Volta às Origens – Uma lição de história em trail

Volta Origens

Foto: JR Fotografia

A nossa equipa esteve presente no Trail Volta às Origens para aprender um pouco da cultura e da história das aldeias preservadas de Penafiel, no mês de março que é porventura o primeiro mês do ano onde há mais competição.

Ao longo deste mês, inúmeros são os eventos de atletismo seja de estrada seja de trail running. No primeiro fim de semana do mês marcado pelo afamado Trail de Conimbriga Terras de Sicó, foram mais de uma dezena de eventos de trail que se realizaram no país.

O Trail Volta às Origens aconteceu no Domingo (1) de março pelas 9 horas em Capela, Penafiel e foi uma organização da Associação Desportiva de Cabroelo.

A compor o evento esteve um trail longo na distância de trinta quilómetros, um trail curto na extensão de vinte quilómetros e ainda uma caminhada com dez quilómetros sem fins competitivos e somente com o objectivo da promoção da saúde, do bem-estar e dar a conhecer a localidade.

A equipa de OPraticante.pt esteve presente no evento e agora apresentamos todas as notas como tudo decorreu.

Foto: JR Fotografia

Percurso do Trail Volta às Origens

O Trail Volta às Origens teve partida e chegada no campo de futebol da Associação Desportiva de Cabroelo e aos atletas eram propostas duas distâncias competitivas com um trail longo de cerca de trinta quilómetros com aproximadamente 1100 m de desnível positivo e um trail curto de cerca de vinte quilómetros com aproximadamente 600 m de desnível positivo.

Volta Origens
Foto: JR Fotografia

Capela a Figueira com passagem pelo Museu da Broa

Após a saída do campo de futebol, o trilho entrava num terreno florestal que logo de início mostrava o que seria a cara desta prova, muita água, muita lama e muita pedra solta.

Os primeiros três quilómetros do trilho são bastante acessíveis e permitem de imediato alongar o pelotão pois a dificuldade estava somente em evitar as zonas enlameadas e carregadas de água.

Entre o segundo e o terceiro quilómetro, estávamos na zona do Alto da Pendurinha que por curiosidade era já o ponto de maior altitude do percurso com cerca de 420 metros, ou seja, muito teríamos de descer e depois subir ao longo do percurso.

Foto: JR Fotografia

Como tal, os quilómetros seguintes são em toada de descida. Saindo da Pendurinha por entre alguma névoa, os atletas percorriam caminhos enlameados entre roxeados até voltarem a entrarem em terreno novamente florestal e faziam a ligação para Figueira.

Figueira é uma antiga freguesia limítrofe a Capela e que agora faz união de freguesias com Lagares. Saídos do terreno florestal e entrando na localidade junto ao campo desportivo, os atletas entram num viaduto debaixo da estrada e percorrem de seguida um depósito de água tendo que se molhar até pela zona da cintura. Num dia frio, sabe sempre bem estes pequenos mimos.

O quinto quilómetro do percurso é dedicado a percorrer as ruelas e encostas de Figueira, onde o piso apresenta-se num empedrado escorregadio e num caminho carregado de pedras soltas e poças de água e é nessa toada que voltamos ao terreno florestal.

Foto: JR Fotografia

O Museu da Broa

Após uma breve passagem por estradão florestal, o trilho apresenta a primeira lição cultural aos participantes e entramos num PR muito característico que percorre o famoso Museu da Broa.

Correndo ao lado de um curso de água e com o barulho da água a correr e a cair nas quedas de água, o trilho apresenta aos atletas os vários antigos moinhos que componham este Museu. No total são seis moinhos.

Um local de grande beleza como este merece uma nova visita, mas em tons de caminhada e passeio e não de corrida. Mais umas centenas de metros percorridos no PR e após corte à esquerda, atingia-se o primeiro ponto de abastecimento a rondar o sétimo quilómetro.

Em resumo, uma primeira parte de trail muito horrível, sem grande dificuldade e que permitiu colocar ritmos interessantes.

Foto: JR Fotografia

Ligação a Lagares com passagem por Quintandona

Saídos do primeiro ponto de abastecimento, logo nos metros seguintes, os atletas eram avisados que o trilho ia começar a fazer das suas.

