É sempre o meu maior desafio.
Sou o meu maior e pior critico. Mas é isso que me dá a capacidade de manter o compromisso e a consistência que tenho vindo a manter.
Que conselhos podes deixar a todos os praticantes desta modalidade?
Para quem está a começar e começa a ganhar o bichinho do pedal, não páre.
É pela saúde, é pelo convívio, é pelo ar fresco ?
Já são ótimas razões e já bem a todos.
Se já pedalam há algum tempo e gostavam de melhorar e progredir mas sentem-se encurralados, saiam da zona de conforto.
Isto poderá signifcar várias coisas: arranjar um rolo e fazer rolos durante a semana, andar com malta mais forte e que nos faz andar sempre no limite, ir fazer aquelas subidas que sempre olhámos mas que nunca fizemos, andar com aquela grupetta e testar a caixa e ver até onde podemos ir.
Simplesmente, andem. Mais, melhor. Sejam consistentes e persistam. Os resultados virão.
Os nossos maiores agradecimentos pela disponibilidade do Mário Pereira ao conceder esta breve entrevista e desejando-lhe uma excelente continuação no desporto e na sua vida pessoal.