Golfe | 5º Campeonato Internacional Amador de Portugal Masculino

SÁBADO
Paolo Ferraris campeão – Pedro lencart em 29º
Português de 14 anos brilha no último dia, mas o título foi, pelo segundo ano consecutivo, para um italiano, este de 21 anos, que conquistou em Portugal o seu segundo título internacional da EGA.

O italiano Paolo Ferraris, de 21 anos, sagrou-se hoje (Sábado) vencedor do 85º Campeonato Internacional Amador de Portugal Masculino, sucedendo no palmarés de campeões ao seu compatriota Renato Paratore. Pedro Lencart, de apenas 14 anos, subiu do 32º ao 29º lugar, depois de, na véspera, ter sido o único português a passar o cut, dos 12 que iniciaram a prova no Hotel & Golf Resort, em Palmela.
Paolo Ferraris conquistou o seu segundo título em eventos da Associação Europeia de Golfe, a contarem para o ranking mundial amador, depois de, no ano passado, ter sido 1º na 13ª edição do Campeonato Internacional da Turquia. Mas o peso da história do torneio português e o facto de no ano passado ter sido um compatriota a ganhar – e logo Paratore, que, entretanto, já compete no European Tour – faz com que valorize um pouco mais o triunfo de hoje.
«Não sei exatamente que importância este título poderá vir a ter na minha carreira, mas acho que é muito importante, por ser a primeira grande vitória que tenho», disse ao programa Golf Report da SIC Notícias, depois de somar 205 pancadas, 11 abaixo do Par, batendo por 2 o dinamarquês de apenas 16 anos, Christoffer Bring, que saiu de Palmela com o recorde do campo do Montado, as 65 pancadas (-7) da primeira volta.
O extrovertido transalpino de barba rala, é mais eloquente com os tacos na mão do que quando vê uma câmara de televisão à frente. Aí torna-se mais lacónico, mas no campo efetuou hoje «a melhor volta do torneio, afinal, sempre foram 8 birdies», em 68 pancadas, 4 abaixo do Par, apesar de ter sido «o dia mais difícil», devido ao vento que se fez, finalmente, sentir e ao posicionamento mais desafiador das bandeiras.
«Joguei os primeiros nove buracos em 4 abaixo do Par e nos segundos nove buracos andei a variar entre birdies e bogeys», relatou. Quando dobrou o front nine, já liderava por 2 pancadas face ao líder dos dois últimos dias, o bicampeão europeu Ashley Chesters.

Segurar esse comando foi mais difícil, pois andou mesmo em constantes oscilações com birdies nos buracos 10, 12, 14 e 17, e bogeys nos 11, 13, 15 e 16. O título ficou praticamente decidido quando o inglês Chesters sofreu bogey e duplo-bogey no 14 e no 15. «Houve uma muito boa lista de inscritos (no torneio) e sim, por isso, a satisfação (da vitória) é maior».
Um dos segredos bem guardados da vitória de Paolo Ferraris foi ter levado como caddie um dos dois treinadores da seleção nacional italiana, Federico Bisazza (o outro é Alberto Binaghi). «O meu treinador foi um caddie muito importante», disse no seu estilo de frases curtas.

Federico Bisazza foi mais expressivo: «No ano passado eu fiz de caddie do Renato Paratore, portanto, são vitórias back-to-back (consecutivas) e já posso dizer que conheço bem o campo. Este campo deve ser jogado do fairway e assim deixa de ser um campo difícil. Agora, se começamos a jogar à direita e à esquerda aí torna-se realmente complicado. Ora o Paolo é um jogador muito regular, não é longo, faz muitos fairways, muitos greens e pata bem».
Características que lhe valeram, para além dos Internacionais de Portugal (2015) e da Turquia (2014), as vitórias no Campeonato de Itália de Match Play (2012) e da Coppa d’Oro Città di Roma (2014), bem como resultados importantes na época transata nos Campeonatos Internacionais Amadores de Itália (3º lugar) e Áustria (7º).

