Meia Maratona de Marselha 2015

No passado dia 15 de Março 2015 realizou-se a Maratona e a Meia Maratona de Marselha, na província de Provença, emoldurada pelo mar mediterrâneo. Esta 2ª Edição, foi organizada pela Amaury Sport Organisation (A.S.O.), sob a égide da Fédération Française d’Athlétisme (F.F.A.).
Marselha, antes também conhecida como Massália/Massília, é a segunda mais populosa cidade de França e a mais antiga cidade francesa, sendo a terceira região metropolitana mais populosa da França, após Paris e Lyon.
Desta feita três atletas portugueses, em representação da revista desportiva O Praticante, e ainda uma atleta em representação do SCP – Sporting Clube de Portugal, entre muitos outros certamente, rumaram a essa cidade para disputar a meia maratona e reportaram à revista, a experiência dessa participação.
O evento contou com cerca de 7000 participantes, distribuídos por corridas em diversas distâncias como: maratona (1000), meia maratona (3000), nos 10km (3000) e ainda umas centenas de crianças na Haribo marathoon com 1,5 km, esta realizada no dia 14.
Na área envolvente ao Hotel de Ville, junto à marina – Vieux Port – foi instalada a “Ville RunInMarseille”. Excelente organização, pronta para receber os atletas nos 2 dias anteriores ao evento, para a recolha do Kit de participante, (dorsal/chip, t’shirt e pequenas lembranças), que decorreu com bastante celeridade, simpatia e profissionalismo. Referência especial à obrigatoriedade de apresentação de atestado médico comprovativo da aptidão para a prática da corrida.
O local encontrava-se preparado com diversas tendas, num espaço desafogado e de fácil circulação, que contava ainda com uma “selfie zone” e um mural onde se encontrava registado o nome de todos os inscritos, onde muitos localizar o seu nome, entre tantos.
O domingo amanheceu chuvoso e frio, o que terá limitado o número de apoiantes ao longo dos percursos e o desfrute em pleno da maravilhosa paisagem junto à costa do Mediterrâneo, mas que proporcionou uma temperatura adequada à prática da modalidade.
Cada uma das distâncias contou com local e hora próprios de partida. Tal opção resultou numa perfeita harmonia na distribuição, tanto dos atletas como dos apoiantes. Importa ainda referir que desde logo no momento da inscrição o atleta/participante teria que indicar o tempo previsível de realização da prova, a fim de ser posicionado na partida, de acordo com o seu ritmo, permitindo uma melhor fluidez do pelotão no momento da partida.
Encontrava-se disponível uma área de bengaleiros, bem organizado, o que permitiu rápida entrega e também recolha dos pertences dos atletas, sabendo-se também que no final iriam ser disponibilizadas massagens aos atletas, já que no local de acolhimento se encontravam kinesioterapeutas, osteopatias e massagistas.
A Maratona teve início às 8 horas em Les Goudes – na linha de mar – (a cerca de 5km sul da Plage du Prado), seguindo em direcção aos Calanques – (maciços rochosos na linha de costa), Point Rouge et Plage du Prado, esta, ponto comum de passagem das três corridas. Aí, a maratona segue para interior da cidade no sentido da Rond Pont du Prado (estádio Velodróme) percorrendo a Avenue Prado, para o Parc Borely, e aí já havia decorrido 15km. Retorno à Plage du Prado para daí prosseguir pela marginal, passando pela Corniche, Catalans e Vieux-Port ao km 23. Nova passagem pelo Parc Borely ao km 30, regresso à marginal na Plage du Plado, terminando os 42km em Vieux Port.
A Meia Maratona partiu às 8.15 em Vieux-Port – Quai de la Joliette, junto ao cais marítimo, em direcção à Castellane, Avenue Prado, fazendo uma incursão ziguezagueada pelo Parc Borely, o que permitiu apreciar a beleza da vegetação e o castelo. A corrida seguiu para a marginal, onde os atletas se cumprimentam, já que o percurso assim o permite, dirigindo-se assim, à Plage du Prado, Corniche, Catalalans até à meta em situada em Vieux Port. De salientar a beleza dessa linha de mar percorrida por todos os atletas das três distâncias em competição.
Pelas 11h deu-se a partida da corrida de 10km, na Avenue du Prado, junto ao estádio Velodrome, em direção à Plage du Prado, percorrendo toda a marginal até ao Vieux Port.
Ao longo de todo o percurso, verificou-se a existência de abastecimentos compostos de água, doces, fruta, gel. Três locais para a meia maratona, oito para a maratona, um para os 10 km e um no final para todos os que concluem a prova.
A animação musical, com diversas bandas foi uma constante ao longo do percurso, o que já vem sendo habitual, neste tipo de eventos em diversas cidades, pelo menos da Europa, o que proporciona boa disposição, descontracção e arranca sorrisos por entre os atletas. O apoio da população e amigos, junto aos locais de passagem e na meta verificou-se bastante importante e animador.