Logo a começar duas descidas enlameadas e darem que fazer e depois subida e descida em terrenos com muita pedra solta.

Ao oitavo quilómetro, separação de percurso e o trail curto seguia para Cabroelo e o trail longa descida pela encosta junto a São Julião.

Os dois quilómetros seguintes seriam marcados por uma subida trabalhosa por entre campo, floresta e estradão e uma passagem por curso de água que levava os atletas até à zona da Serra e cujo ponto alto coincidia com o alto da Pegadinha e com o seu parque de merendas.

Foto: JR Fotografia

Descida acentuada e carregada de pedras e viragem à esquerda para um quilometro percorrido em terreno florestal com bastantes ramos caídos e com a traição por perto e chegávamos a Lagares e ao segundo ponto cultural do percurso, a aldeia preservada de Quintandona.

A passagem pelo local foi breve resumindo-se a poucas centenas de metros na rua principal, mas mesmo assim deu para ter uma visão da beleza do local, das ruas e das casas com o seu xisto característico e sendo outro local que merece uma visita com tempo, possivelmente para o festival do caldo de Quintandona.

Quilómetro doze e era tempo de a visita cultural ser posta de parte, porem-se, todos espertos que a dureza ia começar. Viragem à esquerda em Quintandona e entramos em terrenos rumo à serra de Santa Comba.

Foto: JR Fotografia

Trail Volta às Origens pelos caminhos da serra

Após a primeira subida deste terceiro segmento, os atletas chegavam ao segundo ponto de abastecimento, que se situava por volta do quilometro catorze. O caminho faz-se para a frente e assim foi.

Os quilómetros seguintes seriam numa toada de subida e descida constante em plena serra que cujo visual duro da pedra constatava com a beleza e cor da vegetação roxa e amarela característica destas serras. Pelo meio, ainda se apresentou duas passagens dentro de cursos de água, sendo uma mais trabalhosa que outra.

No total deste segmento foram três subidas trabalhosas com um grau de dificuldades em crescendo com duas subidas a 260 m e a última essa sim, a maior dificuldade de todo o percurso com uma extensão de aproximadamente dois quilómetros com uma subida desde os 140 até aos 360 m, primeiro em terreno carregado de pedra e depois num caminho de corta-fogo. Parte desta última ascensão já coincida com o percurso do trail curto.

Foto: JR Fotografia

O regresso a Capela com passagem por Cabroelo

Quem atingisse esse ponto e assim o desejasse tinha a prova mais ou menos defendida. Nesse ponto a cerca de dezanove quilómetros, coincida um novo abastecimento e bem merecido diga-se.

Podemos dividir este segmento de regresso a Capela em duas etapas, a primeira etapa em toada de descida e depois em subida em terreno florestal e com muito estradão até por volta do quilometro vinte e quatro em que se dá a entrada em Capela e na aldeia preservada de Cabroelo que é a peça fulcral deste evento.

Foto: JR Fotografia

A segunda etapa é o regresso à lição de história com a passagem na aldeia onde ao longo de mais de um quilómetro, se teve oportunidade de conhecer as belezas desta aldeia que também merece uma visita com tempo.

Para finalizar o percurso, os atletas tinham de percorrer mais dois quilómetros em terreno florestal e assim fazer a ligação ao ponto de chegada do evento.

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Foto: JR Fotografia

Mário Pinto vence Trail Longo da Volta às Origens

O Trail Volta às Origens teve como grande vencedor Mário Pinto da Oralklass Amigos do Trail que terminou a linha de meta com 02:28:23. Completaram o pódio Ricardo Sousa com 02:29:54 e Cristiano Santos com 02:38:58.

Gabriela Fonseca vence competição feminina

Na vertente feminina da distância longa, a vitória foi para Gabriela Fonseca do EDV Viana Trail que dominou a prova com À vontade e corou a linha de meta com 03:29:56. Completaram o pódio Maria Loureiro da Associação Desportiva de Cabroelo com 03:44:23 e Mónica Martins do Team Lantemil com 04:02:15.

Foto: JR Fotografia

A prova teve vencedores por escalão e estes foram os seguintes:

Na competição masculina venceram Mário Pinto (Séniores) e Carlos Silva dos Clube Trilheiros & Amigos (M45).