Renato Paratore passou a profissional no ano em que venceu o Portuguese Amateur, mas este Paolo Ferraris é mais imprevisível, como reconhece Federico Bisazza: «Honestamente, não sei que futuro terá este jogador, porque o Paolo já trabalha em Itália, com o seu pai, numa empresa, pelo que não sei se continuará como amador ou se passará a profissional».
Quem não tem para já planos desses é Pedro Lencart, de apenas 14 anos, mas há já lampejos no jogo do português que deixam adivinhar um futuro promissor na modalidade. Hoje igualou o Par-72 do traçado redesenhado por Santana da Silva e o resultado não mostra exatamente a qualidade revelada no campo.
«Em termos técnicos ele foi absolutamente perfeito. Poderia ter acabado hoje, facilmente, com 3, 4 ou 5 abaixo do Par, pois criou muitas oportunidades e criou-as nos sítios certos, nos buracos certos e isso deve ser realçado. O resultado não mostra o que ele fez em campo», comentou o selecionador nacional Nuno Campino.
«Hoje senti que joguei muito bom golfe, mas dei alguns maus shots e os últimos buracos não me correram muito bem, não me deixando fazer um melhor resultado», corroborou o próprio bicampeão nacional de sub-14 que estava, naturalmente, satisfeito com o 29º posto, a Par do campo (voltas de 74, 70 e 72), empatado com o francês Pierre Mazier: «Acho que foi uma boa prestação. Poderia ter sido melhor mas o Par do campo não é mau. Estou contente, como é óbvio, mas não estou espantado, porque tenho trabalhado bem e não me surpreende conseguir fazer este resultado. Apesar de novo, treino muito desde os 7 ou 8 anos, sempre tive uma grande paixão pelo desporto e tenho um grande treinador, o Nelson Ribeiro, que muito me tem ajudado e que hoje foi o meu caddie».

Se todos concordam que Pedro Lencart foi brilhante, não será o 29º lugar (entre 120 participantes) escasso para tão bom jogo? A resposta, de certo modo evidente, é dada pelo seu treinador no Club de Golf de Miramar, Nelson Ribeiro: «Quando vemos o Pedro acabar a Par do campo no agregado de 3 dias temos sempre de lembrar-nos que o Pedro só tem 14 anos e não podemos pedir a um jovem desta idade que tenha o rendimento de um jogador de 20 ou de 25 anos. O Pedro falhou hoje três shots em 18 buracos, o que mostra bem da consistência que já tem com esta idade. Três shots em que tem de fazer a bola voar 50% e fazer rolar 50%. Esteve sempre a 18 metros da bandeira e nesses três buracos fez bogey, bogey e duplo».

Nuno Campino acrescenta: «Ele jogou hoje 14 ou 15 buracos a um nível elevadíssimo. Chegou a andar a 3 abaixo do Par. O importante de realçar é que, neste torneio, em 52 buracos, ele conseguiu jogar abaixo do Par (-2). Depois nos dois últimos buracos do torneio fez 3 putts no 17 e no 18 falhou no sítio errado onde não podia falhar (o approach deixou a bola no rough à esquerda do green), porque dali é difícil fazer shot e putt para salvar o Par e acabar abaixo do Par. Mas não deixa de ser uma prestação notável para o Pedro. Ele é só um miúdo».
«Eu vinha a jogar muito bem, mas tive umas distrações no meio e depois quis acabar bem no último buraco, para ficar abaixo do Par no torneio. Infelizmente não consegui e só tenho de trabalhar mais para da próxima vez correr melhor», disse o próprio.

O 85º Campeonato Internacional Amador de Portugal Masculino teve também uma Taça das Nações, ganha pela Inglaterra de Ashley Chesters, Adam Chapman e Daniel Brown, com 274 pancadas, 14 abaixo do Par. Portugal jogou com três formações e a melhor foi a de Pedro Lencart, João Girão e Afonso Girão, no 11º posto (entre 18 formações), com 290 (+2).
Na cerimónia de entrega de prémios estiveram presentes o presidente da FPG, Manuel Agrellos, o diretor do Montado Hotel & Golf Resort, Marco Andrade, e o diretor-técnico nacional, João Coutinho.
Manuel Agrellos considerou importante sublinhar que «Portugal tem tido em anos anteriores melhores resultados neste torneio, mas os nossos melhores jogadores passaram a profissionais no ano passado e esta seleção nacional é agora formada por jogadores muito jovens, pelo que estamos numa fase de renovação de valores e estes já mostraram qualidade. Vão dar-nos muitas alegrias».
Recorde-se que foi a terceira vez que o Campeonato Internacional Amador de Portugal foi reduzido a três voltas, depois de 2009 (em Troia, no torneio masculino) e 2013 (no Montado, no evento feminino).

