Corrida de Obstáculos chega a Portugal

Rastejar, correr, saltar, escalar e nadar para superar paredes, lagoas, túneis, redes de escalada, rios e poças de lama. Isto é corrida de obstáculos. Depois de um crescimento dramático por todo o Mundo, este fenómeno chega agora a Portugal com uma mão cheia de eventos disponíveis aos interessados em aventura, diversão e verdadeiros desafios físicos.

A corrida de obstáculos é o ultimo grito do desporto da corrida a chegar a Portugal e parece que chegou para ficar, ainda que se encontre uns passos atrás dos Estados Unidos da América e Reino Unido. Organizações internacionais como a Spartan Race e a Tough Mudder atraem centenas de milhares de entusiastas por ano tendo já sido organizado o Campeonato Mundial de corrida de obstáculos.

Nos Estados Unidos da América a corrida de obstáculos atrai já mais participantes do que a maratona e meia-maratona juntas. É sem dúvida uma indústria muito desenvolvida que, graças ao trabalho de algumas organizações, está finalmente a crescer em Portugal.

Portugal tem assistido recentemente a um crescimento de eventos desta natureza na ordem dos dois dígitos percentuais. O sucesso de corridas alternativas como a Colour Run ou a Urban Night Race deixam claro que a comunidade corredora quer mais do que uma mera corrida de 10km.

O que são corridas de obstáculos?

As corridas de obstáculos consistem na corrida de uma dada distância, entre 5 a 21km, superando, ao mesmo tempo, vários desafios físicos e mentais. Estes destinam-se a testar os limites dos participantes, sendo que alguns deles requerem mesmo trabalho de equipa para serem superados. Os obstáculos, que são muitas vezes equiparados com aqueles de natureza militar, incluem paredes altas, túneis, rastejos, barras paralelas e são conhecidos por incluírem água e lama.

Acha que é de doidos? Talvez. Mas é neste cenário que adultos podem libertar a criança que está dentro deles e saltar, correr, escalar, nadar e rastejar sem parecerem disparatados. As corridas de obstáculos servem para se fazerem as coisas que à partida não são reconhecidas como comportamento normal do adulto.

As corridas de obstáculos falam-nos ao coração. É como se voltássemos a ser crianças de novo.

Para que servem?

A ideia da corrida de obstáculos vem geralmente associada ao género militar, transpirado, cheio de lama e musculado, mas a verdade é que estes eventos estão ao alcance de todos, mesmo aqueles menos activos. Desde que se consiga fazer o percurso a caminhar pode-se participar. O dono da Call of the Wild, Dan Gregory, disse “claro que temos atletas de média e alta competição que terminam as nossas corridas com tempos impressionantes, apesar dos obstáculos que têm pela frente. No entanto, grande parte dos nossos participantes tem um nível de fitnsess médio e participa nos nossos eventos pela diversão que esses oferecem além de estabelecerem eles mesmos o seu próprio limite.”

Ninguém é forçado a completar os obstáculos com os quais não se sinta confortável, no entanto, algumas corridas atribuem penalidades por cada obstáculo não completado. Serve de exemplo a Conquer Race, cujos participantes têm que fazer burpees como penitência por não ter completado o obstáculo. Se o participante quiser testar os seus limites físicos ou psíquicos, estas são as corridas adequadas, há um apoio constante por parte do staff e por parte dos outros participantes.

História e desenvolvimento das corridas de obstáculos

A primeira corrida de obstáculos – Tough Guy – teve lugar em 1987 em Inglaterra e ainda hoje esta é uma corrida que atrai cerca de 5000 participantes. Em seguida apareceu a Tough Mudder, cujo dono também britânico e graduado em Harvard, de forma algo controversa usou a ideia da Tough Guy para criar uma marca de renome internacional que hoje em dia organiza eventos para mais de 700.000 participantes por ano em 10 países.

Paralelamente a Spartan Race nasceu nos Estados Unidos da América e também se expandiu rapidamente, estreando-se em Espanha este ano.

Em águas lusas, este fenómeno foi visto pela primeira vez em 2013, em Lisboa com o Comando Challenge, logo seguido pela Conquer Race, a Wild Run (Call of the Wild) e a Army Race, no Porto. Todas se têm mantido durante 2014 e a Call of the Wild está agora no processo de expansão para Aveiro em outubro (este mês) e Lisboa no primeiro trimestre de 2015.

Apesar de todas estas corridas terem um denominador comum, os conceitos de cada uma são distintos:
A Conquer Race tem um lado urbano evidenciado, com corridas que tiveram lugar em locais citadinos centrais (Porto e Maia) e com obstáculos inseridos em percursos de 7 a 10km. Os obstáculos incluíram paredes, escalada de corda, rastejos, saltos sobre fogo e ICE PIT.
A Call of the Wild, tal como o nome sugere, oferece eventos num cenário mais wild, e tira partido dos obstáculos naturais como sejam rios, lagos, pedras grandes, etc. O próximo wild challenge vai ter lugar na base militar de São Jacinto no dia 18 de outubro e vai incluir floresta, dunas, túneis, lama e água.
A primeira Army race aconteceu em Novembro de 2013 e será repetida este ano no mesmo local a 16 de novembro. Esta corrida tira partido de vários obstáculos do exército. É necessário fazer parte de uma equipa para participar e este ano haverá 10 “missions”.

Custo

É justo dizer-se que a organização de uma corrida de obstáculos de qualidade não à coisa barata. Nos EUA, o preço de inscrição ronda os 80 a 120 US dollars. Já no Reino Unido, a Tough Mudder e a Spartan Race estão lado a lado com valores que rondam as cerca de £85 libras esterlinas. Há razões plausíveis para justificar estes valores. Deste ponto de vista as corridas de obstáculos não se assemelham a uma corrida de 10km ou uma corrida de trial, uma maratona ou mesmo um triatlo. Há custos que os participantes não vêem como por exemplo o seguro de responsabilidade civil e o custo de construção de osbáculos de raiz que é por vezes muito elevado.

O Dan Gregory disse-nos “o feedback que temos de corridas passadas é que os participantes querem obstáculos maiores, melhores e mais wild, mas isto tem um preço. Nós fazemos o nosso melhor para manter o preço tão baixo quanto possível e os obstáculos mais famosos serão mantidos. Queremos no entanto manter as nossas corridas frescas e interessantes com obstáculos novos em cada corrida.”

As corridas de obstáculos não são apenas para corredores. São para todos os que tenham sede de aventura e espírito de equipa.

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