41ª Meia Maratona da Nazaré

No passado domingo 15 de novembro, as ondas gigantes de Nazaré, que tanto celebrizaram o surfista Garrett Mc Namara, há uns anos atrás, deixaram lugar à 41ª Meia Maratona Internacional de Nazaré. Após diversas dificuldades sentidas este ano na organização desta prova que assenta essencialmente no voluntariado, eis que neste domingo, Nazaré acordava para mais uma edição da “Meia”. Foi em 1975, que nasceu, na Nazaré, a primeira edição da meia-maratona internacional da Nazaré. Naquela altura foi vista como uma novidade no meio do atletismo, o seu sucesso foi tal, que várias organizações adotaram este modelo de prova, e começaram a aparecer “meias-maratonas” um pouco por todo o país. Não é de estranhar portanto que com o passar dos anos tenha sido apelidada de “mãe das meias-maratonas” e ficado conhecida como a “Meia”.

A “Meia” é uma das provas portuguesas mais emblemáticas e é organizada pela “Meia Maratona Internacional da Nazaré – Associação de Cultura e Desporto”, com apoio de várias instituições públicas locais e regionais, empresas de grande dimensão da região e ainda do comércio tradicional local.

Por volta das 8 horas da manhã, Nazaré preparava-se para mais uma edição da sua “Meia”, organizadores apressavam-se em ultimar a montagem dos pórticos de partida onde algumas horas mais tarde se daria inicio à 41ª edição da prova e atletas iam chegando dos quatro cantos de Portugal. Após se dirigirem para o local do levantamento dos dorsais, um tarefa que é praxe em cada prova, os atletas, agora na posse do kit, iam desfrutando do sol de São Martinho que se fazia sentir e aproveitavam a vista deslumbrante que Nazaré oferece, seja para as praias e a imensidão do mar, seja para a encosta do Sítio da Nazaré e o seu famoso ascensor.

A prova contou com três vertentes, a “41ª Meia”, a 20ª Volta a Nazaré numa extensão de 10 km e a 10ª Caminhada com uma distância de 5 km. Este ano, devido a obras, o trajeto da ”Meia” sofreu algumas alterações na parte inicial da prova. O evento contou com cerca de 1.400 participantes no total.

Com o aproximar da hora da partida, os atletas concentraram-se na marginal, uns aproveitando os últimos minutos para um derradeiro aquecimento, outros iam tirando as últimas selfies antes da prova e outros punham a conversa em dia com os amigos de longa data.

Após uma aula animada de zumba para por o corpo em condições, os atletas agruparam-se junto ao pórtico da partida. O calor também se inscreveu no evento e antes da partida, já dava sinais que seria um sério concorrente tanto na Meia como nos 10 km com o qual os atletas teriam de medir forças. Às 11 horas em ponto foi dado o tiro de partida. Após uma volta comum à Vila de Nazaré, os atletas da 20ª Volta a Nazaré, fizeram o retorno na estrada que liga Nazaré a Famalicão e regressaram para a marginal, enquanto os da Meia continuaram em direcção a Famalicão onde aí fizeram retorno para voltar ao ponto de partida. A organização tinha previsto abastecimentos de 5 em 5 km. Na chegada, cada atleta recebeu um saco com um prato alusivo a 41ª Meia-maratona Internacional da Nazaré, uma broa de mel, uma maçã e a camisola da prova.

Venceu a 41ª Meia, Nuno Carraça, do URC Abrunheira ficou em primeiro lugar com 01:14:14, seguido de Jack Hutchens, do North Devon AC, com o tempo de 01:18:33, e de Eduardo Ramalho, do ACDR Ameirense, com 01:19:14.
No setor feminino, foi Emília Pisoeiro, do Sport Lisboa e Benfica, a vencer a prova com o tempo de 01:23:59, seguida de Mario Magrobang do Triathlon Association of Phillipines, com 01:26:37 e de Patrícia Ferenandes do ARSM – Associação Recreativa de S. Miguel, com o tempo de 01:45:23.

Na 20ª Volta a Nazaré, venceu Rui Almeida, do Núcleo de Atletismo de Cucujães, com 37:51, seguido de Fábio Durão, da Juventude Vidigalense, com o tempo de 38:11, e de Alexandre Araújo, do Profiserv, com 38:29.
No setor feminino, foi Deonilde Costa, do AC Vermoil, a vencer a prova com o tempo de 43:07, seguida de Elsa Andrade, com 44:28 e de Aida Pereira, com o tempo de 52:07.

O Praticante em parceria com a Associação Desportiva de Amarante contou com dois atletas, um na “Meia” e outro na “Volta a Nazaré”. Miguel Barros participou na “Meia” tendo sido classificado em 244º na geral, 47º em M45, com o tempo 1:44:50, e Davide Pinheiro que participou na Volta a Nazaré com a classificação 45º (Escalão Único) com o tempo de 48:55.
A Associação Desportiva de Amarante levou ainda 6 atletas, tendo obtido as seguintes classificações, Carlos Queirós 23º na Geral e 9º em M20 com o tempo de 1:23:35 (record pessoal), Hélder Ferreira, 226º, 61º M40 com 1:49:34, Carlos Macedo, 331º, 32º M55 com 1:50:10, Jaime Pereira, 450º, 24º M60 com 1:58:01, Álvaro Cerqueira, 464º, 60º M50 com 1:58:49, e Jorge Cerqueira, 629º, 68º M55 com 2:13:20.

Jaime1O atleta mais antigo da Associação Desportiva de Amarante (ADA), Jaime Pereira, pratica atletismo há mais de 40 anos e já disputou mais de 200 meias maratonas, este fim-de-semana concluiu a 40ª Meia em Nazaré. O Praticante teve oportunidade de falar com o atleta e sobre este impressionante percurso.

Como se preparou para esta prova?

Tenho corrido sempre com regularidade com o grupo de veteranos da ADA (Associação Desportiva de Amarante), não falhámos aos treinos de terças, quintas e domingos. É um grupo muito coeso, porque quase todos os colegas que estão comigo já o fazem há mais de vinte anos, faça chuva ou faça sol, o grupo treina três vezes por semana, ao final do dia, nas ruas de Amarante. Mas nos últimos dois meses, dediquei-me mais especificamente para esta prova, tendo feito ternos individuais, pois a minha última participação numa meia-maratona foi em maio deste ano em Cortegaça.

Esta foi a 40ª meia-maratona da Nazaré em que participou, tem um sabor especial?

Claro que tem, não é qualquer atleta que tem 40 participações das 41 edições realizadas. Com a minha participação de domingo passado tenho 843,9 km corridos em Nazaré, quem pode dizer o mesmo? Só não participei na primeira porque na altura em 1975, não existiam os meios de comunicação e de divulgação que existem hoje. Foi no âmbito militar, na altura em 1976, estava nos Comandos, que participei na segunda edição. Desde então, não falhei uma. E claro esta sendo para mim a 40ª participação consecutiva era importante estar presente.

Como correu a prova?

Apesar do calor que se fez sentir, a minha prova correu dentro do que eu tinha previsto, agora com 61 anos já não tenho a mesma força que há 40 anos. Importante para mim era terminar a prova sem qualquer mazela.

Podemos contar consigo para a 42ª meia maratona de Nazaré?

Claro que sim. Enquanto as pernas o permitir continuarei a participar nesta prova e reencontrar os meus amigos do atletismo que como eu a cada ano que passa participam nesta prova que é a mais antiga de Portugal.

Texto: Davide Pinheiro
Foto: Atletismo

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