PAULO COSTA “INACEITÁVEL ESTA LICENÇA PARA CORRER ”

Paulo Costa a incentivar uma atleta a terminar a Meia Maratona de Gaia - Foto: Facebook do próprio
Os últimos dias e horas têm sido marcados pela revolta e indignação de vários atletas e organiadores, Paulo Costa da Global Sport, foi um dos publicamente se expressou contra a medida da FPA.
Mas também os atletas amadores expressam essa indignação sobre a licença obrigatória para competir na próxima época 2025/2026.
Foi já lançada uma petição pública que pede a revogação desta licença e agora começam a surgir declarações públicas de organizadores.
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Segundo a Organização Mundial de Saúde, Portugal é o país da União Europeia onde menos se pratica exercício físico.
As provas já salvaram a vida a muitas pessoas em situação de depressão e com vários problemas de saúde.
Agora vem a FPA querer tirar a todos este convívio, desporto, companheirismo, etc que os atletas amadores vivem semana após semana por este país fora.
Correr dá-nos mais vida, dá-nos felicidade, para além de tirar muita gente do sedentarismo.
Muitas foram as pessoas que viram na corrida de estrada, montanha ou trail a oportunidade de largarem a sua vida sedentária.
Paulo Costa, GlobalSport já reagiu
O diretor da GlobalSport, Paulo Costa escreveu ontem uma carta aberta ao Presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, mostrando-se totalmente contra esta medida anunciada pela FPA, pedindo para se retratar e recuar, chegando mesmo a dizer para este ter vergonha.
Paulo Costa cita na carta aberta
“Em nome desse povo, dessa multidão anónima de atletas amadores, gente que corre porque ama correr, porque persegue saúde, dignidade, superação, que hoje lhe escrevo.
Não para lhe pedir nada. Mas para lhe dizer, com toda a frontalidade e nobreza de que sou capaz: Tenha vergonha.”
Reporta ainda “A taxa que Vossa Excelência e a sua Direção, à socapa, querem introduzir sobre os atletas não federados é, permita-me a franqueza, uma obscenidade moral, uma afronta civilizacional, uma patetice legislativa sem tino nem norte.
E mais: é uma medida que tresanda a centralismo, a ignorância e a prepotência.
Uma medida tomada à revelia dos verdadeiros protagonistas do atletismo: os corredores e os organizadores.
Os que, ano após ano, fazem mais pelo desporto do que a sua Federação jamais ousou fazer.”
Lembra ainda que Domingos Castro foi “grande na pista”, mas “agora diminuto na liderança. Um bom atleta, sim!, mas que gestor é V. Exa.?”, pergunta.
“Ainda vai a tempo de não ser recordado como o homem que, tendo sido herói na pista, se tornou vilão na secretaria”, reforçou.
“Hoje, milhares de comentários em redes sociais testemunham a indignação do país.
Lê-los é um exercício de vergonha alheia. Há palavras duras, há revolta, mas sobretudo há mágoa.
A mágoa de quem sempre respeitou o atletismo e vê agora o seu esforço tributado como se fosse pecado mortal. É inaceitável. É indigno. É insustentável.”
Pode ler aqui a Carta Aberta na integra:
“Senhor Presidente,
Permita-me que, com a solenidade que os tempos exigem e o respeito que a sua investidura impõe, me dirija a Vossa Excelência com a gravidade de quem há mais de duas décadas carrega, ao ombro e à alma, o encargo de fazer correr este país, não com leis, taxas ou regulamentos, mas com paixão, suor e sentido de missão.
Sou, como tantos outros, um homem que ama o atletismo. Mas, ao contrário de tantos, fiz dele o meu caminho de vida, renunciando a um cargo de prestígio numa multinacional em Lisboa, onde era Diretor de Marketing e auferia um ordenado elevado, para regressar ao berço que me viu nasceu, às margens do Douro, e fundar, com as próprias mãos, uma empresa dedicada à promoção do desporto e à dignificação das provas de estrada.
Quando o fiz, em 2006, as provas de estrada em Portugal estavam pelas ruas da amargura, com a Meia da Nazaré a resistir com as forças que tinha, e à exceção da Meia Maratona de Lisboa e duas grandes Maratonas, as de Lisboa e do Porto.
“…criou meias maratonas em cidades onde antes não havia…”
A GlobalSport, desde 2006, com televisão em direto desde 2010 em todos os nossos eventos, quase sempre sem grandes patrocínios das grandes empresas nacionais, sem favores da capital, criou meias maratonas em cidades onde antes não havia senão silêncio e alcatrão, como Guimarães, Viseu, Coimbra, Évora, Portimão, Guarda, Castelo Branco, entre muitas outras.
