Ana Filipa Silva Cereja no topo do Bolo

Pódio Absoluto feminino
Ana Filipa Nunes da Silva, de seu nome, de 28 anos, conhecida como Filipa Silva venceu pela primeira vez o Campeonato Nacional Absoluto de Orientação, a cereja no topo do bolo.
Ana Filipa Doutoranda em Sistemas Sustentáveis de Energia começou a praticar desporto aos 7 anos – natação, porque
“Tive a imensa sorte de ter cruzado caminho com o Artur Parreira, que criou a Escola de Triatlo em Colares, e que me ensinou tanto sobre o Desporto e a Atividade Física e que, sobretudo, me deixou um enorme gosto por este mundo.”
Ana Filipa entre o Triatlo e a Orientação
Já em 2001, simultaneamente com o Triatlo, Ana Filipa iniciou a prática de Orientação Pedestre através do Desporto Escolar “com a Prof. Avelina Alvarez, e experimentei a Orientação em BTT em 2005.
A Orientação fascinou-me desde o início por aliar o desafio físico ao desafio da leitura de mapa, mais mental, e acabei por abandonar o Triatlo e federar-me em 2006, correndo os calendários de Orientação Pedestre e de Orientação em BTT.”

Ainda em 2006 estreou-se nas competições internacionais, no Campeonato da Europa de Jovens de O-BTT e manteve-se na seleção Portuguesa até 2010.
Devido à exigência da faculdade “deixei a competição em suspenso, continuando apenas a cumprir o calendário nacional e a tentar não passar a uma forma redonda.”
Em 2015, com o regresso das competições internacionais a Portugal, “surgiu novamente a oportunidade de representar Portugal, e sem dúvida que ter voltado a competir num Europeu reanimou o bichinho da competição.”
14 segundos separaram Ana Filipa da vitória
Desde essa altura a atleta regressou ao treino regular e ao nível mais competitivo “tendo gradualmente conseguido prestações mais relevantes no calendário nacional.
Se em 2015 disputei o Absoluto com vontade de vencer e foi óbvia a falta de treino nos anos anteriores – quedei-me pelo 2º lugar – nos anos seguintes, apesar de ter vencido vários Campeonatos Nacionais e as Taças de Portugal, o Absoluto escapou-me, em ambos os anos, por meros 14 segundos.”
Este ano “muito graças à participação da ainda jovem Marisa Costa na Elite, o nível competitivo evoluiu imenso e a época esteve renhida até à última prova.”
Ana Filipa “partiu para o Absoluto com o fim de época a fazer-se sentir, o corpo não tinha reagido bem às últimas provas e num período mais conturbado não estava totalmente confiante na leitura de mapa limpa.
Esforcei-me principalmente para tomar as melhores opções e não fazer asneiras de navegação – o que o corpo deixasse exigir, eu exigi-lo-ia.”
O plano foi cumprido
O plano foi cumprido “e consegui fazer um apuramento limpo no sábado. Sem erros no dia anterior parti para o derradeiro Campeonato Nacional bastante mais confortável.”
A atleta confessou que utilizou a mesma estratégia mas que as condições atmosféricas desfavoráveis acabaram por a desconcentrar “a água no porta-mapas, a lama no terreno, o impermeável extra – uma grande confusão logo para o primeiro ponto, que foi felizmente recuperável.
Depois de respirar fundo o resto da prova foi bastante mais tranquila, e quando cheguei ao Parque de Merendas de Sobreposta, à meta, não tinha ainda chegado qualquer outra atleta.”
Ana Filipa foi a última a partir e a primeira a chegar “cruzei-me com algumas durante a prova, mas cada um escolhe que caminho percorrer, por onde acha melhor, e nada é certo. Descarregar chip, confirmar que controlei todos os pontos… O Campeonato era meu!”
Para a atleta ter conseguido vencer o Campeonato Nacional Absoluto “num ano tão competitivo, numa época em que nunca nada esteve garantido, em que a principal concorrente, a Marisa, teve resultados internacionais brilhantes e uma evolução magnífica, foi-me espetacular!”
A cereja no topo do bolo

Confessou ainda que este “era mesmo o título que me faltava conseguir! E a aliar a esta conquista, garantir ainda a vitória da Taça de Portugal 2018, é a cereja no topo do bolo. Não podia mesmo estar mais feliz.”
Para Ana Filipa a Orientação é “a modalidade do desportivismo, e porque criamos relações tão boas entre atletas, e porque ao subir ao pódio senti sinceramente que há espaço para todas ganharmos mesmo que nem todas vençamos. É um grande orgulho, mesmo.”
Conta que por agora é tempo de recarregar energias “para entretanto retomar o trabalho a fim de manter a evolução dos últimos anos.”
A nível nacional espera manter a competitividade desta época e incentivar uma melhor evolução conjunta “que certamente trará uma melhor consolidação em competições internacionais.”
Venham conhecer uma modalidade única
A atleta faz ainda um convite “fica o convite a todos que gostam de pedalar, só precisam de uma bicicleta, capacete, e aparecer numa prova.
Há sempre porta-mapas para emprestar, há sempre alguém disponível para dar dicas, e não é um bicho de sete-cabeças ver um mapa em vez de ver a roda da frente.
Vão descobrir uma modalidade única, a orientação em BTT com um ambiente fantástico e onde não é sempre o mais forte fisicamente a vencer – é o que consegue pensar ‘sem oxigénio no cérebro.”
[dividir ícone = “círculo” width = “médio”]
Texto: Daniela Rebouta
Fotos: Cedidas pela atleta / Paula Silva