Golfe | Selecção da PGA de Portugal leva pela primeira vez a Taça Manuel Agrellos

A seleção nacional de profissionais venceu pela primeira vez a Taça Manuel Agrellos, o confronto amigável entre as equipas da Federação Portuguesa de Golfe (FPG) e da PGA de Portugal, conhecida pela designação vulgar de Ryder Cup à portuguesa.

A PGA de Portugal desforrou-se das duas derrotas consecutivas sofridas em 2012 e 2013, com uma vitória convincente e inequívoca, como espelha o resultado de 13,5-6,5 no Montado Hotel & Golf Resort, em Palmela.

Os profissionais partiram para o último dia (hoje, terça-feira), com uma vantagem de 6,5-3,5 e dilataram essa diferença, ao dominarem os duelos de singulares por 7-3.

A Taça Manuel Agrellos vinha sendo dominada pela seleção nacional da FPG, que a conquistou em 2013 por 13,5-6,5 e por 11-9 em 2012. Portanto, depois de uma primeira edição equilibrada, as duas últimas têm sido marcadas pelo desnível do marcador.

Mas se no ano passado o resultado não mostrou totalmente a combatividade da PGA de Portugal, também a diferença de 7 pontos de hoje não conta exatamente a forma como a FPG se bateu até quase ao fim pelo resultado.

Basta dizer que ao meio-dia de hoje, sensivelmente a meio da jornada decisiva, os profissionais venciam 4 encontros e os amadores 6. Ora os amadores necessitavam de 6,5 pontos para manterem por mais um ano o troféu com o nome do seu presidente da sede da FPG.

Nessa altura, um dos espetáculos no campo foi também os autênticos ralis de buggy dos dois capitães, a tentarem acompanhar e incentivar os seus jogadores, sobretudo nos embates mais equilibrados que poderiam cair para qualquer lado.

No final, a grande diferença acabou por ser a superior experiência dos profissionais, pela forma como deram a volta a resultados desfavoráveis.

O primeiro “match”, entre dois estreantes na prova (“rookies”), a terminar foi a esmagadora vitória do ex-campeão nacional, Pedro Figueiredo, sobre Renato Ferreira, por 6/5.

«Joguei muito bem e quando terminámos no 13 ia com 5 abaixo do Par», disse “Figgy”. «Foi uma grande experiência, gostei imenso e para o ano quero vir de novo a esta prova», declarou Renato Ferreira.

No segundo “match” os amadores começaram a acreditar, quando o mais novo da história do torneio, Pedro Lencart, campeão nacional de sub-14, teve a frieza de ganhar o último buraco para empatar frente ao vice-presidente da PGA de Portugal, Nelson Cavalheiro, curiosamente, o mais velho da competição (44 anos).

«Este miúdo tem uma grande postura e se tivesse “patado” melhor teria ganho», admitiu o treinador da Oceânico Golf.

A balança pendeu decisivamente para o lado dos profissionais nos dois “matches” seguintes.

Ricardo Melo Gouveia, o melhor português no ranking mundial de profissionais, andou sempre atrás do resultado. Foi uma manhã sofrida, mas, num assomo de orgulho, venceu os dois últimos buracos para empatar com Afonso Girão. «Estive sempre na equipa vencedora», sublinhou “Melinho”, que, efetivamente, militou nas equipas da FPG em 2012 e 2013, antes de passar a profissional neste verão e estrear-se agora pela PGA de Portugal.

E depois, António Sobrinho, que chegou ao buraco 16 a perder por 1 buraco, antes de bater a pancada de saída, virou-se para o árbitro Orlando Henrique que lhe perguntava pelo resultado, e respondeu: «Ainda estou a perder por 1». Na realidade, chegou a ter uma desvantagem maior, mas o veterano de 43 anos, 11 vezes campeão nacional, teve um final diabólico e venceu os três últimos buracos para desfeitear Francisco Oliveira por 2 up.

Entretanto, No confronto teoricamente mais equilibrado, entre os dois jogadores mais altos do torneio, entre dois sócios do Clube de Golfe de Vilamoura, que este ano estiveram juntos na vitória no Campeonato Nacional de Clubes e no título de vice-campeões europeus de clubes, o triunfo sorriu ao amador Victor Lopes frente ao mais recente profissional de todos, João Carlota, por 4/3. Apesar de tudo, Carlota, tal como Melo Gouveia, saiu do Montado com o título pelo terceiro ano seguido.

«Foi muito bem jogado. À exceção de um buraco, todos foram decididos com “birdies”. Eu ia com 2 abaixo do Par e ele a Par do campo», contou Victor Lopes. «Ganhei neste campo a Taça FPG e este ano só perdi um “match-play”, estava confiante», acrescentou.

Mas essa foi uma das duas únicas vitórias da equipa da FPG.

A Outra foi de Tomás Silva, o campeão nacional amador, o melhor português no ranking mundial amador, que se superiorizou a Miguel Gaspar por 2/1. «Não foi um bom “match”. Não jogámos bem. Eu estou a proceder a alterações técnicas no meu “swing” nesta pré-temporada e isso notou-se”, elucidou Tomás Silva, que, mesmo assim, esteve sempre na frente. «Somos bons amigos, de há muitos anos, não foi fácil defrontá-lo», asseverou Miguel Gaspar.

Nesta altura, com duas vitórias para cada lado e dois empates, começava a faltar tempo aos amadores para recuperarem da desvantagem. Faltava apenas meio ponto à PGA de Portugal para erguer a Taça Manuel Agrellos e o ponto da vitória veio de Tiago Cruz. O atual campeão nacional esteve magistral nos dois dias. Cruz e Sobrinho foram os únicos a somar 3 pontos em 3 possíveis.

O seu adversário, Tomás Bessa, campeão nacional de pares masculinos e de pares mistos, voltou a dar espetáculo, designadamente quando fez um “eagle” no buraco 16, depois de meter a bola de saída diretamente no “green” a uns 2 metros da bandeira. «Foi para aí de 290 ou 300 metros», disse. Mas Cruz nunca se deixou impressionar, andou sempre na frente e acabou por vencer por 2/1.

Os profissionais tiveram ainda vitórias de Hugo Santos sobre Rafael Gaspar por 2/1, de Gonçalo Pinto sobre João Girão por 1 up e – talvez a grande surpresa – de Sérgio Ribeiro frente a João Ramos por 2 up.

João Ramos foi a grande revelação da prova em 2013, vencendo os seus dois duelos, mas apanhou pela frente um determinado Sérgio Ribeiro, que nunca se esquecerá daquele «approach de 50 metros no buraco 15, diretamente no buraco, para empatar o 15 e segurar a vantagem de 1 de que dispunha».

Para a história da Ryder Cup à portuguesa, fica uma frase lapidar do presidente da FPG, Manuel Agrellos: «Esta competição deixou de ser um “meeting” para ser um “match”. Agora já não ganham sempre os mesmos». A partir deste momento, a competitividade irá seguramente aumentar em anos vindouros.

Texto e foto de: FPG

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