Golfe | 8º Portugal Masters – Ricardo Santos elogia Luís Figo e repele pressão
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Ricardo Santos vem da «semana mais divertida do ano» no European Tour, depois de três dias a jogar ao lado de Luís Figo na Escócia, e está preparado para lidar com «a pressão, que até poderá ser positiva», de saber que um bom resultado assegurar-lhe-á esta semana a manutenção na primeira divisão do golfe profissional europeu na próxima época.
O 8º Portugal Masters, de 2 milhões de euros em prémios, que amanhã (quinta-feira) começa a sério, depois do Pro-Am de hoje, afigura-se como vital para as pretensões do campeão do Madeira Islands Open BPI de 2012.
«É a primeira vez que me vejo na situação de salvar o cartão do European Tour nesta altura do ano, mas a pressão poderá ser positiva, levando-me a concentrar-me ao máximo e a não pensar noutras coisas», disse o nº1 do ranking da PGA de Portugal, que esta semana caiu de 106º para 111º na Corrida para o Dubai do European Tour.
No final da época, os 110 primeiros mantêm-se no European Tour com direito a participar praticamente em todos os torneios e o algarvio de 32 anos sente, naturalmente, que jogar em casa, no Oceânico Victoria Golf Course que ele representa, com o público local, amigos e familiares a apoiarem-no, é uma oportunidade soberana a não ser desperdiçada.
No ano passado, Ricardo Santos não passou o cut, numa edição igualmente importante para ele, pois um bom resultado tê-lo-ia levado diretamente ao DP World Tour Championship no Dubai.
Mas há dois anos obteve aqui a melhor classificação de sempre de um português no Portugal Masters, o 16º lugar, com 6 abaixo do Par. Portanto, sabe que pode jogar bem nos próximos quatro dias, sobretudo depois de três bons dias de treino.
Ora um top-20 no próximo Domingo seria praticamente a certeza de continuar a jogar entre os melhores em 2015.
«Hoje foi um dia bastante positivo no Pro-Am. Não fiz as contas mas terei feito uns 6 ou 7 birdies», Disse Ricardo Santos, depois de ter obtido um bom 7º lugar no Pro-Am, entre 40 equipas.
«Na segunda-feira fiz uma volta de treino aos segundos nove buracos do campo e na terça-feira aos primeiros nove. Foram treinos sólidos, bastante consistentes do tee ao green e hoje fiz bons putts, que tinha sido o aspeto mais negativo na semana passada», acrescentou, depois de fazer 57 pancadas, ao lado dos amadores Olivier Costa, António Varela e Ricardo Moelas, da equipa da Oceânico Golf.
«Foi importante jogar estes dias para me adaptar ao campo, ao ambiente do torneio e agora é dar o melhor de mim e desfrutar o momento. Em termos de pressão, são situações algo idênticas, a de vir no ano passado para tentar apurar-me para o Dubai e este ano tentar qualificar-me para a próxima época», confessou.
O melhor golfista português de sempre admite sentir a pressão, tenta lidar com ela de uma forma positiva neste momento inédito da carreira, e recebeu um conselho fundamental do treinador de Pedro Figueiredo e de Ricardo Melo Gouveia, o galês David Llewellyn, que, tal como Santos, foi Sir Henry Cotton Rookie of the Year e ganhou um torneio do European Tour.
«Foi no Open do País de Gales, ele perguntou-me como estava a jogar, eu disse-lhe que estava a passar muitos cuts mas que precisava de uma semana boa para manter o cartão. Ele respondeu-me que sabia o que isso era e que entendia a situação. Mas depois disse-me que os jogadores colocam demasiada pressão em cima de si, porque se não ficarem nos 110 primeiros, mas terminarem o ano nos 120 primeiros, não têm uma categoria ‘full’ (integral) mas ainda conseguem entrar em mais de metade dos torneios de uma época. Tenho, portanto, de abstrair-me disso e focar-me na minha rotina», explicou.
Nesse sentido, a semana passada foi fundamental para o vice-campeão nacional descontrair. Um inesquecível Alfred Dunhill Links Championship, na Escócia, jogado ao lado de Luís Figo.
«Aquele torneio foi o momento mais divertido do ano. Não tem nada a ver com um torneio normal. Claro que o resultado não foi nada divertido (não passou o cut), mas gostei de ver como o Luís Figo é bastante competitivo.
Uma pessoa, na posição dele, poderia perfeitamente desmotivar-se, por o jogo não estar a correr-nos bem, pelo tempo complicadíssimo. Tivemos de jogar com fatos de chuva, com gorros e luvas e mesmo assim sentíamos frio. Mas ele não mostrava desânimo e foi agradável jogar com ele. Espero poder fazê-lo de novo para o ano.
Apesar de todas aquelas estrelas de cinema e desportistas famosos, senti que ele foi a figura mais mediática do torneio. Não havia ninguém ali que se comparasse a um Bola de Ouro! Fez fotografias e selfies com toda a gente, foi uma loucura e deu entrevistas a todos os canais de televisão que estavam lá.
Nunca tinha convivido tanto tempo, tantos dias seguidos com ele e não tinha ideia de como é uma pessoa bastante humilde. Tive várias provas disso. Como me disse o Rui Coelho (da Nike Golf, também na Escócia, tal como o treinador de Ricardo, Almerindo Sequeira), o Luís é demasiado boa pessoa e os outros abusam».
Ricardo Santos é um dos oito portugueses que amanhã começam o Portugal Masters, torneio organizado pelo European Tour e apoiado pelo Turismo de Portugal.
O campeão nacional de 2011 sai às 8h10 do buraco 10 e joga os dois primeiros dias ao lado do inglês Chris Wood e do espanhol José Maria Olázabal, vencedor de dois torneios do Grand Slam e ex-selecionador da Europa da Ryder Cup.
Texto: FPG
Fotos: Ricardo Santos por João Lobato | Dean Monhtaropoulos Getty Images/FPG