Golf | Serenata à chuva para Aléxander Lévy no 8º Portugal Masters
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Pedro Figueiredo e Ricardo Melo Gouveia ganharam pela primeira vez um prémio monetário no Portugal Masters, o mais importante torneio português de golfe, que ontem voltou a ser fustigado pelo mau tempo, forçando o European Tour a anular a terceira e última volta.
Eram 13h23 quando uma nova carga de água alagou o campo e não mais se reatou a prova.
Os resultados de Sábado à noite, referentes à segunda volta, foram, assim, declarados resultados finais do torneio do Turismo de Portugal, que, por ter sido encurtado para 36 buracos, viu os prémios monetários oficiais reduzidos em 75%, ou seja, de 2 milhões para 1,5 milhões de euros.
O campeão foi o francês Aléxander Lévy, de 24 anos, que somou o seu segundo título do European Tour, o segundo deste ano, depois do Open da China, em abril.
Aléxander Lévy tem grande passado
Lévy subiu do 28º ao 19º lugar da Corrida para o Dubai, o ranking oficial da primeira divisão europeia, depois de receber a taça das mãos de João Cotrim Figueiredo, o presidente do Turismo de Portugal, e de embolsar 250 mil euros, em vez dos 333.330 inicialmente previstos.
Foi uma estreia auspiciosa de Lévy, que nunca tinha jogado o Portugal Masters mas que mais parecia conhecer o campo desenhado pelo mítico Arnold Palmer como a palma da sua mão.
Afinal, em duas voltas, não sofreu qualquer bogey (apenas o terceiro jogador a conseguir esse feito na história do European Tour).
Em contrapartida, carimbou 18 birdies, para um total de 124 pancadas (63+61), o melhor resultado de sempre do torneio aos 36 buracos. Não é, contudo, recorde, por se ter jogado com “prefered lies”, mas é um feito.
Foi só no discurso de campeão que o jogador que deverá entrar no top-75 do ranking mundial desvendou o segredo: «Adoro este local, o Oceânico Victoria, porque ganhei aqui há uns anos o Campeonato da Europa Amador por Equipas».
Lévy fez parte de uma famosa seleção francesa que venceu não só o tal Europeu disputado no Algarve em 2011, mas também o Campeonato do Mundo Amador por equipas.
Agora, como profissional, também já está a fazer história para o golfe francês. É o primeiro do seu país a triunfar no Portugal Masters; é o primeiro francês a vencer dois torneios do European Tour numa mesma época; e é o mais jovem francês a vencer dois torneios do European Tour na sua carreira.
Neste último recorde, o de precocidade, Lévy fixa-o com vitórias em 2014 no Open da China e no Portugal Masters com 24 anos, superando os 25 anos que Grégory Bourdy tinha quando foi bem sucedido no Estoril Open de Portugal de 2008, no Oitavos Dunes, então, o seu segundo troféu do European Tour.
Há quem não se lembre, mas jogadores como o irlandês Rory McIlroy e Martin Kaymer brilharam no Portugal Masters antes de serem n.º1 mundiais. Será este Aléxander Lévy outro exemplo?
O certo é que, com estes dois títulos em 2014 irá fazer com que os media franceses não se concentrem unicamente no seu nº1, Victor Dubuisson, que também estava previsto para este Portugal Masters mas desistiu antes do início da prova, por extremo cansaço depois da Ryder Cup e do Alfred Dunhill Links Championship.
Para Aléxander Lévy, um antigo jogador do Challenge Tour, como o são agora os portugueses Pedro Figueiredo e Ricardo Melo Gouveia, a época está a ser um sonho: «Se no início do ano me tivessem dito que iria ganhar dois torneios teria respondido que nunca!».
O francês que em tempos residiu nos Estados Unidos (ver declarações completas em anexo) admite que «não é a mesma coisa» ganhar um torneio que só tenha duas voltas, mas acrescenta logo: «aceito o título de bom grado.
«É uma vitória e joguei realmente bem durante 36 buracos. A questão é que só joguei 4 pancadas em todo o fim de semana!».
Melo Gouveia com Ryder Cupper
O campeão, Lévy (-18), o vice-campeão, o belga Nicolas Colsaerts (-15), e o 3º classificado, o chileno Felipe Aguilar (-13) só jogaram, na realidade, um buraco, pois saíram às 13h00 e iam jogar o buraco 2 quando tudo foi interrompido.