Resultados e classificações
Os principais finais, de um torneio reduzido a 54 buracos, foram os seguintes:
Campeão: Palo Ferraris (Itália), 205 (70+67+68), -11.
Vice-campeão: Cristoffer Bring (Dinamarca), 207 (65+72+70), -9.

Português a passar o cut
29º (empatado) Pedro Lencart, 216 (74+70+72), Par.

Portugueses fora do cut
53º (empatado) João Ramos, 146 (75+71), +2.
53º (empatado) João Girão, 146 (73+73), +2.
58º (empatado) Gonçalo Costa, 147 (73+74), +3.
77º (empatado) Afonso Girão, 149 (76+73), +5.
91º (empatado) Tomás Bessa, 151 (77+74), +7.
91º (empatado) Vítor Lopes, 151 (74+77), +7.
97º (empatado) João Magalhães, 152 (75+77), +8.
101º (empatado) Renato Ferreira, 153 (75+78), +9.
112º José Maria Cunha, 156 (78+78), +12.
113º Tomás Silva, 159 (77+82), +15.
116º Rui Morris, 163 (85+78), +19.

SEXTA-FEIRA
Só Pedro Lencart superou sexta-feira 13
O campeão Nacional de sub-14 foi o unico dos doze portugueses a passar o cut e a qualificar-se para a ultima jornada, de amanhã. O nevoeiro matinal levou a FPG a reduzir a competição de 72 para 54 buracos

Pedro Lencart, de apenas 14 anos, alcançou hoje (sexta-feira) um dos maiores feitos da sua curta carreira, ao passar o cut no 85º Campeonato Internacional Amador de Portugal Masculino, logo na primeira vez que participou neste ‘clássico’ do calendário da Associação Europeia de Golfe (EGA), a contar para o ranking mundial amador.
O torneio, a decorrer pelo quinto ano no Montado Hotel & Golf Resort, em Palmela, continua a ser liderado pelo bicampeão da Europa, Ashley Chesters. O inglês partilha agora o comando com o esloveno Zan Luka Strin, com 8 pancadas abaixo do Par.
Pela segunda jornada seguida, o Palmela acordou sob o manto de nevoeiro que forçou a Federação Portuguesa de Golfe em atrasar o programa em quase cinco horas, não deixando ao diretor-técnico nacional, João Coutinho, outra solução senão «encurtar a prova de 72 para 54 buracos, fazendo-se um cut aos 36 para os 40 primeiros classificados e empatados».
Foi a terceira vez que o Internacional de Portugal foi reduzido a três voltas, desde que, em 2008, passou a disputar-se no formato de quatro voltas de stroke play. «Em 2009, em Troia, foi por causa de um nevoeiro como este, mas em 2013, aqui no Montado, deveu-se a muita chuva, mau tempo, que alagou completamente o campo», recordou João Coutinho.
Essa edição de 2013 foi a última conquistada por um português, no caso, Gonçalo Pinto, que, entretanto, passou a profissional.
A fronteira do corte fixou-se a Par do campo (144 pancadas), mostrando bem o elevado nível do ‘Portuguese Amateur’. Um total de 41 jogadores qualificou-se para a última volta de amanhã (sábado), com início às 8h30, e desses 41, 31 estão abaixo do Par no final de duas voltas.
«O cut a Par é bom, mas o campo estava fácil. Durante três dias houve muito pouco vento, as bandeiras não estavam difíceis. Mas também mostra o nível dos jogadores. Há quem pense que vêm jogadores menos bons por ser um Internacional em Portugal, mas está cá o único da história a ganhar o Europeu duas vezes seguidas e é ele quem lidera a prova. É um torneio prestigiado e alguns dos últimos jogadores que ganharam aqui estão a competir no European Tour, provando que muitos bons valores passam pelo Internacional de Portugal», frisou o selecionador nacional, Nuno Campino.