Fiz isso com a minha família, a trabalhar dia e noite.
Fiz isso a viver com humildade (comprei casa ao fim de vinte anos de empresa, com recurso a crédito bancário, como outros milhares de portugueses.)
Fiz isso com amigos, que tanto, mas tanto, nos têm ajudado.
Fiz isso com o povo.
E é em nome desse povo, dessa multidão anónima de atletas amadores, gente que corre porque ama correr, porque persegue saúde, dignidade, superação, que hoje lhe escrevo.
Não para lhe pedir nada.
Mas para lhe dizer, com toda a frontalidade e nobreza de que sou capaz: TENHA VERGONHA.
A taxa que Vossa Excelência e a sua Direção, à socapa, querem introduzir sobre os atletas não federados é, permita-me a franqueza, uma obscenidade moral, uma afronta civilizacional, uma patetice legislativa sem tino nem norte.
E mais:
“é uma medida que tresanda a centralismo, a ignorância e a prepotência.
Uma medida tomada à revelia dos verdadeiros protagonistas do atletismo: os corredores e os organizadores.
Os que, ano após ano, fazem mais pelo desporto do que a sua Federação jamais ousou fazer.”
Vossa Excelência, que foi grande na pista, mostra-se agora diminuto na liderança. Um bom atleta, sim!, mas que gestor é V. Exa.?
Que formação para liderar uma Federação tem V. Exa.!? Um representante do povo que corre? Nem por sombras.
“…um monumento à dissimulação.” Paulo Costa
O comunicado da Federação, publicado hoje, 26 de março, é um monumento à dissimulação.
Apresenta uma medida gravosa com a roupagem melíflua da proteção, do seguro e da modernidade.
Um autêntico roubo aos atletas amadores e às centenas de Organizações (pequenas, médias e grandes)!, tudo isto como se não estivéssemos num país onde a prática desportiva está pelas ruas da amargura e onde cada cêntimo pode ser a diferença entre a decisão de correr… ou ficar no sofá.
O senhor Castro deveria saber que a grandeza de um dirigente se mede não pelo número de euros que consegue arrecadar (sabe-se lá para quê), mas pela capacidade de inspirar, de unir, de ouvir.
De colocar-se ao serviço dos atletas e não de criar artifícios para extrair dinheiro de quem só quer ser livre na sua corrida.
Hoje, milhares de comentários em redes sociais testemunham a indignação do país.
Lê-los é um exercício de vergonha alheia. Há palavras duras, há revolta, mas sobretudo há mágoa.
A mágoa de quem sempre respeitou o atletismo e vê agora o seu esforço tributado como se fosse pecado mortal.
É:
Inaceitável.
Indigno;
Insustentável.
Se a Federação quer mais filiados, que os conquiste com mérito, com programas úteis, com presença, com justiça.
Não à força. Não à custa do amador, do velho, da jovem mãe, do homem comum que, num domingo de manhã, sonha com a linha de chegada e não com uma filiação obrigatória!
“…transformámos este deserto de corridas num oásis de vitalidade.”
Tenho memória longa, senhor Presidente. Sei o que foi o deserto das corridas em Portugal.
Sei como juntos, todos nós, os de Lisboa, os do Algarve, os do Centro e os do Norte, transformámos este deserto de corridas num oásis de vitalidade.
E sei que não foi a Federação a plantar as palmeiras.
Se esta medida, tola e desprovida de sensibilidade, avançar, deixo já aqui a minha disponibilidade para ceder, pelo preço justo, os direitos das provas que criei.
Que a Federação as compre. As organize.
Que veja, na prática, o que é lidar com patrocínios que não respondem, com voluntários que vêm pelo coração, com atletas que não têm senhas nem subsídios, só vontade.
Desafio-vos. Porque me recuso a ser cúmplice de uma ideia tão mesquinha como esta.
Se Vossa Excelência ainda tem um resto de nobreza no coração, escute o país que corre.
Retire a medida.
Peça desculpa.
E comece de novo.
Ainda vai a tempo de não ser recordado como o homem que, tendo sido herói na pista, se tornou vilão na secretaria.
Da minha parte, com esta mesmo frontalidade, poderá contar com a minha total disponibilidade para me sentar consigo e com a sua equipa e ajudar a encontrar soluções que ofereçam o desejado retorno à Federação, sem prejudicar os atletas amadores ou as organizações dedicadas.
Com a firmeza de quem não se cala, com a lucidez de quem ama o atletismo, com a dor de quem vê a sua obra ser cuspida por quem devia protegê-la,
Subscrevo-me com honra, mas sem esperança,
Paulo Costa”