Na competição feminina triunfaram Gabriela Fonseca do EDV Viana Trail (Séniores) e Maria Loureiro da Associação Desportiva de Cabroelo (F45).

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Nelson Loureiro – Foto: JR Fotografia

Nelson Loureiro em representação de OPraticante.pt vence

Na vertente curta do evento, a vitória sorriu para a equipa do nosso projecto “OPraticante.pt”com Nelson Loureiro  a cortar a linha de meta isolado com 01:32:21. Completaram o pódio, Sérgio Silva da MSS Contabilidade Trail Team com 01:36:32 e Carlos Vieira da CIDEP Fornos Lusavouga com 01:38:06.

Ana Sousa triunfa na competição feminina

Na vertente feminina da prova, a vitória sorriu a Ana Sousa do Team Lantemil que finalizou a prova isolada com 02:01:09. Completaram o pódio Célia Neto do OPraticante.pt com 02:10:20 e Patrícia Ferreira do FC Penafiel com 02:11:18.

Foto: JR Fotografia

A prova teve vencedores por escalão e estes foram os seguintes:

Na competição masculina venceram Eduardo Vieira dos Nocturnos de Paredes (Sub23), Nelson Loureiro do OPraticante.pt (Séniores) e Rui Alvim da MSS Contabilidade Trail Team (M45).

Na competição feminina triunfaram Sandra Ferreira do Trilhos e Cadilhos (Sub23), Ana Sousa do Team Lantemil (Séniores) e Ângela Moutinho do Gondomar Futsal Clube (F45).

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Foto: JR Fotografia

OPraticante.pt sobe ao pódio no Trail Volta às Origens

O nosso projecto para além de ter sido média partner do Trail Volta às Origens apresentou-se em prova com uma equipa bem composta e que no final se traduziu em três pódios individuais.

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Célia Neto – Foto: JR Fotografia

Para além do já citado primeiro lugar da geral e primeiro sénior de Nelson Loureiro, do segundo lugar da classificação geral feminina e segunda sénior de Célia Neto, Abílio Fernandes conquistou o segundo lugar no escalão M45 ao terminar a prova com 01:45:56 no 11º lugar da classificação geral.

Completaram a equipa Carlos Morais (119º geral / 39º M45) – 02:31:36, Miguel Santos (126º geral /70º sénior) – 02:36:20 e Ricardo Fernandes (149º geral / 78º sénior).

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Abilio Fernandes – Foto: JR Fotografia

Mau tempo deu tréguas

A semana que antecedeu o evento e o Sábado foi marcado por muita chuva e que deixou as suas marcas no terreno por onde passava o trilho das provas.

Chegados ao local da prova logo na entrada da arena que funcionava num campo de futebol da Associação Desportiva de Cabroelo, o terreno já era carregado de lama.

Foto: JR Fotografia

Até esse momento a chuva não tinha dado sinal mas na hora em que se sai do carro para ir levantar o dorsal, começou a cair uma carga de água que durou uns vinte minutos e como se diz na gíria, foi uma chuvada daquelas “em que até os cães bebem de pé”.

Felizmente que na hora de saída da prova, o mau tempo deu tréguas e as condições climatéricas compuseram-se e durante a prova não houve queda de chuva e somente se viram as marcas deixadas com um terreno escorregadio com muita água, lama e em certos pontos algum nevoeiro característico.

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Foto: JR Fotografia

Organização intimista e acolhedora

Ao chegar ao local do evento, na entrada do campo de futebol, verificamos logo a preocupação dos responsáveis da prova em que tudo corra bem e um elemento da organização estava a guiar o estacionamento do parque.

A carga de água começou e ele continuou lá estóico de impermeável a cumprir a sua tarefa. Só este gesto mostrava a postura da organização.

Foto: JR Fotografia

O levantamento do dorsal acontecia numa tenda na lateral à partida e sem grandes filas de espera decorreu o levantamento do dorsal. Nas instalações do campo de futebol funcionavam as casas de banho e balneários.

Nessa altura, a preocupação dos atletas aí presentes era mais refugiar-se da chuva que caía forte do que em ir correr.