Ashley Chesters, a grande estela deste ano, 21º do ranking mundial amador, avança ainda com outra explicação – a qualidade do campo do Montado: «Gosto deste campo, foi por essa razão que voltei ao torneio. É um campo onde se conseguem fazer resultados e fiz, obviamente, uma boa segunda volta».
O bicampeão europeu não jogou hoje, limitando-se a ver os outros jogar, mas ontem terminou de forma magistral, com 6 birdies nos últimos 11 buracos, sem perder qualquer pancada! Um nível de golfe profissional e é nisso que ele pensa eventualmente para breve: «É possível que seja a última vez que venha jogar este torneio, mas nunca se sabe. Já comecei a trabalhar com os meus pais numa empresa familiar, é um mero trabalho de escritório, bem monótono, mas rende-me algum dinheiro. Reduzi os meus horários de trabalho para estar mais concentrado no golfe. Por ter vencido o Europeu, recebi um convite para o British Open e vou manter-me amador para poder fazê-lo. Depois, em setembro, há a Walker Cup, é sempre bom jogar essa prova e só depois disso haverá algumas hipóteses de passar a profissional, mas ainda não tomei qualquer decisão definitiva. Provavelmente tentarei a Escola de Qualificação do European Tour e depois se verá».

No ano passado, em Royal Liverpool, o inglês do Hawkstone Park Golf Club disputou o seu primeiro British Open e não se deslumbrou com o ambiente de um torneio do Grand Slam. É certo que falhou o cut, mas a primeira volta em 70 pancadas mostrou que pode ter futuro no golfe. Aos 25 anos sente-se que não quer precipitar-se.
Se Ashley Chesters poderá passar a profissional este ano, Pedro Lencart está muito longe disso. Afinal, tem menos 10 anos do que o inglês. É o mais jovem dos 12 portugueses inscritos no torneio e foi o que melhor jogou.
Hoje, devido ao nevoeiro, acabou por concluir-se apenas a segunda volta e Pedro Lencart só jogou três buracos (bogey no 7-Par no 8-Par no 9), para um cartão de 70 (-2) e um agregado de 144 (Par), integrando o grupo dos 32º classificados, os últimos apurados. No 9, o approach foi parar a um bunker à direita do green e deixou a bola a uns 4 metros da bandeira, mostrando então algum desagrado. Estudou longamente a linha do putt e meteu a bola lá dentro. Cerrou o punho e gritou. O cut já estava.
«Pensei que tinha de meter aquele putt para passar o cut», disse para outros jogadores portugueses que com ele celebraram num bonito espírito de equipa. Na altura, o cut estava em +1, mas minutos mais tarde caiu para Par e foi mesmo aquele putt de garra a valer-lhe o apuramento para amanhã.
«Aquele putt foi um momento importante, tentei abstrair-me ao máximo do nervosismo e concentrar-me apenas no putt que tinha de fazer, na linha e dar-lhe com boa força para entrar», disse o campeão nacional de sub-14, que celebrou primeiro com o seu treinador do Club de Golf de Miramar (Nelson Ribeiro), antes de dirigir-se aos restantes membros da seleção nacional.
«Os bons atletas vêm-se às vezes nesses momentos, quando é preciso meter um putt conseguem executar e fazer a bola entrar no buraco», congratulou-se Nuno Campino.
«No ano passado não participei no torneio, e desde então que tinha este objetivo na cabeça, de passar o cut no Internacional de Portugal, e trabalhei para consegui-lo. Tive um bom segundo dia (ontem) e a paragem deixou-me um pouco nervoso, porque sabia a quanto estava o cut. Acabei por fazer 3 putts no 7, mas depois dei um bom shot no 8 e tive um putt mas não caiu. No 9 fiz um bom shot e putt do bunker para Par e para garantir», rejubilou o jogador que este ano foi 3º no 1º torneio do Circuito Liberty Seguros, no Penina, no Algarve.
«Até agora tem sido um bom ano, tenho jogado bem, sólido. Amanhã, a pressão para o último dia é menor, mas quero fazer um bom resultado para provar que sou um bom jogador e que não foi por sorte que passei o cut», acrescentou.
Não ter sido selecionado há um ano poderá ter estado na génese do sucesso de ontem e o selecionador nacional tem consciência de que isso ficou-lhe atravessado na garganta: «Falei com o Nelson no ano passado e até lhe dei o conselho de trazê-lo na mesma para ganhar experiência. Ele disse-me que não porque seria importante o Pedro ficar com fome de golfe e fome de jogar alguns torneios. Tomámos essa decisão porque, afinal, ele tem muitos anos pela frente. Ele tinha 13 anos na altura, tem agora 14 e acho que foi uma boa decisão».

