FPA MATA ATLETISMO POPULAR

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Foto: Gustavo Figueiredo Photography

Este artigo foi elaborado pela nossa equipa de reportagem com excertos da Carta Aberta de Paulo Costa da GlobalSport. Nos últimos meses, muito se falou sobre a polémica medida que a Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) pretende implementar, mas o tema rapidamente caiu no esquecimento para muitos. Agora, a FPA avança com um regulamento que muitos consideram um verdadeiro ataque ao atletismo popular e à saúde dos portugueses, transformando a paixão pelo desporto numa fonte de receita.

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Silêncio cúmplice e golpe de bastidores

Depois de meses de silêncio cúmplice, muitos julgavam que a Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) tinha finalmente recuado na sua ideia absurda.

Mas não: no passado dia 19 de agosto de 2025, em reunião de direção, a medida foi aprovada e vai mesmo avançar.

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Artigo 12.º: a aberração que mata o desporto popular

O famigerado Artigo 12.º do Regulamento de Filiações de Agentes Desportivos não é apenas uma aberração jurídica.

É um golpe baixo contra atletas, organizadores e contra o próprio desporto popular em Portugal.

É a institucionalização da ideia de que o desporto é um luxo, acessível apenas a quem pode pagar mais.

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Taxas que insultam a saúde e a cidadania ativa

Num país onde o sedentarismo cresce a olhos vistos, onde a obesidade infantil é cada vez mais alarmante e onde o Estado devia ser o primeiro a promover estilos de vida ativos, a FPA decide taxar quem corre.

Não para incentivar, não para apoiar – mas para cobrar.

Eis a tabela da vergonha:

  • Provas até 10 km → +2€
  • Provas até 21,1 km → +2,5€
  • Provas até 42,2 km → +3€
  • Provas acima de 42,2 km → +4€

Não se trata de trocos.

Trata-se da mensagem que esta medida carrega: “o desporto popular não é prioridade, é uma fonte de receita”.

Trata-se de empurrar organizadores para o sufoco financeiro e de afastar milhares de atletas ocasionais que, perante esta barreira, escolherão ficar em casa.

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Resistência esmagada, democracia ignorada

Não faltou resistência.

A APOPA (Associação Portuguesa de Organizadores de Provas de Atletismo) denunciou a medida desde o início, votou contra na Assembleia Geral dos Açores e avançou mesmo com uma ação em tribunal.

Mas de nada serviu.

O tribunal calou-se, e a FPA fez valer a sua vontade – um ato arbitrário, autoritário e profundamente despótico.

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Promessas eleitorais vazias: o plano da FPA é taxar todos

Num país a braços com a inflação, com famílias a contar cêntimos para sobreviver, a FPA acrescenta mais um fardo.

E tudo isto depois de discursos eleitorais onde se prometia um “plano financeiro robusto” e “parcerias estratégicas sólidas”. Palavras ocas.

O que ficou foi apenas a solução mais preguiçosa e vergonhosa: taxar o desporto, taxar a saúde, taxar a cidadania ativa.

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Paulo Costa – GlobalSport

O grito de Paulo Costa: vergonha em letras maiúsculas

Vale aqui ecoar a coragem e a frontalidade de Paulo Costa, organizador que se ergueu contra esta aberração, na sua Carta Aberta:

“Mas para lhe dizer, com toda a frontalidade e nobreza de que sou capaz: TENHA VERGONHA”

E vergonha é mesmo a palavra certa.

  • Vergonha por parte de quem governa o atletismo como se fosse uma coutada privada.
  • Vergonha por quem transforma a paixão de milhares num negócio mesquinho.
  • Vergonha por quem mata o atletismo popular à mesa das reuniões.
FPA

O legado sombrio de Domingos Castro e da FPA

E a ironia não podia ser mais cruel: obrigado, Domingos Castro.

Obrigado pela candidatura, obrigado pelo recurso em tribunal, obrigado por abrir caminho para este desfecho.

O vosso legado ficará gravado -o dia em que o atletismo deixou de ser de todos para passar a ser taxado.

Inimigos internos do atletismo português

O atletismo português não precisava de inimigos externos.

A destruição vem de dentro.

E é assinada pela própria Federação que, em vez de promover o desporto, decidiu enterrá-lo sob taxas e regulamentos.

São João
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