Para eles, a anulação da terceira e última volta não implicou um grande esforço, mas, por exemplo, Pedro Figueiredo já ia no buraco 9 e Ricardo Melo Gouveia até já tinha conseguido completar os 18 buracos, cumpridos em 71 pancadas, a Par do campo.
«Pessoalmente, esta decisão beneficiou-me (ver declarações completas em anexo), porque hoje ia 3 pancadas acima do Par. Teria de jogar excecionalmente bem no back nine para voltar onde estava (-6 no início da volta), mas, como tinha dito antes, o duplo-bogey de no último buraco (da segunda volta) acabou por custar-me caro», disse “Figgy”, que, oficialmente, somou 136 pancadas (67+69), 6 abaixo do Par.
Foram-lhe anuladas as 3 pancadas perdidas de rajada nos buracos 6 (bogey) e 7 (duplo-bogey).
Com efeito, não fosse esse duplo-bogey e o campeão nacional de 2013 teria terminado no grupo dos 17º classificados com um prémio de 19 mil euros em vez do 30º posto empatado com um cheque de 12.900 euros.
Pedro Figueiredo tem estado alojado na casa do seu amigo Ricardo Melo Gouveia, os dois têm muitas semelhanças nas suas carreiras e hoje “Melinho” também teve um mau front nine. No seu caso, foi 1 duplo no buraco 3 e 1 bogey no 7. Mas o algarvio ainda teve tempo de se redimir com um bom back nine, com 3 birdies nos últimos 6 buracos.
Claro que todo esse esforço de mais de quatro horas foi inglório. Melo Gouveia tinha subido 4 lugares na classificação geral – Figueiredo tinha descido 39 – mas nada disso contou, dada a anulação dos resultados de hoje. Foi compensado com 3.825 euros.
Apesar de tudo, o recente campeão de um torneio do Challenge Tour em Roma não deu o seu tempo por mal empregado. Afinal, teve a oportunidade de jogar ao lado do capitão da seleção europeia que venceu a Ryder Cup há três semanas e que tem uma academia mesmo ao pé da casa do português, na Quinta do Lago (ver declarações completas em anexo).
«Foi muito bom jogar com o Paul McGinley. É uma pessoa espetacular, muito simpático, muito humilde e deu-me muitos conselhos para o futuro. Espero jogar mais vezes com ele. No final desejou-me sorte para o futuro. Disse-me que devo manter as coisas simples e continuar a trabalhar nas coisas em que estou a trabalhar e ser eu próprio. Foi o conselho principal: ser eu próprio».
Resultados principais
Os resultados principais da classificação final, após 36 buracos oficiais, foram os seguintes:
1º Aléxander Lévy (França), 124 (63+61), -18, €250.000.
2º Nicolas Colsaerts (Bélgica), 127 (60+67), -15, €166.660.
3º Felipe Aguilar (Chile), 129 (65+64), -13, €93.900.
30º (empatado) Pedro Figueiredo (Portugal / Meo Team), 136 (67+69), -6, €12.900.
58º (empatado) Ricardo Melo Gouveia (Portugal / Srixon), 139 (70+69), -3, €3.825.
Portugueses que falharam o cut
68º (empatado) Ricardo Santos (Portugal / Oceânico Golf), 140 (71+69), -2.
97º (empatado) Tiago Cruz (Portugal / Banco BIG), 143 (73+70), +1.
101º (empatado) Hugo Santos (Portugal / Ping), 144 (70+74), +2.
101º (empatado) João Carlota (Portugal / FPG), 144 (73+71), +2 (amador).
101º (empatado) Tomás Silva (Portugal / FPG), 144 (72+72), +2 (amador).
118º Gonçalo Pinto (Portugal / Hilti), 151 (79+72), +9.
Note-se que, por ter falhado o cut, Ricardo Santos não foi muito penalizado na Corrida para o Dubai, perdendo apenas 1 lugar para a 112ª posição.
O nº1 português necessita de encerrar a época no top-110 desta classificação oficial do European Tour e tem ainda dois torneios pela frente para consegui-lo, em Hong Kong (China) para a semana e depois em Perth (Austrália).
Texto: F.P.G.
Fotos: F. P. G. / Stuart Franklin da Getty Images