Nuno Campino está satisfeito com Pedro Lencart: «Ele jogou bem, esta volta foi fenomenal e mesmo a primeira de 2 acima do Par foi aceitável para quem entrou pela primeira vez num Internacional de Portugal com apenas 14 anos. O que ele fez é brilhante e espero que ele faça uma boa última volta para subir ainda mais alguns lugares na classificação».
Em contrapartida, não gostou do que viu noutros jogadores: «Mesmo entre aqueles que não foram convocados para a seleção havia alguns com obrigação de passarem ao último dia, e entre os jogadores selecionados quase todos tinham essa obrigação».
Depois de terem saído as classificações oficiais, Nuno Campino e José Pedro Almeida, os técnicos da seleção nacional da FPG, reuniram-se à porta fechada com os jogadores portugueses para o balanço do torneio.
«Estas reuniões são rotineiras porque é importante que – corram as coisas bem ou mal – a equipa técnica lhes faça ver que precisam de proceder a uma autoanálise para depois, quando chegarem aos clubes, com os seus treinadores, conseguirem trabalhar da melhor forma e procurar que os resultados sejam melhores da próxima vez», explicou o selecionador nacional.
O 85º Campeonato Internacional Amador de Portugal Masculino termina amanhã (Sábado). Haverá saídas de dois buracos, o 1 e o 10, a partir das 8h30.
Pedro Lencart arranca logo às 8h30 do tee do 10, jogando apenas ao lado do inglês Ashley Mason, que assinou voltas de 71 e 73 nas voltas anteriores.
O último grupo, dos líderes, com Ashley Chesters, Zan Luka Strin e o dinamarquês Peter Launer Baek, saí às 9h30 do tee do 1.

Resultados e classificações
Os principais resultados, depois de se completarem 36 buracos, são os seguintes:
Líderes
1º Ashley Chesters (Inglaterra), 136 (70+66), -8.
1º Zan Luka Strin (Eslovénia), 136 (67+69), -8.

Português a passar o cut
32º (empatado) Pedro Lencart, 144 (74+70), Par.

Portugueses fora do cut
53º (empatado) João Ramos, 146 (75+71), +2.
53º (empatado) João Girão, 146 (73+73), +2.
58º (empatado) Gonçalo Costa, 147 (73+74), +3.
77º (empatado) Afonso Girão, 149 (76+73), +5.
91º (empatado) Tomás Bessa, 151 (77+74), +7.
91º (empatado) Vítor Lopes, 151 (74+77), +7.
97º (empatado) João Magalhães, 152 (75+77), +8.
101º (empatado) Renato Ferreira, 153 (75+78), +9.
112º José Maria Cunha, 156 (78+78), +12.
113º Tomás Silva, 159 (77+82), +15.
116º Rui Morris, 163 (85+78), +19.

QUINTA-FEIRA
João Ramos no court provisório
O nevoeiro matinal impediu a conclusão da segunda volta e só 78 dos 120 jogadores completaram 36 buracos. Esta sexta-feira será necessário uma dupla jornada.

João Ramos é o único português no cut provisório no final da segunda jornada da 85ª edição do Campeonato Internacional Amador de Portugal Masculino, numa altura em que o inglês Ashley Chesters já lidera o principal torneio da Federação Portuguesa de Golfe, mostrando porque razão é o atual bicampeão da Europa.
O Montado Hotel & Golf Resort, em Palmela, amanheceu hoje (quinta-feira) com um cerrado nevoeiro que impediu a prova de arrancar à hora prevista, provocando um atraso de duas horas. Por consequência, não foi possível terminar a segunda volta.
«A nossa ideia continua a ser fazer as quatro voltas da competição. Nesse sentido, se não houver mais nevoeiro, e uma vez que as previsões meteorológicas são boas, tentaremos acabar amanhã a segunda volta. Faltam-nos 5 buracos de um lado e 6 buracos do outro. Os jogadores vão arrancar às 7h45 de dois tees (buracos 1 e 10). Simultaneamente, teremos em campo os jogadores que já completaram 36 buracos. Depois, à tarde, iremos ter os que precisam de fazer toda a terceira volta, com os mesmos horários de hoje», explicou João Coutinho, diretor-técnico nacional da FPG.

