DORES MUSCULARES: ESTIMULAR VS ANIQUILAR

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Avaliar a qualidade de uma sessão de exercício físico através do desconforto provocado e da quantidade de dores musculares infligidas ao nosso aluno/cliente não só é errado, como pode até ser contraproducente.
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Fonte: Miguel Costa – Promofitness
Não nos esqueçamos que qualquer pessoa responde de forma diferente aos estímulos
De forma resumida, as DOMS (Delayed-Onset Muscle Soreness), nome técnico dado às dores musculares que se manifestam, normalmente, 48h a 72h pós-exercício, caracterizam-se pela redução da capacidade de realizar força, restrição de movimentos associada a dor, rigidez, inflamação e disfunção articular.
Embora os principais mecanismos que levam ao seu aparecimento ainda não sejam completamente conhecidos, atualmente considera-se que na sua origem estarão dois fatores: o exercício físico excêntrico e a realização de novos exercícios (ainda desconhecidos para o indivíduo).
Além disso, não nos esqueçamos que qualquer pessoa responde de forma diferente aos estímulos, tem a sua própria perceção do que representa uma sessão de exercício, construída com base nas suas crenças, educação e nas próprias experiências anteriores.
Se, por um lado, encontramos pessoas com elevados níveis de tolerância ao esforço e ao desconforto provocado pelo exercício físico, por outro, também encontramos indivíduos com pouca tolerância aos fatores mencionados anteriormente.
Cabe ao técnico de exercício físico, não só manipular de forma adequada todas as variáveis relacionadas com o exercício, como também antever o impacto que a “dose” prescrita poderá ter no seu aluno/cliente, com base em todas as informações que consiga reunir sobre ele.
Estimular e aniquilar são coisas completamente distintas, separadas por uma linha muito ténue e podem ditar o progresso ou o retrocesso de um indivíduo em determinado programa de exercício.
Em último caso, poderá ditar a continuidade ou o abandono da prática de exercício físico e marcar de forma indelével a experiência daqueles que nos procuram.
Sair da zona de conforto é uma coisa. Estar permanentemente desconfortável é outra.
Currículo do autor
MIGUEL COSTA
Licenciatura em Educação Física (Universidade de Coimbra);
Formação de Personal Trainer;
Formação em Cross Training;
Especialização em Perda de Massa Gorda;
Certified Sports Nutrition Specialist;
Professor de Educação Física no Agrupamento de Escolas de Miranda do Corvo.
Provavelmente, o treino de força será o melhor seguro de saúde que podemos fazer.
Bibliografia
Hotfiel T, Freiwald J, Hoppe MW et al. Advances in Delayed-Onset Muscle Soreness (DOMS): Part I: Pathogenesis and Diagnostics. Sportverletz Sportschaden. 2018 Dec;32(4):243-250