1.ª Corrida e Caminhada Solidária do Ave

Nesta manhã agradável de domingo, a cidade da Trofa acolheu os Participantes da 1ª Corrida e Caminhada do Ave, cuja organização ficou a cargo de PROEF GROUP, ODLO E AEBA com o apoio Técnico da Desportave e Junta de Freguesia da União de Freguesias de Bougado (S. Martinho e Santiago) – Paróquia da Trofa.

O evento foi constituído por duas provas: uma corrida com a distância de 10 km e uma Caminhada com a distância de 5 km. Inscreveram-se um pouco mais de 3000 atletas repartidos ente a corrida de 10 km e a caminhada, sendo de destacar a elevada participação de crianças e familiares de atletas nesta última. A prova teve um cariz solidário sendo que os fundos monetários recolhidos reverteram na sua totalidade” para a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Trofa, a Associação de Solidariedade e Ação Social de Santo Tirso e as Conferências de S. Vicente de Paulo.

A atleta portuguesa mais medalhada de sempre, Fernanda Ribeiro, apadrinhou esta causa a 1ª Corrida e Caminhada Solidária do Ave. A Fernanda Ribeiro é uma das maiores referências nacionais em corrida de fundo e meio fundo. Sagrou-se em 1996, campeã Olímpica dos 10 000m em Atlanta, tornando-se na terceira atleta nacional a conseguir o ouro olímpico, depois de Carlos Lopes e Rosa Mota.
Às 10 horas, foi dado o tiro de partida da Corrida, num percurso com um grau de dificuldade um tanto exigente e com muito calor à mistura. A partida e a meta da 1.ª Corrida e Caminhada Solidária do Ave ocorreram no Parque Nossa Senhora das Dores – Trofa. A organização disponibilizou abastecimentos suficientes e apoio aos atletas ao longo de todo o percurso. Todas as condições de seguranças para os atletas foram asseguradas por um policiamento exemplar. No final da prova, os atletas oriundos de vários clubes e os participantes da caminha e familiares juntaram-se no parque num agradável convívio para assistir a cerimónia protocolar da entrega dos prémios aos vencedores da prova. Marisa Barros, que após um longo sem competir devido a uma grave lesão, conseguiu o terceiro lugar na geral feminina. Cruzou a meta de mãos dadas com seu irmão Fernando Barros comovendo todos os presentes.

Rui Teixeira, na sua estreia com as cores do Sporting Clube de Portugal, foi o vencedor da prova com o tempo de 32:45, seguido de Carlos Costa, do CD São Salvador Campo, com 33:22 e completou o pódio masculino Bruno Silva, do Maia AC Criobaby com 33:31.
Do lado feminino, venceu Cláudia Pereira, ela também na sua estreia com as cores do SC Salgueiros, com o tempo de 37:19, seguida de Leonor Carneiro, do Sporting Clube de Portugal, 37:36 e completa o pódio, Marisa Barros, do SC Salgueiros, com 38:35.

DelfimGostaria de referir em particular a participação do Delfim Conceição, atleta que no passado teve algum destaque no panorama nacional e internacional do atletismo. Já foi internacional em Campeonatos do Mundo de Corta Mato em Aix-Les Bains Franca, Belfast Irlanda, Bruxelas Bélgica, Fukuoka Japão. Participou ainda no Campeonato Mundo de Meia Maratona em Zurique. Este domingo ficou no primeiro lugar do seu escalão M40. Delfim aceitou responder a algumas perguntas ao “O Praticante”.

O que achaste da prova?

Uma excelente organização, uma corrida pensada por um amigo, Pedro Maravilhas, a quem dou os parabéns pela iniciativa. A corrida anunciava 10KM, mas no final percorreu-se 10.800km segundo os vários GPS que hoje em dia estão, digamos, muito usuais! Nos corredores com experiencia, isso não apresenta um grande problema, visto que já e habitual existirem erros de quilometragem, seja para mais, e o inverso também acontece. Nos corredores mais novos, e sem tanta experiencia, concentram as suas forcas para os 10km, e quando reparam nos seus GPS que essa distancia e ultrapassada, grande parte deles atiram com a toalha ao chão.

Sei que tens um grupo que treinas, o que é que te dá mais prazer participar em provas ou preparar atletas para competir?

Se me dá mais prazer competir ou ser treinador? Ser treinador sem dúvida, adoro ver o trabalho realizado a dar os seus frutos, muito bom ver pessoas que há 3 anos tinham uma vida de sofá, e agora a correr para 33 min aos 10km, ver pessoas que pesavam 100kg a correr para 1:40 na meia maratona! A minha altura de atleta já passou, agora faço pelo prazer que a competição me dá, competitivo uma vez competitivo para sempre!

O que aconselhas a um atleta que queira melhorar os seus tempos? Que tipo de treino deve fazer?

Conselhos… Primeiro, procurem alguém que esteja no mundo da corrida há já algum tempo, segundo, que tenha formação para o efeito. Eu nunca levaria o meu carro a um polícia, o meu filho doente ao advogado e nunca compraria pão numa papelaria, cada macaco no seu galho, mas o que constato e que não faltam “treinadores de running”… e depois ficam estupefactos pelos vários contratempos (lesões) que vão surgindo.
Para se preparar um treino temos de ter em conta vários aspetos, conhecer a fisiologia do atleta, uma preocupação com antecedentes de saúde, conhecer o seu dia-a-dia, o trabalho que tem, como emprega o seu tempo livre e familiar, como se vê, não e tão fácil como parece. É fácil correr, ate porque e um movimentos humano natural, mas temos de pensar na vertente social também.

Na altura em que eras atleta de alta competição correr abaixo dos 30 minutos era comum, tu próprio tens tempos desses, hoje em dia não se vê atletas nacionais com esses tempos como explicas isso?

Na minha geração, e anteriores, corria se essencialmente com muita alma! Tínhamos treinadores que sabiam, conheciam e liam tão bem o atleta. Hoje já não é assim, o novo treinador está mais preocupado com a teoria, já pensa que sabe tudo e que e o dono da razão só porque debitou uns não sei quantos artigos científicos. Na minha opinião, grande culpa de alguma decadência no nosso fundo, essencialmente o masculino, advém desses ditos estudiosos. Acompanho toda a investigação académica que se vai fazendo nestes últimos anos, mas não podemos viver só dessa parte, temos de perceber e aprender com os treinadores que, sem esses novos instrumentos, conseguiam antigamente que se corresse tao rápido, o português deixou de saber correr rápido. Continuamos com excelentes atletas, vamos reparar na vertente feminina que são do topo mundial. Vejamos, A Dulce Felix treina com a Sameiro Araújo, temos a Marisa Barros que e treinada pelo António Ascensão, a Jéssica Augusto que é treinada pelo Nogueira Costa e anteriormente pelo prof. João Campos, a Sara é uma autodidata, digamos assim. Agora comparemos o masculino, pois, não temos atletas com nível europeu sequer. Portanto, e mais uma vez na minha opinião, uma das culpas são os novos treinadores e suas teorias.

Qual a distância que te dá mais prazer correr e porquê?

Aminha distancia preferida? A Meia Maratona! Porquê? Está no meio das distâncias do fundo, Portugal e meias maratonas estiveram sempre ligadas uma a outra!

Texto: Valquíria Silva / Davide Pinheiro

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