Dos 78 jogadores que estão dentro do programa, o melhor é Ahsley Chesters, com 136 pancadas, 8 abaixo do Par, depois de hoje ter aproveitado o sol e o pouco vento que se fez sentir para entregar um cartão de 66 pancadas (-6), a apenas 1 do recorde do campo fixado ontem pelo dinamarquês Christoffer Bring.
Chesters fez 7 birdies e 1 bogey e é perseguido por quatro jogadores a 1 pancada de distância, entre os quais Christoffer Bring, que hoje igualou o Par-72 do campo.
O inglês entrou para a história no ano passado, ao tornar-se no único jogador a vencer duas edições consecutivas do Europeu e procura seguir os passos do italiano Renato Paratore, vencedor deste Internacional de Portugal em 2014, que, um ano depois, hoje mesmo, se colocou no 6º lugar do torneio tailandês do European Tour.

Dos 12 portugueses em prova, só três têm a segunda volta completa e João Ramos é o único dentro do top-40 que aos 54 buracos passa o cut para o último dia, surgindo no grupo dos 39º classificados, com 146 pancadas, 2 acima do Par.
«Hoje já joguei melhor do que ontem, mais de acordo com a boa forma com que me sinto e falhei alguns putts que me poderiam ter permitido fazer ainda melhor, mas sinto que, com uma boa terceira volta, posso perfeitamente passar o cut», disse João Ramos, que somou 3 birdies e 2 bogeys para um resultado de 71 (-1) a juntar ao 75 (+3) de ontem.
«O João Ramos teve um bom resultado e coloca-se em posição de conseguir atingir um dos primeiros objetivos que temos para todos os atletas», congratulou-se Nuno Campino, o selecionador nacional.
Dos portugueses que ainda terão de concluir amanhã (sexta-feira) a segunda volta, o grande destaque vai para Pedro Lencart, que vai com 3 abaixo do Par (1 abaixo no agregado), ou seja, no 19º lugar provisório.
Mais impressionante é o facto do campeão nacional de sub-14 estar a jogar ao lado do campeão do British Boys (um dos Majors de sub-18), o sueco Oskar Bergqvist, e não se sentir nem intimidado, nem demasiado excitado, mantendo aquele registo circunspecto que o caracteriza.
«Estou a jogar bem, fiz alguns bons putts», limitou-se a dizer Pedro Lencart. «Ele é um jogador muito maduro – acrescentou Nuno Campino – apesar da idade jovem. A FPG tem apostado muito nele e estamos a tentar construir um futuro para ele, com calma, ponderação, fazendo-o jogar também os torneios da sua idade, o que é importante nestas idades para ele aprender a ganhar. Vamos ver o que irá acontecer, mas até ao momento tem sido uma boa prestação do Pedro, como é quase sempre».

Resultados e classificações
Os principais resultados aos 36 buracos foram os seguintes:
Líder
1º Ashley Chesters, 136 (70+66), -8.

Portugueses no cut provisório
39º (empatado) João Ramos, 146 (75+71), +2.

Portugueses fora do cut provisório
69º (empatado) Renato Ferreira, 153 (75+78), +9.
76º Rui Morris, 163 (85+78), +19.

Portugueses ainda por completar 36 buracos
Pedro Lencart, Afonso Girão, Tomás Silva, Tomás Bessa, João Girão, Gonçalo Costa, Vítor Lopes, João Magalhães e José Maria Cunha.