Foto: JR Fotografia

Com o final da chuva, os atletas foram se concentrando na caixa de saída que era simplista com um pórtico e com umas faixas laterais. Primeiro aconteceu a saída do trail longo, depois o trail curto e finalmente a caminhada.

Quer antes, quer durante e mesmo no final, todos os elementos da organização foram de uma simpatia e generosidade enormes. Sempre disponíveis para ajudarem os atletas a sentirem-se bem no local e a proporcionarem as melhores condições.

Foto: JR Fotografia

Pessoalmente agradeço, a forma como fui tratado por parte dos elementos no ponto de controlo nº2, quer da organização, quer dos bombeiros, uma vez que não terminei a prova e necessitei de transporte para a meta. Nesse processo fui sempre muito bem tratado de forma acolhedora, gentil e preocupada pelo meu estado.

Volta Origens
Foto: JR Fotografia

O kit de atleta no Trail Volta às Origens

No levantamento do kit de atleta, era entregue um saco em papel que continha o dorsal com chip, folhetos e voucher promocionais e ainda um buff amarelo alusivo à prova.

Após a prova, os atletas recebiam para além da medalha finisher, o abastecimento final. Para um preço de inscrição médio de 12 euros, o que os atletas recebiam esteve a um nível aceitável.

De notar que para quem o desejasse, pagava uma quantia extra e podia receber uma t-shirt alusiva ao evento e com o seu nome estampado.

Foto: JR Fotografia

Percurso de qualidade e com bons “banquetes”

O Trail Volta às Origens apresentou um percurso de bom nível. Equilibrado, o percurso apresentou várias facetas aos atletas em termos de terreno percorrido e no final traduziu-se num excelente desafio de corrida.

A boa organização estendeu-se ao percurso com este a estar muito bem sinalizado com fitas e placas. As zonas perigosas e de abastecimento estiveram sempre bem assinaladas.

O trail longo teve quatro abastecimento (quilómetro sete, treze, dezoito e vinte e dois) e o trail curto três abastecimentos (sete, dez e treze).

De referir que os abastecimentos que eram compostos por sólidos e líquidos eram como autênticos banquetes, principalmente o último abastecimento onde a mesa era farta e cheia de iguarias que passavam desde os alimentos normais destas provas como para as delícias da gastronomia local como as típicas sopas secas.

Foto: JR Fotografia

Bom abastecimento num final com boa organização

O final da prova foi o que podemos dizer um excelente “convívio” entre os presentes. Como a cerimónia do pódio somente aconteceu às 13 horas, houve muito tempo para os presentes conviverem, pois, o Trail Volta às Origens apresentou aos convivas mais uma mesa farta de iguarias e a esta juntou um reforço característico destes eventos, a bela da bifana com a cerveja fresca.

O espaço esse era largo e não havia muita confusão pois tudo estava bem organizado e colocado no devido lugar.

Foto: JR Fotografia

Trail Volta às Origens – uma lição de história e cultura de sucesso!

O Trail Volta às Origens também conhecido em edições anteriores como Trail Serra da Boneca, apresentou aos atletas que se apresentaram em Capela, uma verdadeira lição de história e cultura do local e das suas redondezas.

Ao longo dos percursos apresentados, os atletas tiveram a oportunidade de testemunhar os diferentes locais que fazem parte dos roteiros turísticos do local e em especial da conhecida rota do Românico.

Volta Origens
Foto: JR Fotografia

Começando pelo Museu da Broa e terminando nas aldeias preservadas de Quintandona e Cabroelo, este evento foi para além de um excelente evento desportivo, um convite para uma visita mais demorada para contemplar ainda mais a beleza e ficar a saber mais sobre a história do local.

Em termos de adesão ao evento, o trail longo teve 55 finalizadores e o trail curto 214.

Estes números são quase o dobro do que as distâncias tiveram no ano de 2018 no Trail da Serra da Boneca.

Atendendo às condições climatéricas, à data e ao grande número de eventos que se realizaram o fim de semana, somente podemos dizer que foi um evento que a Associação Desportiva de Cabroelo levou a cabo com muito sucesso.

Foto: JR Fotografia

Página do evento.

Evento 2020.

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Texto: Nuno Fernandes
Fotos: JR Fotografia

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