A propósito desta questão, Luzia Dias, atleta portuguesa do SCP, que viajou com os atletas de O Praticante, refere: “É uma imensa felicidade, receber o apoio, palavras e frases de incentivo das pessoas por quem nós passamos, sejam os nacionais ou os estrangeiros, gritando “ allez, allez!!”. Inclusive, cruzei-me com outros atletas portugueses, que certamente reconheceram o meu equipamento e começaram a cantar o hino do clube que represento. Uma emoção e tamanha felicidade se apoderou de mim, que me sentia a espalhar magia por todo aquele percurso lindo e maravilhoso. Outra situação deveras marcante foi a união e espírito de grupo que saíram reforçados entre os atletas da comitiva. Verdadeiro sentido de amizade e entreajuda”

Questionados acerca do que mais marcou os atletas, neste evento, a representar O Praticante/ Asas do Milénio, Pedro Santos refere: “Senti uma felicidade imensa, no momento que, por surpresa combinada entre as colegas da comitiva, uma delas me presenteou com uma camisola da selecção nacional. Foi com muito orgulho e emoção que corri em França, com as cores de Portugal.”

Marta Cunha, revela que para si, o mais marcante foi: “Sem dúvida a entreajuda de duas pessoas que não se conheciam e não falavam a mesma língua. Emocionou-me a ajuda que a Marion (que transportava a bandeira das 2 horas) me proporcionou. Aproximei-me dela no intuito de perceber que ritmo estava fazer, pois não levava relógio, nem companhia. Disse-lhe, no meu francês tremido, que se fizesse 2 horas ficaria orgulhosamente feliz e a Marion não me largou mais. Foi-me buscar água aos abastecimentos, carregou com a minha garrafa e o gel numa subida, incentivando-me sempre e aconselhando tecnicamente sobre o que fazer.
Guardo essa senhora, que agora estará algures no mundo e decerto que nunca mais a verei, no meu coração. Marion!”

Isabel Barra, acrescenta que: “entre tantos milhares de atletas, e ao fim de vários kms a correr “sozinha” , no portão de entrada do Parc Borely, enquanto eu entrava, “alguém” saía e gritava o meu nome com força e alegria “Barra!!!!” foi lindo e surpreendente ouvir a voz da Luzia Dias. Deu-me ainda mais força e ânimo. Enquanto eu pensava, onde andariam os restantes, e já na saída do mesmo parque, Pedro Santos gritava: “Barra!!!! Motivação!!!!”, enquanto levantava os braços, feliz e contente. E já só me faltava encontrar a Marta. Eis que, quando entro na marginal, cruzamo-nos e volto a ouvir aquele que já parecia ser um grito de guerra “ Barra!!!!!” e um grande sorriso nos nossos rostos. Estava completo!!! Todos estávamos em prova e bem. Chegámos ao fim, nós, atletas ainda pouco experientes com os nossos recordes e objectivos pessoais superados! A Luzia, a nossa veteraníssima, “voou” e estava junto à meta à nossa espera com agasalhos, já que a chuva continuava a cair copiosamente”.

A aproximação da recta da meta fazia-se circundando a marina, onde os atletas eram recebidos com entusiasmo por parte dos familiares, amigos, fotógrafos e todo o staff empenhado na satisfação dos atletas, presenteando todos os que terminavam a corrida, com uma medalha colocada ao pescoço de cada um e ainda brindes diversos, como óculos de sol para todos e um excelente abastecimento de recuperação.
Cada atleta recebido como se fosse único. Um evento de grande qualidade.

Texto: Isabel Barra
Foto: Pedro Santos

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