QUARTA-FEIRA
Costa e Girão no Top-40. Bring bate recorde do campo

O dinamarquês Christoffer Bring, de apenas 16 anos, assinou um Hole-in-One no último buraco para fixar um novo recorde no montado do Hotel & Golf Resort, de 65 pancadas, 7 abaixo do par.
Gonçalo Costa e João Girão foram os melhores dos doze portugueses que hoje (quarta-feira) iniciaram a 85ª edição do Campeonato Internacional Amador de Portugal Masculino, num dia em que o jovem dinamarquês de 16 anos, Christoffer Bring, estabeleceu um novo recorde do campo do Montado Hotel & Golf Resort, em Palmela, em 65 pancadas, 7 abaixo do Par, para o qual contribuiu um hole-in-one no buraco 18.
João Girão e Gonçalo Costa são os únicos portugueses dentro do top-40 provisório, a marca do cut aos 54 buracos, figurando exatamente no grupo dos 40º classificados, com 73 pancadas, 1 acima do Par, mas a maioria dos outros golfistas nacionais ainda tem boas hipóteses, embora necessite de melhorar nos próximos dois dias.
«O que é importante realçar é que, à exceção do João Girão, nenhum dos nossos jogadores começou muito bem, mas conseguiram todos manter a calma e jogar bem nos últimos buracos, para fazerem um resultado minimamente aceitável, mantendo tudo em aberto para as aspirações que têm neste torneio», comentou o selecionador nacional, Nuno Campino.

Um total de 30 jogadores conseguiu bater o par-72 do campo, provando, uma vez mais, a elevada qualidade dos 120 inscritos no principal torneio de golfe português para amadores de alta competição.
«O Campeonato tem mostrado isso mesmo nos últimos anos. Os melhores da Europa têm estado presentes e não é por acaso que alguns dos últimos campeões estão a jogar agora no European Tour», comentou Nuno Campino.
Mas não foi só o nível dos jogadores a contribuir para estes bons resultados. O tempo também ajudou. «Esteve um dia perfeito para jogar, foi o melhor dia que apanhei em muitas semanas de treino que levo», admitiu Gonçalo Costa.
«Hoje o campo estava fácil de manhã, com as condições mais fáceis que se pode ter neste campo. Eles jogaram 10 ou 12 buracos sem vento, não estava frio, a temperatura estava boa, por isso, esperava um pouco mais de alguns jogadores, que jogassem abaixo do Par», corroborou Nuno Campino.

Quem soube tirar partido desses fatores benéficos foi Christoffer Bring, que, tal como João Girão, dobrou os primeiros nove buracos com 3 birdies e isento de bogeys. A diferença para o vice-campeão da Taça FPG/BPI foi que o português sofreu depois bogeys no 10, 14 e no 15, mais 1 duplo-bogey no 16, antes de um último birdie no 17. Em contrapartida, o dinamarquês de 16 anos perdeu, é certo, pancadas no 13 e no 16, mas esteve brilhante na ponta final com birdies no 13 e 17 e eagles no 15 e no 18, sendo que, este último foi um hole-in-one.
O ás foi executado com um «full swing de ferro-8, perfeito», percorrendo os 171 metros até ao buraco: «Foi o meu melhor shot de sempre e no início fiquei especado a pensar no que tinha acontecido. Depois, levantei os braços e celebrei com os meus parceiros aos gritos».

Há duas semanas, a italiana Martina Flori jogou a segunda volta do Internacional Feminino em 65 pancadas, um novo recorde do campo. Hoje, Christoffer Bring igualou essa marca de 7 abaixo do Par e Marco Andrade, diretor do Montado Hotel & Golf Resort irá gravar ambos os recordes numa placa que será pendurada na Clubhouse.
«Foi a melhor volta da minha carreira. Já tinha feito voltas assim ou melhores em treino, mas nunca em torneios», elucidou o dinamarquês, que, obviamente, adorou o Montado: «É um bom campo, esteve bom tempo, o desenho é bonito e gosto do torneio, forte, com bons jogadores».
Christoffer Bring diz que os melhores resultados da sua curta carreira foram 5º lugares no British Boys, no Campeonato Nacional Amador da Dinamarca e no Campeonato Nacional de sub-18 do seu país.

