Como a correcção de desequilíbrios musculares ajuda a recuperar de lesões e a melhorar a performance desportiva
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Não é de agora o conhecimento sobre a importância de manter um estilo de vida saudável. Fator este que tem contribuído para que cada vez mais portugueses se envolvam em atividades físicas e desportivas.
No entanto, além de todos os benefícios cardiovasculares, metabólicos e estéticos associados ao exercício físico este também pode acarretar riscos para a saúde. Principalmente o desenvolvimento de lesões articulares.
Com o crescimento do número de praticantes de exercício físico em ginásios e de modalidades desportivas outdoors, também o número de lesões cresceu exponencialmente.
A questão que se levanta é: será possível prevenir o aparecimento de uma lesão articular?
Antes de responder a esta pergunta é importante conhecer as principais causas que podem estar na origem de lesões por não-contacto (a vasta maioria das lesões articulares).
O nosso sistema neuromuscular tem a capacidade de detetar instabilidade articular através de recetores espalhados pelos músculos, pele e nas várias estruturas que circundam as articulações. Estes enviam informação sobre a posição espacial e velocidade articular, bem como o comprimento e frequência de mudança do comprimento dos músculos, para serem processadas nas áreas superiores do córtex cerebral. Ao comprometer qualquer uma destas estruturas (ligamentos, cápsula articular, menisco, etc), como por exemplo ao levantar um objeto cujo peso excede a nossa força, compromete assim o envio destas informações ao sistema nervoso, gerando instabilidade na articulação afetada.
Ao detetar instabilidade articular que pode ter sido originada por inibição muscular, sobre-uso articular, trauma, ou exceder a capacidade de tolerância de uma articulação suportar determinada força/carga, o nosso sistema gera tensão muscular como um mecanismo protetor.
Esta tensão provoca desconforto e limitação de movimentos. Neste sentido, quando é restaurada a estabilidade articular, o sistema neuromuscular deixa de produzir esta resposta protetora.
A resposta à questão anterior é sim, é possível não só prevenir como acelerar a recuperação de lesões articulares, através da correção de desequilíbrios musculares que podem estar na base da referida instabilidade articular.
Desta forma, a Terapia de Ativação Muscular (MAT para Muscle Activation Techniques em inglês) desenvolvida nos Estados Unidos por Greg Roskopf, tem como finalidade avaliar e corrigir as debilidades do sistema neuromuscular.
MAT é um processo sistemático que começa com a avaliação isolada do movimento disponível em cada articulação. Quando é identificada uma limitação na amplitude articular, o passo seguinte é avaliar a comunicação entre todos os músculos que movimentam a articulação limitada e as áreas superiores do sistema nervoso central, através de testes de resposta neuropropriocetiva específicos para cada músculo. Desta forma é possível estabelecer um diagnóstico relativo: à capacidade de comunicação dos músculos com o sistema nervoso central, capacidade dos músculos contraírem/encurtarem, capacidade do sistema neuromuscular tolerar forças aplicadas sobre ele e identificar as zonas de instabilidade ou vulnerabilidade articular que já contribuem para a lesão ou podem vir a originar a mesma.
O passo final passa por ativar os músculos inibidos, restaurando a sua comunicação ao sistema nervoso central e a sua capacidade de contrair adequadamente, através de uma terapia manual específica. Uma das vantagens deste método recai na reavaliação do tratamento realizado de forma a garantir a solidez do mesmo.
Pode-se comparar este método a uma ida ao mecânico onde se procede a uma análise de cada peça do sistema para encontrar a causa do problema. Da mesma forma que um desalinhamento na direção de um automóvel é notório no desgaste assimétrico dos pneus, também o desgaste articular pode ocorrer devido a desequilíbrios musculares.
Ao corrigir a causa da disfunção permite-se ao sistema um reequilíbrio mais fácil havendo uma recuperação mais rápida e eliminação da compensação de movimentos e da dor articular.
A melhoria da performance desportiva é, assim, conseguida através de uma melhor comunicação do sistema neuromuscular, maior capacidade de tolerar forças externas e da estabilidade de movimentos em cada articulação que o compõe.
Texto de: Pedro Asseiceira