O dinamarquês é perseguido por três jogadores com 67 pancadas, 5 abaixo do Par, portanto, a 2 de distância do líder, entre os quais o esloveno Zan Luka Strin, que integrou o grupo de Gonçalo Costa.
Este membro da seleção nacional que foi ao Mundial do Japão no ano passado, foi o mais consistente dos portugueses, com 1 birdie (no buraco 12) e 2 bogeys (11 e 3), tendo saído do 10: «Tive alguns azares no percurso, não estive no meu melhor dia de putt e isso influenciou o meu resultado, porque, de resto, estive muito sólido do tee ao green, falhei poucos greens, os que falhei consegui recuperar e logo aí nota-se a solidez do meu jogo. Nas há dias em que os putts não entram».

Gonçalo Costa, que regressou ao seu treinador de há uns anos, Miguel Nunes Pedro, preparou-se bem para o torneio: «É o campeonato mais importante que há em Portugal. Estou em forma, estive em semanas intensas de treino, após terminar os exames da faculdade, estou na conseguir corrigir o que falhava e, acima de tudo, a recuperar a consistência de jogo que tinha e o prazer de jogar que sempre tive».
Nota-se também que está mais musculado e não é por acaso: «Preparei-me especialmente nesta pré-temporada. Falei com o José Pedro Almeida, que é o meu preparador físico, ele orientou-me um plano de treino, tenho feito isso cinco vezes por semana e começo a sentir a diferença de um trabalho regrado e planeado. Parece que não, mas é cada vez mais uma peça fundamental no swing».
Confiante nas suas capacidades, visa alvos bem específicos: «O primeiro objetivo é passar o cut e depois é um top-20, um objetivo que não é muito ambicioso mas possível e da forma como estou a jogar e joguei hoje poderei atingi-lo».

Quanto a João Girão, que saiu do buraco 1, o que sobressaiu mais da sua exibição em jeito de montanha russa foi a capacidade de superar aquele mau momento de 4 pancadas perdidas em três buracos e começa a ser visível o trabalho de Gonçalo Castanho, o psicólogo que a FPG contratou para as seleções nacionais.
«Estava a sentir-me confiante, senti que iria fazer um bom resultado, pelo que foi um arranque proporcional à forma em que me sentia. Falhei umas pancadas na segunda volta, não foram erros estratégicos, mas eram importantes e não deveria tê-los falhado em três buracos seguidos, bogey, bogey, duplo. Estava com 2 abaixo nessa altura e de repente fiquei com 2 acima, é sempre um choque. Depois recuperei mentalmente, ainda por cima o Gonçalo Castanho estava comigo e isso ajudou-me bastante. É um resultado que não compromete e ainda faltam três dias», explicou o jogador que no ano passado foi o segundo melhor sub-18 português.
Dos restantes dez portugueses, merece igualmente algum destaque José Maria Cunha. É certo que as suas 78 pancadas deixam-no no 104º posto, mas se pensarmos que se trata ainda de um sub-16, com 4,6 de handicap, percebe-se que as suas 6 pancadas acima do Par acabam por ser um resultado encorajador.

Principais resultados aos 18 buracos foram os seguintes:
1º Christoffer Bring (Dinamarca), 65 (-7).

Portugueses no cut provisório
40º Gonçalo Costa, 73 (+1).
40º João Girão, 73 (+1).

Portugueses fora do cut provisório
59º Pedro Lencart, 74 (+2).
59º Vítor Lopes, 74 (+2).
71º João Ramos, 75 (+3).
71º Renato Ferreira, 75 (+3)
71º João Magalhães, 75 (+3).
87º Afonso Girão, 76 (+4).
95º Tomás Bessa, 77 (+5).
95º Tomás Silva, 77 (+5).
104º José Maria Cunha, 78 (+6).
118º Rui Morris, 85 (+13).

Texto: Hugo Ribeiro / FPG
Fotografias: Gonçalo Costa e João Girão fotografados por João Coutinho / FPG; Paolo Ferraris com a taça de campeão, fotografado por Rui Frazão / FPG e Pedro Lencart, fotografado por Hugo Ribeiro / FPG; Ashley Chesters (líder e bicampeão da Europa), Christoffer Bring (recordista do campo) e Pedro Lencart (campeão nacional de sub-14) e Oskar Bergqvist (campeão do British Boys), fotografados por Hugo Ribeiro / FPG

Ashley Chesters
Christoffer Bring
Pedro Lencart e Oskar Bergqvist

Parceiros